Rod Stewart, 75 anos: a voz versátil do rock
Marcelo Moreira
Futebol e rock sempre andaram juntos, mas poucas vezes um se imiscuiu de forma acachapante na área do outro. Todo mundo lembra que os irmãos Noel e Liam Gallagher (ex-Oasis), atualmente brigados, são fãs do Manchester City e fazem questão de ir ao estádio quando podem – mas separdamente. Ou que Gavin Rossdale, do Bush, foi um atacante razoável quando garoto e já atuou no cinema como o capitão da seleção inglesa que perdeu para os Estados Unidos por 1 a 0 na Copa do Mundo de 1950.
Também está no passado o fato de que Elton John foi o proprietário e presidente por anos do Watford, time da Grande Londres que vai e volta da segunda divisão inglesa. Entretanto, nenhum roqueiro viveu mais o futebol do que o cantor Rod Stewart, que chegou aos 75 anos de idade nesta sexta-feira, 10 de janeiro.
O futebol tem tanto espaço na autobiografia do cantor quanto a música e os casos amorosos – três casamentos, três uniões estáveis e oito filhos, e ainda contando…
O livro do cantor rouco foi lançado no Brasil há alguns anos pela GloboLivros e deve ser reeditado aqui e no exterior justamente por conta do cinquentenário da carreira solo e dos 75 anos de idade.
O livro é um achado, pois está recheado de bom humor e autodepreciação. É mais bem escrito do que se poderia imaginar. Stewart não economiza nos relatos constrangedores de muitas situações, expõe muitos de seus erros na vida pessoal – e foram vários -, reconhece-os, mas o faz com tal ternura e respeito pelas pessoas envolvidas que torna sua autobiografia um livro bastante legal de ler.
Jogador frustrado, músico promissor
Roderick David Stewart completou 75 anos é um dos artistas mais ricos da Grã-Bretanha. Ambicionando ser um roqueiro desde os 15 anos, decidiu se dedicar ao projeto seriamente dois anos depois após uma frustrada tentativa de entrar para o time juvenil de futebol do Brentford, na Grande Londres, que quase nunca sai da quarta divisão.
Arranhando a gaita e o violão, passou por alguns grupos obscuros até conhecer o cantor Long John Baldry e dividir com ele os vocais em sua banda. Entre 1964 e 1967 gravou alguns singles que, para sua sorte, fracassaram.
Cantou com alguns artistas e em várias bandas efêmeras até conhecer o guitarrista Jeff Beck em um show de Jimi Hendrix em meados de 1967. Um sabia da existência do outro e assim decidiram montar o Jeff Beck Group.
Beck era o chefe, mas quem montou a banda foi Stewart, chamando os amigos Ron Wood (guitarrista que aceitou tocar baixo) e Mick Waller (baterista com cara de nerd). Foram dois anos intensos, com dois álbuns gravados, turnês estupendas e frequentes rusgas com o temperamental guitarrista.
A proposta para ser um artista solo surgiu em 1968, quando ele ainda estava com Beck. Foram algumas tentativas para produzir as primeiras gravações, até que finalmente o Jeff Beck Group implodiu em 1969.
Foi um pouco difícil, mas naquele ano ele finalizou o primeiro álbum, "The Rod Stewart Album" (na Inglaterra, o álbum se chamou "An Old Raincoat Won't Ever Let You Down"), que só chegaria às lojas em 1970.
Procura-se uma banda
Amicíssimo de Wood, bebiam sem parar enquanto prensavam no que fazer da vida. Rod tinha agora uma carreira solo, mas não tinha banda. O que fazer e por onde começar? O cantor precisava de material autoral para continuar.
De repende, Wood some. O amigo começa a procurar nos bares de Londres e o descobre ensaiando em um porão de um prédio que servia de depósito para os Rolling Stones.
Stewart chega e vê um quarteto ensaiando e bebendo muito. Ronnie Wood "emprestou" sua guitarra para a banda Small Faces, que tinha perdido o guitarrista e vocalista Steve Marriott, que foi para o Humble Pie ao lado de Peter Frampton.
Por algumas semanas Stewart ficou sentado ao lado do teclado de Ian McLagan, bêbado e entendiado, vendo os ensaios indo a lugar nenhum.
Meio de saco cheio daquela indefinição, o baixista Ronnie Lane, um pouco bêbado, fioca irritado com a cara de tédio de Rod e grita: "Acorde, seu tonto, e venha cantar algo para ver se sai alguma coisa."
A contragosto, Stewart, que era fã dos Small Faces, levantou-se e cantou alguma coisa. E depois cantou blues antigos de Muddy Waters.
A noite terminou no pub da vizinhança com Stewart obrigado a aceitar o posto de cantor na nova banda surgida no porão: The Faces, um quinteto que durou até 1975, gravou quatro álbuns em paralelo à carreira solo de Rod Stewart e que chegou a rivalizar em venda de ingressos para shows nos Estados Unidos com Rolling Stones, Led Zeppelin e The Who.
Livre dos companheiros, finalmente assumiu que sozinho tinha mais chances e explodiu como astro nos anos cinco anos seguintes apostando no pop comercial por excelência e enfileirando hits atrás de hits.
O sucesso perdurou até 1985, quando as vendas começaram a cair e ele decidiu enveredar por outros caminhos musicais, epsecialmente clássicos da música norte-americana.
Visitou o jazz, o blues, a soul music, o country e virou atração de shoes em cassinos e navios nos Estados Unidos, ater que veio a reinvenção com a série de quatro CDs "The American Songbook", a partir de 1997. Foi um sucesso estrondoso cantando standards do jazz e do blues, vendendo milhões de CDs e DVDs.]
Stewart é um dos cantores mais influentes da história do rock. Sua voz rouca e marcante e seu jeito peculiar de interpretar, por mais que sempre afirme ser timido por natureza, foram imitados de todos os jeitos e por todo o tipo de artista. Ainda está na ativa, mas reduziu o ritmo. Afinal são muitos filhos e netos pequenos para tomar conta, certamente ao som de "Hot Legs" ou da magnífica "Maggie May".
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