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A marcha da insanidade 'ilumina' o fundo da caverna em que estamos

Combate Rock

31/05/2020 14h02

Marcelo Moreira

Uma procissão à la Ku Klux Klan, a nojenta organização racista que matava negros nos Estados Unidos no século passado. Foi com essa patifaria que fomos brindados na noite de sábado, 30 de maio, em Brasília, perpetrada por lixos humanos que apoiam a excrescência que está na presidência.

Eram poucos, meia dúzia de idiotas, mas que simbolizam de forma aterradora o momento absurdo e asqueroso em que vivemos.

Os sinais de fascismo e autoritarismo violento são explícitos. Ku Klux Klan, diversas referências ao nazismo, incentivo ao assassinato de pobres e pretos nas periferias… Esse é o único legado do governo Jair Bolsonaro.

O presidente já fala abertamente em acirramento dos ânimos com os outros poderes da república, enquanto um dos filhos vomita contra as instituições e bradando a favor de "uma ruptura". Como foi possível que tenhamos retirado essa gente do esgoto e colocado no poder?

O fim da Segunda Guerra Mundial e o rápido processo de desenvolvimento econômico do Ocidente e do Japão nos iludiram a respeito da "sequência natural das coisas".

Democracia, liberdade, respeito, solidariedade e prosperidade deveriam nortear as relações humanas e internacionais a partir de então, e foi assim por algum tempo, até que os ressentimentos de sempre voltassem com tudo. Tais conceitos assustam e apavoram certos donos de poder.

No caso brasileiro, é um claro projeto de resgate do obscurantismo medieval autoritário e assassino, com a destruição total e completa da civilização, do meio ambiente e da vida inteligente. Não é somente a instalação da mediocrização da vida cotidiana: é um rebaixamento completo de expectativas, em apologia a uma pavorosa distopia.

A marcha racista de Brasília escancarou as intenções de um povo assassino e preconceituoso, que propõe a discriminação de todos os tipos, ódio às diferenças e aos adversários e exclusão total de minorias sociais, tudo sob inspiração fascista e religiosa da pior espécie.

As reações nomeio musical, que deveriam ser veementes, variam do silêncio constrangedor ao apoio meio que envergonhado aos lixos que caminharam em Brasília.

Muita gente achou engraçado, desconhecendo completamente o que aquilo significava. Terão bem a noção quando essa gente nojenta começar a pendurar corpos enforcados em postes de energia.

As constantes referências nazistas – copos de leite que significam a pureza da raça branca, saudações fascistas, reprodução de discursos de líderes do nazismo, apologia às armas, depredação de liberdades civis – podem parecer inofensivas e histriônicas, mas não são. Revelam a índole assassina e genocida de gente que não tolera o diferente.

A democracia está em perigo no Brasil? Até certo ponto, sim. Os fascistas que estão no poder estão testando os limites das instituições e vendo ate onde podem chegar.

O fato de apoiarem aberrações comportamentais, políticas e institucionais é um método antigo e eficaz de conturbar ambientes para impor suas visões toscas do mundo. Semeiam dúvidas a respeito da eficiência da democracia representativa e parlamentar e imputam às liberdades humanas os males do mundo, atribuindo-lhes a responsabilidade pelas "fraquezas" e "indisciplinas" que seriam as responsáveis pela decadência social, seja lá o que entendam por isso.

Não dá para tolerar a intolerância, ainda que tenhamos de ser fascistas nos atos para eliminar as ameaças à própria democracia e à liberdade pensamento e expressão. A intolerância tem de ser combatida com uma intolerância ainda maior.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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