Qual será o lugar da música quando vier o 'novo mundo'?
Marcelo Moreira
Um governo ineficaz, ineficiente, incompetente e subserviente aos bancos. Não bastassem as medidas lesivas aos trabalhadores, com a permissão de redução de salários, o lixo administrativo que é a gestão Jair Bolsonaro deliberadamente abandona as micro e pequenas empresas.
Parece que nem mesmo um microempresário chorar em pleno Jornal Nacional é suficiente para que haja alguma pressão para que a ajuda seja agilizada ou que bancos sejam pressionados para facilitar crédito e empréstimos. Os bancos simplesmente ignoram esses empresários sob a omissão criminosa do governo federal.
Pesquisas realizadas por entidades setoriais de microempresas divulgaram que nove em cada dez microempresários que procuraram instituições bancárias privadas e públicas durante a pandemia e depois que o governo aumentou a quantidade de dinheiro no mercado tiveram seus pedidos recusados.
Alegações: não reuniam condições de "adimplência" ou estofo financeiro para "manter vivo" o negócio porque não apresentaram o "faturamento ou movimentação necessária" para atender aos requisitos ou apresentar algum tipoi de "garantia" com liquidez…
Mas é justamente por isso que recorreram ao banco. E como reuniriam as tais "condições" se não há faturamento algum desde março, já que as empresas pararam de funcionar? Por não ter faturamento, tiveram de recorrer ao banco para honrar as contas, que não pararam de chegar mesmo com o vírus por aí.
Nada surpreendente se observarmos o histórico péssimo do comportamento dos bancos no Brasil desde sempre, em qualquer pandemia. Se não são passíveis de punições criminais por esse comportamento, que ao menos sejam condenados moralmente.
E assim 40% de bares e restaurantes do país correm o risco de fechamento definitivo somente em São Paulo, segundo a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes).
Descontando-se a dose básica de terrorismo, a devastação de falências que a pandemia provocará é a face mais visível e imediata das consequências da brutal recessão.
Milhões de trabalhadores formais do setor e os informais não conseguirão emergir do fim da pandemia com trabalho. Desempregados, engrossarão as estatísticas e o caldeirão social fervente que a onda de desemprego monstro causará.
Imediatamente atingidos, em seguida, virá o setor de serviços da área cultural, notadamente os músicos e atores de teatro. Com a falência de bares e restaurantes, assim como companhias artísticas e produtoras de eventos, somem também as oportunidades de trabalho e renda para músicos e atores.
Se bares e restaurantes, com CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) relativamente sólidos, estão sendo ignorados quase que deliberadamente pelos bancos, imaginemos então como seria um músico de uma banda pequena pedindo ajuda a um banco público, que tem o mesmo comportamento inacreditável dos bancos privados.
Se até mesmo os veículos de comunicação que desde sempre foram bonzinhos com os bancos agora os criticam, como a TV Globo, então é porque realmente a política de concessão de crédito é mesmo passível de ataques justos, já que há mais dinheiro disponível no mercado orientado para a ajuda aos micro e pequenos empresários, que estão sendo repudiados de forma acintosa e desrespeitosa.
Há todo o tipo de catastrofismo no mercado a respeito das consequências da recessão provocada pelo vírus. Um é mais horroroso do que o outro.
Serão tempos difíceis, bem difíceis, ara todos, e tenebrosos para o setor de gastronomia e cultura.
Esqueçamos os shows e espetáculos artísticos por muito tempo. No máximo, teremos de nos contentar com o nomadismo de bardos que tocarão em praças em troca de comida ou trocados, como na Idade Média.
Bandas de rock terão se se juntar em cooperativas e coletivos para viabilizar, a preços baixíssimos, açlgum tipo de evento que lhes permita existir e, ao mesmo tempo, a não esfolar o público.
A música gratuita e o desabamento da remuneração em consequência do fim das gravadoras e do mercado fonográfico não foi tão devastador quanto um vírus destruidor, que vai no forçar a modificar totalmente o nosso modo de vida e a nossa maneira de se relacionar com a música e a cultura, e tudo isso a custos ínfimos – a ponto de inviabilizar a própria existência da música e da cultura. Será que vamos gostar desse novo mundo?
Os bancos tentam explicar
O balanço divulgado nesta semana pela Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) considera as operações de crédito realizadas entre 16 de março e 8 de maio deste ano — as oito primeiras semanas de isolamento social no Brasil.
Nesse período, segundo a instituição, foram liberados R$ 378 bilhões em novas concessões de crédito; R$ 114,8 bilhões em renovações de financiamentos; e R$ 47,5 bilhões em renegociações.
"A soma das novas concessões e das renovações com o saldo devedor de todas as repactuações chega a R$ 961 bilhões, distribuídos por segmentos e produtos", afirmou a Febraban em nota reproduzida pelo jornal Correio Braziliense.
As renegociações consideradas nesse balanço envolvem, sobretudo, a suspensão temporária da cobrança das parcelas dos financiamentos. Mais de 8,5 milhões de contratos, que tinham pagamentos em dia antes do coronavírus, foram renegociados dessa forma nas últimas semanas.
"A soma das parcelas suspensas dessas operações repactuadas totaliza R$ 47,5 bilhões. Esses valores trazem alívio financeiro imediato para empresas e consumidores, que passaram a ter uma carência entre 60 a 180 dias para pagar suas prestações", informou a Febraban, contando ainda que a maior parte desse alívio financeiro (R$ 26,4 bilhões) foi negociado com pequenas empresas e pessoas físicas.
As pessoas físicas também levaram a maior parte dos prolongamentos de crédito na pandemia: R$ 49,4 bilhões dos R$ 114 bilhões renovados nesse período, segundo a Federação. O restante foi dividido entre os três segmentos empresariais: R$ 24 bilhões para grandes empresas, R$ 23 bilhões para as MPEs e R$ 17 bilhões para as médias empresas.
As novas contratações de crédito, contudo, têm atendido principalmente ao segmento empresarial, pois apenas R$ 86 bilhões, de R$ 378 bilhões, foram liberados para pessoas físicas.
A Febraban explicou que "houve alta significativa nas concessões para Pessoa Jurídica no segmento livre (PJ) de 81,0%" nesse período. "Isso ocorreu em razão do expressivo aumento na demanda por crédito bancário em geral, por conta da forte incerteza do cenário econômico, da redução das operações no mercado de capitais e do cancelamento de linhas de financiamento externo para o Brasil", explicou a instituição.
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