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Rápido guia da New Wave of British Heavy Metal

Combate Rock

15/05/2020 11h00

Marcelo Moreira

Pontapé inicial do que chamamos de metal moderno, a nova onda do heavy metal britânico (New Wave of British Heavy Metal, na sigla NWOBHM) é considerada por muitos a verdadeira revolução musical e comportamental dos anos 80, já que durou e gerou frutos, ao contrário do punk, que implodiu entre 1979 e 1980.

Aqui vamos dar um rápido panorama das principais bandas e de seus principais álbuns e mais relevantes álbuns:

Iron Maiden – Gigante histórico do metal, ainda é considerado o principal do nome do movimento, pra horror de Bruce Dickinson, o seu vocalista. Com a demo "Soundhouse Tapes", o nome do gruo foi disseminado nas festas de clubes de rock da periferia de Londres e virou sinônimo, em 1979, do rock pesado baseado em grupos "pauleiras" dos anos 70. O vocalista punk Paul Di'Anno dava o tom de agressividade e violência que o gênero musical queria exalar. O álbum de estreia, autointitulado, é um bom exemplo e energia e rebeldia metaleira daqueles tempos.

Saxon – Banda um pouco mais antiga, já apostava em um hard rock mais clássico quando começou definitivamente, em 1977. O álbum de estreia, "Saxon", de 1979, já dava pistas do caminho que o quinteto seguiria, formatando o rock pesado e mais agressivo no ótimo "Wheels of Steel", de 1980, considerado um dos clássicos do grupo.

Def Leppard – Estilisticamente não tem muito a ver com o movimento, mas fazia um rock mais pesado na sua Sheffield natal e mostrou potencial para ganhar as emissoras de rádio emulando, de alguma forma, um hard rock parecido com o que se praticava nos Estados Unidos  na época – é possível ver influências de Aerosmith, Kiss, Cheap Trick e outras bandas. Como surgiu na mesma época da efervescência roqueira mais agressiva do início de 1980, a imprensa jogou Leppard no mesmo balaio. "On Through the Night", daquele ano, já apontava os caminhos um pouco mais acessíveis e menos agressivos em relação à concorrência, o que ficou patente nos álbuns superproduzidos seguintes.

Tygers of Pan Tang – Misturando hard rock e heavy metal mais cru, era ma das bandas queridinhas do underground inglês do começo daquela década mágica de 1980. Um de seus vocalistas, Jess Cox, virou empresário ao criar o selo- gravadora Neat Records, que foi a casa inicial de uma série de bandas importantes do movimento. Também passou pela banda o ás da guitarra John Sykes, que passou também por Whitesnake, Blue Murder e Thin Lizzy nos anos seguintes. Das principais bandas, foi a que mergulhou por inteiro na NWOBHM, gravando três álbuns bons e icônicos entre 1980 e 1981 – "Wild Cat", "Spellbound" e "Crazy Nights".

Diamond Head – Banda idolatrada por Lars Ulrich, baterista do Metallica, sempre teve como um dos pilares o guitarrista Brian Tatler, um talentoso criador de riffs, protagonizando bons duelos com o guitarrista e vocalista Sean Harris. "Lightning to the Nations", o primeiro e cultuado álbum, indicava que a banda seria grande, possivelmente até suplantando o Saxon, mas os mistérios insondáveis do mercado a transformaram em grupo cult, embora sua influência seja expressiva em diversas bandas inglesas e norte-americanas, como o próprio Metallica.

Angel Witch – Considerada uma das mais pesadas e extremas do movimento, tinha seus integrantes como discípulos do Black Sabbath, tanto nos temas como na sonoridade próxima do que seria o doom metal. Chegou a receber o rótulo de banda maldita, mas conseguiu algum destaque na imprensa londrina por conta do instrumental técnico e bem construído, dando suporte aos potentes vocais de Kevin Heybourne. Seu trabalho de estreia, autointitulado, de 1980, teve bom destaque e foi considerado inovador em muitos aspectos. Como o esperado sucesso não veio, a separação ocorreu em 1982, para o retorno dois anos depois com outra formação.

Demon – Outra banda promissora que se mostrou prolífica, com três álbuns em três anos, embora o sucesso não tenha aparecido. O grande destaque é o álbum "Night of the Demon",  que estabelecia as bases de um rock pesado com riffs rápidos e solos velozes e bem construídos. Oscilando entre o hard e o heavy, a guitarra de Les Hunt era o fio condutor de músicas que também encantaram o jovem Lars Ulrich enquanto ele formava o Metallica.

Witchfinder General – Banda que ajudou a formatar  que viria a ser o doom metal, uma das subdivisões do rock extremo. "Death Penalty" é a sua obra-prima, que foi lançada um pouco tarde no movimento, em 1982, mas trazia algo de profano e demoníaco que vinha sendo explorado pelo Venom.

Witchfynde – Faz parte do time de veteranos que ralaram muito a partir de 1974 até que conquistassem algum espaço anos depois, como Saxon e Iron Maiden. O som no início transitava entre o hard rock e o progressivo, com canções intrincadas e longas. Quando a maré virou e o punk perdeu espaço para o novo rock pesado, a banda foi rápida e construiu um single perfeito para o gênero, "Give'Em Hell", que embasou o LP lançado no ano seguinte com o mesmo nome e que deu fôlego para que o grupo tentasse algo mais. Infelizmente, o fôlego acabou rápido.

Tank – A música nem era tão impactante, mas a energia que a banda despejava no palco era contagiante. Também foi dos grupos mais políficos, com três álbuns entre 1982 e 1983 – "Filth Hounds of Hades" (1982), "Power of the Hunter" (1982) e "This Means War" (1983). A figura central sempre foi o baixista e vocalista Algy Ward.

Jaguar – Importante banda de hard'n'heavy que tentava fazer algo mais acessível ao mesmo tempo em que mirava o som do Judas Priest. Com origens nos anos 70, aproveitou a onda e conseguiu bons contatos para shows e surfou na NWOBHM, mas demorou bastante para lançar o primeiro álbum, o ótimo "Power Games", o que limitou as possibilidades de sucesso na época.

Praying Mantis – Mais hard do que heavy, tinha como característica uma preocupação grande com detalhes das composições e letras um pouco mais orientadas para o mercado, digamos assim. Seu trabalho mais interessante do período é a estreia em LP, "Time Tells No Lies", de 1981.

Blitzkrieg – Outra paixão de Lars Ulrich e James Hetfield, é uma das bandas mais cult da NWOBHM – na verdade, muito mais cultuada do que ouvida na época. Como demorou a lançar o primeiro álbum, acabou sintetizando o que havia de melhor em todos os mundos, inclusive influências do thrash metal do Metallica. O primeiro trabalho é de 1985, "A Time to Changes", obrigatório para qualquer estudioso do heavy metal.

Raven – Banda de Newcastle e rival local do Venom, faz parte do time das veteranas, já que foi formada pelos irmãos John e Mark Gallagher em 1974 – faz parte, portanto, de um grupo pré-heavy metal que inclui Judas Priest, Motorhead e o próprio Venom. E por que a incluímos aqui? Porque seu estouro, digamos assim, coincidiu com a chegada do movimento, além do som ser altamente compatível – alto, estridente, veloz e pesado. O trio ganhou bastante notoriedade a ponto de algum tempo depois descolar da NWOBHM e alçar voo próprio e ultrapassar 40 anos de carreira ininterrupta mesclando hard rock e heavy metal. Os seus três primeiros trabalhos são os mais emblemáticos da carreira – "Rock Until You Drop" (1981), "Wiped Out" (1982) e "All for One" (1983)

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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