O rock afundado em um triste tempo de falência sociocultural
Marcelo Moreira
A relativização da democracia é o maior perigo que corremos nestes tempos lamentáveis de pandemia de coronavírus. Se por um lado imbecis questionam a própria democracia pra apoiar um presidente deplorável, por outro ela é erodida por quem não se conforma com as medidas de isolamento social quando acusam governadores e prefeitos de "ditadores" pelas restrições ao funcionamento do comércio.
Essa relativização é perigosa porque bandos de seres desinformados e com caráter deformado decidem fazer uma interpretação bastante peculiar do que seja um regime democrático ou os seus fundamentos mais básicos.
Para muitos desses idiotas, Congresso e STF (Supremo Tribunal Federal), cumprindo seus papéis, impedem um presidente incompetente de governar. Já outros estúpidos acreditam que o "excessivo" poder de governadores, dentro de uma república federativa, colocam a "democracia em perigo" ao "afrontar" a vontade do povo, que "quer trabalhar e ter o direito de ir e vir".
Não é só uma questão de incapacidade de interpretação de texto: é total incompetência de entender o que está em jogo, aliada a uma profunda deformação de caráter.
Uma constatação aterradora é observar que os mesmos imbecis que pedem o fechamento do Congresso e do STF, atentando contra a democracia, alegam defendê-la ao investir contra as decisões de governadores e prefeitos que impuseram o isolamento/confinamento social. De que buraco surgiram tantos estúpidos e lixos humanos?
O microcosmo do rock, de forma lamentável, é um exemplo do "dilema" vivido por parte da população desinformada e com caráter deformado.
Em números maiores do que esperávamos, músicos e fãs de nosso estilo preferidos expõem a completa indigência intelectual ao confundir tudo e demonstrar nenhuma capacidade de entender conceitos básicos de qualquer coisa.
Não são poucos que recriminam e atacam a democracia para apoiar o presidente deplorável a mesma democracia que sempre os permitiu cantar o que quiserem e vomitar o lixo que quiserem sem ser incomodados.
Como é possível que artista, seja qual for a tendência política, bradar e lutar contra a liberdade de expressão e apoiar gente lamentável que incentiva e estimula a implantação de vários tipos de censura?
O que dizer de um estúpido que adora fazer e tocar cover de músicas politizadas e bandas engajadas vomitar nas redes sociais que artistas devem deixar a política de lado e fazer apenas música?
Como respeitar esse mesmo dejeto humano quando prega o uso de força policial repressiva contra quem protesta/reclama das medidas e comportamentos nocivos de um governo/presidente nefasto?
Os tempos são por demais difíceis para termos que perder tempo em neutralizar manifestações nojentas contra a democracia e contra as medidas necessárias de combate ao vírus.
Diante da polarização política e das investidas oportunistas de um presidente nojento contra as instituições, uma das tarefas mais urgentes da sociedade que pensa e que pretende deixar as coisas ordenadas é evitar que a pandemia se torno uma arma política destinada a chancelar atitudes e medidas autoritárias.
Ao mesmo tempo, é necessário coibir comportamentos irresponsáveis, como qualquer tipo de flexibilização do isolamento social antes do tempo e incentivo à desobediência civil, como faz o tempo todo o lamentável presidente.
Reiteramos o que estamos dizendo há algum tempo: é triste e desolador perceber que existe, no meio do rock, gente burra e com deformação de caráter defender a censura e todo tipo de medida autoritária, coisas que fatalmente serão revertidas contras elas mesmas, caso sejam implantadas.
Roqueiro bradar contra a democracia e a liberdade de expressão é o sintoma máximo de falência sociocultural de nosso tempo.
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