A independência de Eric Clapton completa 55 anos
Marcelo Moreira

Yardbirds em 1964, da esq. para a dir.: Keith Relf, Eric Clapton, Jim McCarty, Chris Dreja e Paul Samwell-Smith (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Continuando a série de resgates históricos sobre a carreira de Eric Clapton, que completou 75 anos de idade em março, chegamos aos Yardbirds, a banda que quase foi a terceira mais importante da Inglaterra na primeira metade dos anos 60 e que foi o berço dos gênios da guitarra – além de Clapton, passaram por lá Jeff Beck e Jimmy Page.
O ano de 1965 pode ser considerado o ano da "independência" de Eric Clapton. No começo daquele ano, o guitarrista ainda não era o "deus" pichado nas paredes, mas decidiu que queria tomar conta da própria carreira sem (muita) interferência de empresários.
O resultado foi a sua saída dos Yardbirds, a banda cultuada no circuito de blues londrino e que substituíra os Rolling Stones no ascendente clube Crawdaddy.
Para todos os efeitos, o já genial Clapton tinha "ganho na loteria", digamos assim, quando foi recomendado aos integrantes dos Yardbirds, cujo prestígio crescia rapidamente.
Conferida uma apresentação do jovem guitarrista no circuito de blues e jazz, os músicos não pensaram duas vezes: demitiram o esforçado Anthony "Top" Topham, que também tinha 18 anos, embarcaram para uma série de shows na região metropolitana da capital com o novo guitarrista.
Clapton se adaptou logo ao estilo blues elétrico com mais velocidade. Entendeu-se bem com o limitado guitarrista base Chris Dreja (que depois se tornaria um renomado fotógrafo em Londres) e passou a desfilar riffs e solos matadores.
Enquanto os Stones já seguiam os passos dos Beatles rumo ao sucesso no mundo pop, os Yardbirds encorpavam o repertório e ganhavam estofo nos clubes de jazz e blues dos arredores de Londres, ao mesmo tempo que o prestígio aumentava ao acompanhar astros norte-americanos em turnê pela Grã-Bretanha.
Ficaram famosos os shows que fizeram ao lado do bluesman Sonny Boy Williamson II em 1964, por mais que este estivesse sempre de mau humor e considerasse aqueles branquelos em êxtase "muito ruins".
O primeiro LP foi lançado ainda em 1964, uma gravação ao vivo com standards do blues com uma veia roqueira. Ali Clapton já disputava as atenções com o vocalista e gaitista Keith Relf e já começava a ganhar a fama como deus da guitarra".

Foto rara da formação dos Yardbirds com os dois magos da guitarra: em cima, Jimmy Page (esq,) e Jeff Beck; embaixo, Keith Relf (esq., vocalista), Jim McCarthy (bateria) e Chris Dreja (baixo) (FOTO: DIVULGAÇÃO)
E justamente quando as pichações "Clapton Is God" começaram a aparecer nas paredes dos bairros ingleses no entrono do centro londrino que o guitarrista surpreendeu a todos com o anúncio de sua saída.
Purista do blues e de sua arte, detestou ter de gravar o single "For Your Love", uma canção do compositor Graham Goldman e que em pouco tempo seria o passaporte da banda para o sucesso no mundo pop.
Na verdade, era o fim de um tempo de desgaste a respeito de tornar ou não o som mais acessível para vender mais e ganhar algum dinheiro, coisa que a banda inteira defendia ao lado do empresário Giorgio Gomelsky.
"For Your Love" é uma típica canção daquele período, curta direta e incisiva, rasa e simplesinha, mas com um refrão ganchudo e bem construído. Era tudo o que Clapton odiava. Ele tocou, mas seria a sua última contribuição para a banda e saiu no começo do ano de 1965.
Seu destino, meses depois de indefinição, foi a banda do pioneiro do blues John Mayall, onde gravaria um álbum espetacular. Também não ficaria muito tempo por ali, já que queria algo mais pesado e mais roqueiro, o que conseguiu a formar o Cream no final de 1966 com Ginger Baker (bateria) e Jack Bruce (baixo e vocais), que tinham tocadp na Graham Bond Organisation.
Quando aos Yardbirds, mantiveram a ascensão com a chegada do guitarrista Jeff Beck, uma indicação de Jimmy Page, renomado músico de estúdio e não quis assumir o posto para não se indispor com o amigo Clapton.
Um ano depois, em meados de 1966, Page finalmente cede e decide aceitar tocar baixo no lugar de Paul Samwell-Smith, que sai brigado e vira produtor musical.
Não demora muito para que Page convença Chris Dreja a trocar de instrumento e encara uma fenomenal dupla de guitarras com Beck, amigo seu de longa data. Só que o amigo estava cansado das limitações impostas pela música pop dos Yardbirds e meses depois decide abandonar o barco e criar o seu Jeff Beck Group com Rod Stewart nos vocais.
Após mais um baque, os persistentes Yardbirds seguem como um quarteto e aguentam até março de 1968, quando todo mundo debanda ainda em viagem nos Estados Unidos, sobrando apenas Jimmy Page e o empresário Peter Grant.
Foram necessários mais alguns meses para que os dois pensassem no que fazer e recrutar novos músicos e cumprir datas ainda em aberto para que finalmente um novo projeto fosse colocado em prática, uma banda chamada Led Zeppelin…
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