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Moraes Moreira era um pedaço expressivo de alegria e inteligência da MPB

Combate Rock

13/04/2020 14h30

Marcelo Moreira

Moraes Moreira (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Houve um tempo, em meio aos sombrios anos 70 das rugidos da ditadura militar, em que muitos brasileiros gostariam de viver como os Novos Baianos diziam que viviam, em um sítio cercado de floresta e sob os desígnios da Mãe Natureza. As capas de discos, as fotos e as declarações dos músicos emanavam certa paz de espírito e bons fluidos.

A música de Moraes Moreira e seus companheiros de banda era alegre, eram bem feita e tinha um astral bem positivo, algo que fugia um pouco do que virou o estereótipo da MPB que começava a ganhar esse nome com propriedade.

Alguns queriam de qualquer forma encaixar os Novos Baianos em algo que fosse uma espécie de rock rural, ou MPB-rock, ou coisa parecida. Para que se dar a esse trabalho?

Na carreira solo Moraes Moreira mostrou que a alegria de sua música popular encharcada de baianidade e nordestinidade não precisava de rótulos empilhados. Era suave e divertida e boa.

A morte de Moraes de Moreira em plena onda de confinamento na pandemia de covid 19 é mais um duro golpe quando a nossa sociedade luta contra um inimigo implacável.

É mais um símbolo cultural imponente que nos deixa em momento ruim e incerto. Sua música amenizava e aliviava. Lembrava-nos de um mundo mais simples e menos perigoso. Transportava-nos para dimensões onde conseguíamos vislumbrar algum tipo de perspectiva. Ouvi-lo e vê-lo nos trios elétricos de Salvador era um passaporte para um clima mais leve e extremamente positivo.

Novos Baianos não era rock, assim como Moraes Moreira tinha pouco a ver com rock. Mas e daí? O espírito festeiro e esperança contínua contagiava bastante e muito mais do que coronavírus. Criativo, eloquente e instigante, movia multidões, céu e terra em prol de um mundo mais feliz e mais progressista.

Ele foi muita coisa, como bem escreveu o colega Luiz Cesar Pimentel para o UOL, e pode ter sido até mesmo o mais criativo artista da música brasileira – eu não chegaria a tanto -, mas é inegável que ele era um símbolo da cultura brasileira, do que de melhor esta terra era capaz e produzir.

Não percamos muito tempo para definir o que era a música de Moares Moreira. Ele mesmo se definia como um artista em transe, em mutação e em aceleração. Fazia parte, de forma expressiva, da inteligência e da alegria da música brasileira.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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