Eric Clapton, 75 anos de magia e genialidade na guitarra
Marcelo Moreira
Há muitas qualidades em Eric Clapton que merecem ser admiradas além de sua habilidade como guitarrista. Algumas delas são a coragem, a honestidade e a coerência com que toca sua carreira há 56 anos.
Desde a sua intempestiva saída dos Yardbirds em 1965 (nem tão intempestiva assim), em protesto contra o "comercialismo" da música da banda, até a forma como tratou os músicos de apoio ao longo dos anos, sempre os trocando, mas com respeito e sem traumas, o músico inglês sempre primou por sua integridade como pessoa e como profissional – e sua autobiografia comprova isso.
Há sete anos Clapton disse que estava no fim de sua carreira, ao menos nos palcos. "Não quero tocar por aí, em extensas turnês, com 70 anos de idade", afirmou em entrevista à revista norte-americana Guitar Player. Entretanto, desde então lançou dois álbuns e encarou três turnês mundiais.
O mestre da guitarra completa 75 anos no dia 30 de março. E está convicto de que tem de desacelerar e preparar a retirada. Ao contrário de Mick Jagger e Keith Richards, que fazem 77 anos em 2020, e de Paul McCartney, que fará 78 em maio, o guitarrista sente o peso da idade e constata que não tem mais preparo físico – e coluna – para encarar duas horas de palco, com suas amadas guitarras penduradas no pescoço e nos ombros.
Um de seus grandes legados – e são – muitos -, é o indispensável Crossroads Festival, evento beneficente realizado a cada três anos nos Estados Unidos reunindo a nata dos guitarristas do mundo. Tocam velhos amigos, ases do instrumento, estrelas do blues e prodígios do instrumento.
Em conversas com Keith Richards, durante a edição de 2013, Clapton garantiu que o festival continuaria, sempre com a sua presença.
Ainda em 2013, durante a turnê do álbum "Old Sock', teve de cancelar duas apresentações por conta de fortes dores nas costas. "Subir no palco não é o problema, nunca foi. Se eu pudesse fazer isso em minha vizinhança sempre, seria ótimo. O que me aflige são as viagens. Há caras no Texas que tocam em seu próprio circuito e isso os mantêm vivos. Eu não vou parar de tocar aos 70, quero me apresentar de vez em quando, mas eu vou parar de fazer turnês". afirmou à Guitar Player.
O fato que a geração que nasceu entre 1965 e 1975 e que se acostumou a ouvir o melhor rock já produzido, não está acostumada com as perdas. Os amantes do blues e do jazz estão mais escolados, já que há pouquíssimos heróis vivos.
Por mais que vez ou outra um Dio morra, ou Gary Moore, ou Trevor Bolder (Uriah Heep), um Rick Wright (Pink Floyd) ou mesmo um Jon Lord (Deep Purple), o pessoal da linha de frente ainda não teve uma grande baixa recente – exceto por Freddie Mercury, em 1991, e George Harrison, em 2001.
Quando um gigante como Clapton anuncia que vai se aposentar dos palcos – e ele é coerente e vai cumprir -, é sinal de que a música fica mais pobre e com menos referências.
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