Facada Fest RJ é o início da resistência ao autoritarismo
Marcelo Moreira
Diante da perseguição, que tal um pouquinho de provocação? Nem bem o meio musical absorveu totalmente a notícia de que o nefasto ministro da Justiça, Sergio Moro, autorizou a Polícia Federal a investigar e a convocar músicos e organizadores do Facada Fest Belém (PA) para depor, a solidariedade punk mostra as garras e projeta uma versão carioca do festival.
"Em solidariedade aos amigos do Facada Fest, contra a censura, contra o fascismo, os fascistas e todo tipo de intolerância! Facada Fest RJ, em que as As bandas do RJ se unem para reagir e compartir solidariedade!!", berra em letras garrafais a convocação para o evento no Rio, no dia 14 de março, beneficente, com mantimentos e doações de roupas para os desabrigados da chuva na cidade. O ingresso é um quilo de alimento ou roupas e fraldas.
Nada mais necessário e urgente do que disseminar milhares de eventos com esse nome em solidariedade e em protesto contra a perseguição a artistas de todos os calibres e atividades artísticas.
Para quem não se recorda: a Polícia Militar do Pará tentou impedir a realização do Facada Fest nma cidade, tradicional festival punk/hardcore que surgiu em 2017 e se alastrou para várias cidades do país, como Marabá (PA), Curitiba (PR), Araçatuba (SP), Campinas (SP) e outros locais.
O motivo alegado era de que o local do festival não tinha alvará para receber aquele tipo de evento – foi mera "coincidência" o fato de os policiais terem chegado para acabar com a festa minutos antes de o evento começar…
Nos dias anteriores, deputados estaduais bolsonaristas do Pará e um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro se irritaram com um cartaz que satirizava o presidente e protestaram de várias formas. Chegaram mesmo a pedir judicialmente o cancelamento do Facada Fest, mas não foram atendidos. A chefa dos policiais foi encarada como uma retaliação dos políticos ultraconservadores contra o festival.
Eis que quase um ano depois o Ministério da Justiça, em despacho assinado por Sergio Moro e corroborado pela Procuradoria Geral da República, ordena que a Polícia Federal investigue o tal "cartaz", com a convocação dos organizadores do Facada Fest para depor, em clara tentativa de intimidar músicos e promotores de shows.
A iniciativa de Moro e de seu ministério foi nacionalmente repudiada nos meios culturais e políticos, conseguindo a façanha de unir o mundo do rock contra a perseguição do governo e seu autoritarismo.
A iniciativa carioca praticamente não deu chance de respiro ao governo e é o primeiro (de muitas, esperamos) ato de solidariedade e de resistência às forças conservadoras que querem solapar a democracia e a liberdade de expressão.
Falta apenas a cidade de São Paulo, assim como Belo Horizonte, organizarem suas versões do Facada Fest para engordar as manifestações contra o fascismo, contra os ataques à democracia e contra o governo Bolsonaro, que desferiu vários ataques ao Congresso Nacional.
É bom lembrar que o Facada Fest RJ ocorrerá em 14 de março, dia em que estão programadas várias manifestações contra o governo e a favo da democracia. No dia seguinte, 15 de março, será a vez do fascismo sair às ruas para apoiar Bolsonaro e o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Até o momento, o Facada Fest RJ tem as seguintes bandas confirmadas: Acid Drop, Pacto Social, Fokismo, Matilha, 77 Idols, Skorno, Involuntarium e Serial Killer.
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