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Flying Colors, District 97 e Riverside revitalizam o prog rock

Combate Rock

14/02/2020 06h37

Marcelo Moreira

O prog metal teve um surto de "renascimento" neste ano de 2019 e acabou puxando, de certa forma, algumas bandas de rock progressivo que têm algumas coisas em comum a vertente mais pesada.

E o principal elo de ligaão é o onipresente baterista morte-americano Mike Portnoy (ex-Dream Theater), um especialista em formar supergrupos reunindo estrelas do prog e do heavy metal.

Destaque do com o novo trabalho do Sons of Apollo, seu mais recente projeto, o baterista também brilha com o Winery Dogs, o Transatlantic, o Flying Colors e a banda solo de Neral Morse (ex-Spocks Beard).

E é com o Flying Colors que Portnoy mostra que seu ecletismo é uma das coisas boas do rock na atualidade. O grupo lançou seu terceiro álbum, "Third Degree", onde o combo de astros faz mais experimentações, buscando elementos novos no jazz e na música erudita.

Ess banda é muito diferente dos outros projetos de Portnoy: aproxima-se muito mais da música pop, embora mantenha as características progressivas e o viortuosismo de seus integrantes. Afinal, além de Portnoy, compõem o Flying Colors o tecladista e guitarrista Neal Morse, o guitarrista Steve Morse (Deep Purple, sme nenhum parentesco com Neal), o baixista Dave LaRue (ex-Dixie Dregs e Planet X) e o vocalista Casey MacPherson, da banda Alpha Rev.

As músicas aqui são orientadas para as melodias mais simples, onde os arranjos deixam de lado os solos e e se moldam aos vocais de MacPherson, que tem uma formação mais country.

Composto e gravado ao longo dos últimos três anos, "Third Degree" é um álbum coeso e esbarra no chamado AOR (álbum orientado para o rock, uma classificação inventada nos anos 70 para distinguir o pop comercial descartável do rock mais mais elaborado e mais pesado). Não é tão impactante quanto os dois primeiros, já que não tem um grande hit.

O primeiro single, "More", é música pop de alta qualidade, suave e que valoriza os timbres de guitarra dos dois Morse, enquanto que o teclado passeia costurando as melodias.

"You Are Not Alone" segue o mesmo padrão, só que as guitarras ganham mais proeminência do que os teclados, assim como na bela "Cadence" e na dramática "The Loss Inside", essa com um brilhante arranjo de piano.

O lado progressivo que aflora de quatro dos cinco integrantes surge em "Last Train Home", que lembra muito uma suíte do Yes, e na arrastada e lenta "Crawl", que encerra o trabalho.

É um CD de muito bom gosto e que revela que o pop não comercial bem feito ainda tem espaço no mercado musical atual.

Os poloneses do Riverside deram um tempo no intrincado e eloquente prog metal que lhe era característico e apostou em 2019 em um EP acústico, "Acoustic Session", em que surpreende pelos belos arranjos das canções e pela sutileza nas interpretações.

"Wasteland" é o destaque, faixa-título o último álbum, com seus nove minutos de harmonias complexas e mudanças de andamento repletos de pianos e violinos. É uma execução de extremo bom gosto, assim como "Vale of Tears" e a delicada e melancólica "River Down Below". Formado por exímios músicos, o Riverside expande seus horizontes e  transita com desenvoltura pelo pop sofisticado.

Outro bom trabalho lançado em 2019 é "Screens", da banda americana District 97. O grupo ainda não se decidiu pelo orck progressivo ou pelo prog metal, mas isso não invalida o conjunto de boas músicas do álbum mais recente.

Há investidas no pop rock, como em "Ghost Girl", e no rock pesado, como na abertura, "Forest Fire", na acelerada "Shapeshifter". O progressivo entra com tudo na excelente "After Orbit Mission" e na estranha "Blueprint".

O grande trunfo dessa banda formada por ótimso instrumentistas é a cantora Leslie Hunt, que ja foi finalista de programa de reality show de voz nos Estados Unidos.

Se havia uma aparente falta de direção na variedade de temas em "Screens", coube a ela dar unidade ao CD, com sua bonita voz, que é maleável e se adapta bem aos temas mais leves e aos mais pesados. É um álbum muito interessante, e só a voz da moça já garante a audição.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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