Um alemão cai no metal no centro de Santo André
Marcelo Moreira
A chuva não intimidou os fanáticos por rock pesado em Santo André (ABC paulista) na última quinta-feira à noite. Lotando o bar A Gruta, foram brindados por um gringo sorridente e feliz da vida, que curtia o Helloween e o Masterplan que explodiam nos altos falantes.
Foram quase três horas de autógrafos em CDs, LPs, pôsteres e papéis diversos, tudo regado a muita cerveja brasileira e do seu próprio rótulo. Roland Grapow, guitarrista alemão que está em turnê pelo Brasil, toca nesta sexta e neste sábado no Sesc Santo André e teve um gostinho de première no bar.
"É revigorante encontrar pessoas que realmente respeitam o meu trabalho e curtem rock. Essa passagem pelo Brasil ficará gravada em minha memória", diz o músico, ex-integrante do Helloween, ícone do heavy metal europeu, e quer atualmente está no hibernado Masterplan.
Com uma banda formada por músicos brasileiros, rodou por alguns Estados e fez a alegria da galera que não pôde ver o Helloween (sem ele) no Rock in Rio 2019.
Na fila dos autógrafos, os veteranos se destacavam. "Vi o Helloween em 1996 no Pacaembu, no Monsters of Rock. Sempre admirei Grapow, que deixou a banda mais pesada", relembra o médico Carlos Ramos, de 53 anos, ao lado dos filhos adolescentes vidrados no músico.
Músicos importantes do rock virem sozinhos e tocarem ao lado de brasileiros é prática comum desde que Chuck Berry frequentava nossos palcos desde os anos 70. No entanto, virou situação constante ultimamente.
A vinda de Grapow é uma iniciativa da empresa TC7, que também viabilizou shows recentes de Blaze Bayley (ex-vocalista do Iron Maiden) no Brasil e que deu grande suporte à permanência de Warrel Dane (ex-vocalista do Sanctuary e do Nevermore) no país anos atrás – ele morreu em São Paulo em dezembro de 2017.
A felicidade de Roland Grapow estava estampada no rosto após a maratona de autógrafos. Mais de 200 pessoas passaram pelo local e se surpreenderam quando o guitarrista saiu da mesa e foi tomar cerveja com os fãs na frente do bar. Foram incontáveis as poses para fotos e os pedidos de histórias de seu tempo de Helloween, banda da qual saiu brigado com os chefes – o guitarrista Michael Weikath e o baixista Markus Grosskopf.
Outra boa surpresa para ele foi saber que a cervejaria The Pub Beer, do ABC, fez uma produção especial com três rótulos especiais para serem vendidos na passagem de Grapow pelo Brasil. "Agora eu tenho uma cerveja para chamar de minha", disse o músico segurando duas das garrafas.
Personalizar rótulos para músicos e bandas é um negócio em alta, segundo um dos proprietários da cervejaria, Evandro de Marco, que também é músico. "É um diferencial para os artistas, que disponibilizam um produto a mais para os fãs além de camisetas, chaveiros e canecas."
A passagem de Roland Grapow pelo bar andreense reforça uma tese que domina o underground roqueiro brasileiro já há algum tempo: para recuperar o espaço que o gênero perdeu nos últimos anos, é necessário derrubar as barreiras que restam entre pista e palco e colocar o artista, seja qual for o status dele, para tomar cerveja com quem ainda consume música.
Permanentemente rodeado por admiradores que estarão nos dois shows do ABC, o guitarrista alemão conversou sobre tudo e se divertiu com as histórias que ouviu sobre como era o mundo do rock no país nos anos 80.
Com paciência infinita, na calçada em frente ao bar, repetiu como foi que criou alguns dos riffs maravilhosos de músicas do Helloween e de como amava tocar no Brasil. "Às vezes eu me pego tentando lembrar de algum momento ruim que eu tenha passado no Brasil, mas não consigo. Toda turnê sempre tem problemas, em qualquer lugar, mas aqui sempre tive sorte. Nunca aconteceu [coisas complicadas]."
Com a presença de Roland Grapow, A Gruta se consolida como a casa do rock que é parada obrigatória de artistas estrangeiros que passam pela região, algo como foi o finado Jazz & Blues nos anos 80 e 90 na mesma Santo André.
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