A execração do rock e a execução do projeto político autoritário
Marcelo Moreira
A fase de teste esta acabando e o ataque final está prestes a se consumar, seja no aparelhamento dos governos federal, estadual e municipal, seja nas ações cada vez mais agressivas das Polícias Militares contra a cultura "subversiva" ou "de periferia".
Os recentes lixos vomitados por idiotas ocupando cargos em instituições do governo federal é uma prova de que os ultraconservadores não vão dar trégua.
O governo de trevas de Jair Bolsonaro está dando um recado claríssimo: podemos fazer o que queremos, diezer o que queremos e atacar quem a gente quiser, mesmo que nos considerem-burros ou incompetentes.
Não nos espantemos se algum idiota dessa turma o Congresso Nacional emplacar um projeto revogando a Lei da Gravidade ou decretando que o Sol gira em torno de nosso planeta.
A emboscada/armadilha/ataque da Polícia Militar paulista foi outro recado sonoro e altíssimo de que a corporação age como quer e sem controle, com apoio explícito do lamentável governador João Doria (PSDB).
Ação criminosa, estapafúrdia e incompetente na comunidade de Paraisópolis é só mais um exemplo do que já ocorre no Rio de Janeiro e em pelo menos mais dez Estados brasileiros: PM sem controle e intimidando a população, em epsecial a mais pobre ou segmentos mais contestadores da sociedade.
E, para quem achava que o rock estava a salvo desse show de horrores, é só prestar a atenção nas porcarias vomitadas por gente que está em cargos na Funarte, Fundação Palmares, Biblioteca Nacional e outras instituições.
Os lixos vão desde a inexistência de racismo no Brasil dito por um negro que chefia uma instituição criada para valorizar a cultura africana e afro-brasileira, à associação de Caetano Veloso ao analfabetismo (vomitado por estúpido que está na Biblioteca Nacional); vai do "rock é coisa do demônio e induz ao aborto" ao "Beatles sempre foram instrumento do comunismo".
É um projeto claro de destruição do conhecimento e depredação da cultura e de reputações, misturado com ideologia fascista e o que de pior existe no campo religioso, as seitas evangélicas fundamentalistas de cunho medieval.
Não surpreende que qualquer crítica ao deplorável governo federal e ao péssimo presidente Jair Bolsonaro gere uma reação quase imediata e truculenta da PM, como ocorreu em São Paulo no último final de semana.
Um simples adesivo "Fora, Bolsonaro" incomodou uma bolsonarista imbecil , que chamou os policiais denunciando a "heresia". Foi prontamente atendida, já que os incompetentes, burros e acéfalos policiais interromperam o show e detiveram por algumas horas o vocalista da banda. Quer maior atentado à Constituição do que isso?
Memso com os ataques constantes, o rock aina está muito atrás no movimento de reação e resistência a essa era de trevas. São poucos os artistas do gênero que se manifestam publicamente – falo de gente que tem público granbde e ainda um pouco de penetração na mídia. O underground segue firme em vários segmentos, como os punks e boa parte dos fãs de heavy metal.
O jogo é bruto e pesado. Dentro do heavy metal nacional, cada vez mais undeground, é surpreendentemente grande o número de estúpidos que apoiam as políticas ultraconservadoras e que, por ironia, se reveertem contra o estilo que dizem gostar.
As redes sociais estão infestadas de imbecis que gostam de Iron Maiden, Metallica e Black Sabbath, mas que odeiam a liberdade de expressão e clama por censura.
Adoram se dizer liberais e a favor do livre pensamento, mas são os primeiros a comemorar iniciativas de criminalizar gêneros musicais, como o funk, o axé e o próprio rock.
São os mesmos vagabundos que "comemoraram" a nove mortes no ataque à comunidade de Paraisópolis e que destlam todo o tipo de preconceito, que vai do racismo à homofobia.
É o trouxe ouve músicas do Queen e do Judas Priest, cujos vocalistas são gays, no volme máximo, mas apoia a violência contra travestis, transexuais e a população LGBT.
O rock está na rabeira da resistência ao fascismo e ao ultraconservadorismo. Não esperemos muita coisa deste segmento no atual cenário. Quem vai deter esse trem desgovernado do obscurantismo?
P.S.: O sempre espirituoso jornalista Ricardo Alexandre, um dos grandes nomes da área cultural brasileira, foi certeiro ao resumir o que está rolando nesta era pavorosa: "As grifes de roupa trocaram o rock pela música eletrônica. As de bebida trocaram o rock pelo rap. As rádios trocaram o rock pelo sertanejo. As televisões trocaram o rock pelo axé. Só o Satanás, que não tem departamento de pesquisa, continua acreditando no rock para comunicar seus valores. Bem, se tem gente que acredita nesse governo de lunáticos, tem diabo pra acreditar em tudo."
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