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A execração do rock e a execução do projeto político autoritário

Combate Rock

05/12/2019 06h45

Marcelo Moreira

A fase de teste esta acabando e o ataque final está prestes a se consumar, seja no aparelhamento dos governos federal, estadual e municipal, seja nas ações cada vez mais agressivas das Polícias Militares contra a cultura "subversiva" ou "de periferia".

Os recentes lixos vomitados por idiotas ocupando cargos em instituições do governo federal é uma prova de que os ultraconservadores não vão dar trégua.

O governo de trevas de Jair Bolsonaro está dando um recado claríssimo: podemos fazer o que queremos, diezer o que queremos e atacar quem a gente quiser, mesmo que nos  considerem-burros ou incompetentes.

Não nos espantemos se algum idiota dessa turma o Congresso Nacional emplacar um projeto revogando a Lei da Gravidade ou decretando que o Sol gira em torno de nosso planeta.

A emboscada/armadilha/ataque da Polícia Militar paulista foi outro recado sonoro e altíssimo de que a corporação age como quer e sem controle, com apoio explícito do lamentável governador João Doria (PSDB).

Os Beatles como a "vanguarda" da dominação comunista global (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Ação criminosa, estapafúrdia e incompetente na comunidade de Paraisópolis é só mais um exemplo do que já ocorre no Rio de Janeiro e em pelo menos mais dez Estados brasileiros: PM sem controle e intimidando a população, em epsecial a mais pobre ou segmentos mais contestadores da sociedade.

E, para quem achava que o rock estava a salvo desse show de horrores, é só prestar a atenção nas porcarias vomitadas por gente que está em cargos na Funarte, Fundação Palmares, Biblioteca Nacional e outras instituições.

Os lixos vão desde a inexistência de racismo no Brasil dito por um negro que chefia uma instituição criada para valorizar a cultura africana e afro-brasileira, à associação de Caetano Veloso ao analfabetismo (vomitado por estúpido que está na Biblioteca Nacional); vai do "rock é coisa do demônio e induz ao aborto" ao "Beatles sempre foram instrumento do comunismo".

É um projeto claro de destruição do conhecimento e depredação da cultura e de reputações, misturado com ideologia fascista e o que de pior existe no campo religioso, as seitas evangélicas fundamentalistas de cunho medieval.

Não surpreende que qualquer crítica ao deplorável governo federal e ao péssimo presidente Jair Bolsonaro gere uma reação quase imediata e truculenta da PM, como ocorreu em São Paulo no último final de semana.

Um simples adesivo "Fora, Bolsonaro" incomodou uma bolsonarista imbecil , que chamou os policiais denunciando a "heresia". Foi prontamente atendida, já que os incompetentes, burros e acéfalos policiais interromperam o show e detiveram por algumas horas o vocalista da banda. Quer maior atentado à Constituição do que isso?

Memso com os ataques constantes, o rock aina está muito atrás no movimento de reação e resistência a essa era de trevas. São poucos os artistas do gênero que se manifestam publicamente – falo de gente que tem público granbde e ainda um pouco de penetração na mídia. O underground segue firme em vários segmentos, como os punks e boa parte dos fãs de heavy metal.

O jogo é bruto e pesado. Dentro do heavy metal nacional, cada vez mais undeground, é surpreendentemente grande o número de estúpidos que apoiam as políticas ultraconservadoras e que, por ironia, se reveertem contra o estilo que dizem gostar.

As redes sociais estão infestadas de imbecis que gostam de Iron Maiden, Metallica e Black Sabbath, mas que odeiam a liberdade de expressão e clama por censura.

Dave Grohl interpretou o demônio em um file da dupla msical Tenacious D (FOTO: REPRODUÇÃO)

Adoram se dizer liberais e a favor do livre pensamento, mas são os primeiros a comemorar iniciativas de criminalizar gêneros musicais, como o funk, o axé e o próprio rock.

São os mesmos vagabundos que "comemoraram" a nove mortes no ataque à comunidade de Paraisópolis e que destlam todo o tipo de preconceito, que vai do racismo à homofobia.

É o trouxe ouve músicas do Queen e do Judas Priest, cujos vocalistas são gays, no volme máximo, mas apoia a violência contra travestis, transexuais e a população LGBT.

O rock está na rabeira da resistência ao fascismo e ao ultraconservadorismo. Não esperemos muita coisa deste segmento no atual cenário. Quem vai deter esse trem desgovernado do obscurantismo?

P.S.: O sempre espirituoso jornalista Ricardo Alexandre, um dos grandes nomes da área cultural brasileira, foi certeiro ao resumir o que está rolando nesta era pavorosa: "As grifes de roupa trocaram o rock pela música eletrônica. As de bebida trocaram o rock pelo rap. As rádios trocaram o rock pelo sertanejo. As televisões trocaram o rock pelo axé. Só o Satanás, que não tem departamento de pesquisa, continua acreditando no rock para comunicar seus valores. Bem, se tem gente que acredita nesse governo de lunáticos, tem diabo pra acreditar em tudo."

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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