EM&T School of Rock aposta no pioneirismo e nasce grande no Brasil
Marcelo Moreira
Não foram poucos os que vieram na TV o show da banda Tenacious D no Rock in Rio apontassem rindo: "Não é o gordinho professor do filme 'Escola de Rock'?" Mal sabia Jack Black, o ator que também é um bom guitarrista e fanático por rock, que o legado que ele e seus"alunos" deixaram, muitos anos depois do filme, foi um interesse ainda maior por uma das maiores escolas de música do mundo, e que foi erguida na zona sul de São Paulo.
Não deu tempo para Black visitar as instalações do EM&T School of Rock, um prédio novo de três andares ainda em reforma e uma casa anexa como estúdio no fim da avenida Indianópolis, no bairro Planalto Paulista. Teria ficado orgulhoso com o que teria visto.
A união de duas marcas poderosas cria um colosso com mais de 2 mil alunos, oque torna a instituição uma das maiores do mundo no ensino musical, com um investimento inicial que gira em torno de R$ 1 milhão.
"As novas instalações foram fundamentais para que o projeto ganhasse forma e impulso, já que tivemos de sair do prédio perto da estação Conceição do metrô, tradicional, por conta do vencimento do contrato de aluguel, de problemas burocráticos variados na tentativa de renovar e a falta de possibilidade de renovação e modernização no prédio por ser muito antigo", diz Fernando Quesada, diretor do EM&T e agora também da nova instituição, em declarações exclusivas ao Combate Rock.
Baixista, guitarrista e eventual vocalista, Quesada tocou nas bandas Shaman e Noturnall e mantém uma parceria com o tecladista e vocalista Junior Carelli no duo A.N.I.E. Carelli também está envolvido com o projeto da união das escolas e tem um elogiado trabalho na área de produção audiovisual – é o dono da Foggy Films.
Por conta das novas atribuições, os dois deram uma desacelerada nas carreiras musicais e mergulharam, empolgados, no mundo "corporativo" da educação musical.
"Quando me associei ao EM&T para impulsionar a educação online de música, não esperava uma expansão tão rápida. A expectativa era de 200 ou 300 alunos em um certo período, mas logo chegamos a 1,5 mil e observamos que o espaço para crescimento é grande", diz Quesada.
A nova encarnação do baixista como executivo da indústria do entretenimento e pedagogia incluiu uma recente visita à China, ao lado de Monica Lima, que é diretora e fundadora da EM&T, onde participou de eventos da área musical, onde conheceu as mais arrojadas e avançadas ferramentas pedagógicas de ensino e administração, além de novidades em equipamentos.
O EM&T (Escola de Música e Tecnologia) era um antigo sonho do guitarrista Wander Taffo (banda Taffo), que imaginava uma instituição parecida com o GIT (Guitar Institute of Technology), da Califórnia, mas voltado para todos os instrumentos, unindo o melhor do ensino de música. Queria ingredientes do GIT, da Berklee School e algo da aclamada Juilliard School of Music, conhecida por sua excelência e rigidez.
O sonho saiu do papel em 1997. Em 22 anos, cerca de 20 mil alunos já passaram pela instituição que é reconhecida por sua metodologia e pelas parcerias com grandes marcas do mercado.
A escola já teve como alunos e professores nomes como Wander Taffo, Rafael Bittencourt (Angra), Edu Ardanuy (Sinistra, ex-Dr. Sin), Eloy Casagrande (Sepultura), Junior Carelli, entre outros – na época a era maior escola do país. Também já recebeu workshops de todos os lugares do mundo como Steve Vai e Jordan Rudess. Taffo morreu aos 54 anos em 2008, mas deixou um legado maravilhoso.
A School of Rock, por sua vez, surgiu na Filadélfia em 1998. Hoje opera em mais de 10 países e está no Brasil desde 2013. Acabou por ser uma das fontes de inspiração para o filme de 2003 dirigido por Richard Liniker e estrelado por Jack Black, Joan Cusack e Miranda Cosgrove.
"Acho que o grande diferencial da EM&T School of Rock é juntar o mehor dos dois mundos: a excelência do ensino que o EM&T oferece, que objetiva fazer com que os músicos aprendam a tocar, e bem, com a dose de teoria necessária, e o ensino na prática, com o instrumento na mão e fazendo os alunos a tocarem rapido e com prazer, que e uma especialidade da School of Rock", afirma Nando Guto, diretor da School of Rock e também da nova estrutura que surge.
Para ele, hoje o aspirante a músico profissional necessita de um pacote completo para encarar o mercado. "Queremos que o músico aprenda bem a tocar, mas que vá além e que construa uma carreira. Serão aulas teóricas e práticas, mas também haverá o ensino de como gravar a música, de como divulgá-la, de como vendê-la, de como elaborar turnês, de como interpretar contratos. Isso envolve noções de administração, um pouco de legislação na área de cultura e, por que não, aulas de história. Queremos agregar o máximo possivel de informação. Todos esses produtos fazem parte do portfólio da School of Rock."
Fernando Quesada também ressalta a importância de se oferecer o melhor dos dois mundos ao aluno, desde as informações práticas dos instrumentos até a metodologia considerada inovadora e a experiência de performance de palco para o aluno em festivais como Rock in Rio, Lollapalooza, Summer Fest e outros muitos eventos.
"A School of Rock proporciona momentos marcantes aos alunos, como as visitas monitoradas a festivais como Lollapalooza e Rock in Rio. Semanas atrás um grupo de estudantes esteve no Rio de Janeiro e acompanhou uma espécie de workshop de Chad Smith, baterista do Red Hot Chili Peppers, que tocou no Rock in Rio. Uma coisa dessas não tem preço", elogia Quesada.
Os diretores rechaçam qualquer possibilidade de conflito entre as filosofias e metodologias das duas instituições. A palavra que ambos usam é "complementaridade".
"Para mim essa é a palavra que define a parceria", diz Quesada. "Em um momento em que a música e a cultura estão em um período delicado, é a hora de oferecer mais informação de qualidade e de ação para ajudar os músicos a enveredar e empreender. Não se ganha mais dinheiro vendendo CDs e a remuneração atual via streaming ou arquivos digitais muitas vezes é insuficiente. Queremos ajudar os músicos a se tornarem artistas profissionais para quem se dispuser a seguir a carreira."
O acordo prevê o início da operação em janeiro de 2020 com a principal unidade no bairro Planalto Paulista. As demais unidades da School of Rock continuam em operação.
"Levar o aluno para o palco e para o estúdio é muito importante. Sempre sentimos que os olhos deles brilham quando passam por essas experiências", acredita Nando Guto.
A parceria é apenas parte de um projeto mais amplo da School of Rock no mundo. Presente em dez países e com mais de 40 mil alunos, a ideia é expandir as atuais 34 que existem no Brasil para 150 em dez anos.
"Antes de mais nada, trabalhamos com educação. Música é arte e cultura, mas também é inovação e educação. Qualquer investimento nessa área gera frutos, mesmo em momento de crise financeira. Fico orgulhoso de participar de um projeto tão grandioso e em um momento importante e crucial do Brasil", afirma Nando Guto.
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