Iron Maiden opta por 'musical' tipo Broadway e faz história no Rio
Marcelo Moreira

Iron Maiden no Rock in Rio, em cenário que incluiu avião de guerra (FOTO: DIEGO PADILHA/RCK IN RIO/ DIVULGAÇÃO)
Para combater uma missa satânica, nada mais do que convocar um exército de hits e muita coreografia. E a missa sucumbiu ao musical épico que o Iron Maiden ofereceu a mais de 100 mil pessoas no Rock in Rio.
O sexteto inglês não economizou nos figurinos e nos cenários e trouxe o show completo da "Legacy of Beast Tour",. que tem por base um game de mesmo nome que usa músicas da banda.
Em show antecipado, a apedido, o Iron entrou com tudo no palco e fez de "Aces High", a mítica canção que louva os heróis ingleses da Batalha da Inglaterra, em 1940, contra os nazistas.
Era o começo de uma viagem por fatos históricos narrados nas canções da banda e que transformaria o concerto em muito mais do que uma ópera-rock. Um espetáculo que certamente cairia muito bem na Broadway.
O vocalista Bruce Dickinson assumiuo protagonismo e foi o condutor de todo o show, mudando de figurino a cada música. Foi o soldado inglês em "Aces High" e "The Trooper", foi o guerreiro escocês em "The Clansman", foi o monge da escuridão em "Sign of the Cross"…
Os efeitos pierotécnicos, um show à parte – teve até um caça Spitfire na primeira música -, funcionaram perfeitamente e proporcionaram um tipo de espetáculo inédito no Rock in Rio.
Em shows anteriores no festival o sexteto também abusou de efeitos cenográficos, mas nada parecidos com o que vimos em 2019. Tudo isso só valorizou a performance de Dickinson, que mostrou-se em total forma aos 61 anos e com muito fôlego.
Não dá para exigir a mesma performance vocal de quando ele entrou no Iron Maiden, 38 anos atrás, mas o que ele apresentou chamou a atenção pela potência e pela qualidade interpretativa, ainda que em alguns tons levemente diferentes. Bruce aguentou firme por mais de 90 minutos cantando e atuando.
Em uma apresentação um pouco engessada e milimetricamente cronometrada e coreografada – eram muitos elementos cênicos na apresentação -, podemos até sentir a falta de um pouco de relaxamento, de feeling, de "erros" e improvisações.
Não foi o caso aqui, já que a perfeição era necessária justamente por conta da exímia coordenação de muita coisa ocorrendo no espetáculo. E os três guitarristas conseguiram um feito, que foi a sincronia extraterrestre com o que ocorria no "musical".
Além disso, enquanto o baixista Steve Harris era a concentração absoluta, preciso como um relógio, os guitarristas estavam genuinamente se divertindo, ora se provocando, ora duelando em solos rápidos e certeiros.
Em um show um pouco mais conciso, o privilégio foi para os hits contidos no jogo de computador, como as já citadas e clássicos como "The Number of the Beast", "Hallowed By Thy Name", "Flight of Icarus", "Iron Maiden", "F"ear of the Dark"…
Entretanto, houve espaço para algumas surpresas, como a extraordinária "Revelations", pouco tocada ns últimos anos, e o resgate de duas duas longas suítes da época do vocalista Blaze Bayley – "Sign of the Cross" e "The Clansman" -, além do libelo pacifista de cunho filosófico "For the Greater Good of Good", do subestimado e ótimo álbum "The Matter os the Life and Death", de 2006.
Em um dia de grandes expectativas, e todas cumpridas, com uma apresentação melhor do que a outra, o Iron Maiden fez um show dos mais extraordinários já executados no Brasil. Foi o mehor do Rock in Rio até agora e, sem medo de errar, um dos cinco melhores já ocorridos em todas as edições do festival.
Sobre os Autores
Sobre o Blog
Contato: contato@combaterock.com.br
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.