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Livro 'Lindo Sonho Delirante' ganha o segundo volume

Combate Rock

28/07/2019 06h44

Marcelo Moreira e Mauricio Gaia

O jornalista, pesquisador e colecionador de discos Bento Araujo é um raro profissional da área da cultura e das artes. Obstinado e perseverante, faz de seu projeto multimídia, o Poeira Zine, um oásis de bom gosto e informação minuciosa, ainda que tais características deem-lhe um ar de nerd.

Araujo se acostumou a escrever para um grupo seleto e exigente de leitores de sua revista antes mensal, considerada por muitos a melhor publicação da área musical do Brasil.

Para ele e seus colaboradores, entre eles o erudito Ricardo Alpendre, vocalista da banda Tomada, não basta apenas dissecar um álbum de rock ou a história de um artista.

É necessário que a obra seja muito importante, ou que concentre tamanha carga de informações pouco divulgadas, ou que tenha um bastidor tão saboroso que justifique uma imersão profunda.

O resultado é frequentemente espantoso, como os densos textos sobre o rock argentino ou sobre bandas húngaras de rock progressivo.

O Poeira Zine como revista nao existe mais, mas seu espírito contagia a mente e o trabalho de Araujo, que volta à carga com o segundo volume de sua grande empreitada: o livro "Lindo Sonho Delirante vol. 2: 100 discos audaciosos do Brasil (1976-1985)".

O primeiro volume, "Lindo Sonho Delirante: 100 discos psicodélicos do Brasil (1968-1975)", foi lançado há dois anos, com direito a uma turnê de lançamento e entrevistas do autor na Europa.

O jornalista Bento Araujo (FOTO: ARQUIVO PESSOAL/FACEBOOK)

O jornalista Bento Araujo (FOTO: ARQUIVO PESSOAL/FACEBOOK)

Muitos irão perguntar: será que realmente existem ou existiram 200 álbuns psicodélicos neste país? Não duvide de Araujo: se ele diz que existem, então existem.

Os dois livros são uma celebração à música psicodélica. Para prepará-los, Bento Araujo passou anos reouvindo, analisando, compilando, contextualizando e resenhando os 200 álbuns e compactos psicodélicos que mudaram para sempre a música feita no Brasil e na América do Sul.

O autor também garimpou histórias, curiosidades e informações inéditas sobre um dos períodos mais incríveis e inspirados, porém ainda absurdamente negligenciados, da música brasileira.

Considerando o disco-manifesto "Tropicalia ou Panis et Circencis" como uma espécie de marco zero da psicodelia nacional, a pesquisa começa em 1968 e termina oito anos depois no primeiro livro, com o lançamento do talvez mais raro e mitológico disco psicodélico brasileiro, "Paêbirú: Caminho da Montanha do Sol", lançado por Lula Côrtes e Zé Ramalho, em 1975.

O segundo volume tem ainda mais raridades e coisas valiosas, como o álbum "Zé Ramalho", do artista nordestino homônimo, obras de Walter Franco, Odair José, Sagrado Coração da Terra, A Cor do Som e mais um monte de coisas bacanas garimpadas e devidamente resenhadas.

A edição é caprichada e bilíngue (português e inglês) e tem uma beçla contextualização sociocultural e política do período retratado. É ma obra fundamental para entender a música brasileira e o rock nacional.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
Contato: contato@combaterock.com.br

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