Livro 'Lindo Sonho Delirante' ganha o segundo volume
Marcelo Moreira e Mauricio Gaia
O jornalista, pesquisador e colecionador de discos Bento Araujo é um raro profissional da área da cultura e das artes. Obstinado e perseverante, faz de seu projeto multimídia, o Poeira Zine, um oásis de bom gosto e informação minuciosa, ainda que tais características deem-lhe um ar de nerd.
Araujo se acostumou a escrever para um grupo seleto e exigente de leitores de sua revista antes mensal, considerada por muitos a melhor publicação da área musical do Brasil.
Para ele e seus colaboradores, entre eles o erudito Ricardo Alpendre, vocalista da banda Tomada, não basta apenas dissecar um álbum de rock ou a história de um artista.
É necessário que a obra seja muito importante, ou que concentre tamanha carga de informações pouco divulgadas, ou que tenha um bastidor tão saboroso que justifique uma imersão profunda.
O resultado é frequentemente espantoso, como os densos textos sobre o rock argentino ou sobre bandas húngaras de rock progressivo.
O Poeira Zine como revista nao existe mais, mas seu espírito contagia a mente e o trabalho de Araujo, que volta à carga com o segundo volume de sua grande empreitada: o livro "Lindo Sonho Delirante vol. 2: 100 discos audaciosos do Brasil (1976-1985)".
O primeiro volume, "Lindo Sonho Delirante: 100 discos psicodélicos do Brasil (1968-1975)", foi lançado há dois anos, com direito a uma turnê de lançamento e entrevistas do autor na Europa.
Muitos irão perguntar: será que realmente existem ou existiram 200 álbuns psicodélicos neste país? Não duvide de Araujo: se ele diz que existem, então existem.
Os dois livros são uma celebração à música psicodélica. Para prepará-los, Bento Araujo passou anos reouvindo, analisando, compilando, contextualizando e resenhando os 200 álbuns e compactos psicodélicos que mudaram para sempre a música feita no Brasil e na América do Sul.
O autor também garimpou histórias, curiosidades e informações inéditas sobre um dos períodos mais incríveis e inspirados, porém ainda absurdamente negligenciados, da música brasileira.
Considerando o disco-manifesto "Tropicalia ou Panis et Circencis" como uma espécie de marco zero da psicodelia nacional, a pesquisa começa em 1968 e termina oito anos depois no primeiro livro, com o lançamento do talvez mais raro e mitológico disco psicodélico brasileiro, "Paêbirú: Caminho da Montanha do Sol", lançado por Lula Côrtes e Zé Ramalho, em 1975.
O segundo volume tem ainda mais raridades e coisas valiosas, como o álbum "Zé Ramalho", do artista nordestino homônimo, obras de Walter Franco, Odair José, Sagrado Coração da Terra, A Cor do Som e mais um monte de coisas bacanas garimpadas e devidamente resenhadas.
A edição é caprichada e bilíngue (português e inglês) e tem uma beçla contextualização sociocultural e política do período retratado. É ma obra fundamental para entender a música brasileira e o rock nacional.
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