Stress e Azul Limão revivem a nostalgia e o estusiasmo do metal nacional
Marcelo Moreira
Belém do Pará? Mas o que é que pode vir de Belém?
Não foram poucas as vezes que alguém no mundo do rock fez essa pergunta nos anos 80, e provavelmente foram milhares as vezes que o baixista e vocalista Roosevelt Bala escutou essa frase infeliz – curiosamente, foi algo parecido que os executivos da Decca inglesa perguntaram, às gargalhadas, sobre uma banda de quatro moleques que vinha de Liverpool em 1962… (o resultado é conhecido: os Beatles foram recusados, foram parar na EMI e se tornaram universais, enquanto a Decca teve de se contentar, meses depois, com os Rolling Stones…)
Enquanto os antenados paulistas e cariocas estavam às voltas com o punk e o pós-punk, coube a uma banda paraense inaugurar o heavy metal em português por estas terras, e então o Stress se tornou lenda lá em 1982, quando lançou o seu primeiro LP, e o primeiro de metal brasileiro.
Nestes 37 anos o Stress nunca parou, mas teve de enfrentar recessos, alguns hiatos e muitos problemas. Foi uma soma de adversidades que resultaram em alguns álbuns interessantes e até emblemáticos.
É o caso de "Devastação", o mais recente trabalho do grupo. É um álbum forte, bem feito e bem produzido, uma referência pra quem quer fazer heavy metal em português com qualidade.
Internauta ativo nas redes sociais e ferrenho crítico das políticias identificadas com a esquerda, Bala surpreende com letras e temas que têm relação direta com a Amazônia, sua preservação e sua devastação – normalmente temas que a esquerda sempre abraçou no mundo inteiro.
Inteligente e bem informado, o baixista e vocalista entrou no tema e mostrou que o domina e que é suprapartidário, já que ecologia e preervação da natureza estão acima de considerações ideológicas e políticas mesquinhas e imediatistas.
Variando entre metal tradicional e power metal, com um peso adicional nas guitarras, o álbum começa com tudo na faixa-título, um duro recado contra os ataques à Amazônia e à redução das áreas verdes no Norte do Brasil.
"Soldados de Fé" e "Motorocker" retomam temas clássicos do metal, como a lealdade ao gênero musical e a paixão sobre duas rodas, mas tudo com um timbre gostoso de guitarra pesada oitentista com toues modernos.
Tudo muito clichê? Sim, e isso é bem legal no caso do Stress, que une sabedoria e nostalgia em boas doses. Há recriações aqui, como "Brasil Heavy Metal", que foi tema do documentário homônimo, e as clássicas "Heavy Metal É a Lei" e "Coração de Metal".
O Stress mostra que não tem de dar satisfações a ninguém e é bom que siga assim, a julgar pelo mais recente álbum. Dá gosto ver uma banda veterana, e no caso a pioneira, fazer um tributo ao pertinente ao metal e à própria história da banda.
Coisa semelhante fez o Azul Limão, outro grupo veteraníssimo com idas e vindas nos últimos 35 anos. "Imortal", o mais recente CD, é também um tributo à história do metal nacional e tambèm à própria banda.
Isso fica evidente com a versão de "Guerreiros do Metal", do Korzus, clássico dos primórdios do heavy paulista. E continua com boas canções, com "O ùltimo Trem", "No Ar Rarefeito", "Quem Vai nos Salvar?" e "Dois a Dois", em misturas castivantes de hard rock e heavy metal.
Alguns oderão notar semelhanças com timbres de guitarra do Metalmorphose, atualmente em recesso. A explicação é que os músicos do Azul Limão receberam, uma forcinha dos camaradas daquela banda, em uma união saudável que proporcionou mais um caso de nostalgia bem-vinda.
Sress e Azul Limão ressurgem para lembrar que o metal nacional tem DNA e mostra extrema qualidade pra empurrar os moleques de hoje que reclamam das adversidades – imagine o que era fazer heavy metal em 1981 e 1982 em Belém do Pará…
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