Top Link 30 anos: às vezes, nem Jesus salva
Nelson de Souza Lima – especial para o Combate Rock
Fotos: Letícia Nunes Lima
Admito que o título acima é de mau gosto. Provavelmente muitos não vão gostar, dizer que fui infeliz, me acusar de heresia, além de levantar a ira de católicos fervorosos.
Mas o trocadilho ficou martelando minha cabeça após o show da última sexta-feira, 3 de maio, no Tropical Butantã, em São Paulo.
O evento que marcou os 30 anos da Top Link Music, uma das maiores produtoras/promotoras de shows dos últimos anos, tinha tudo pra ser marcante. Contudo foi marcado pela escassez de público. A casa da zona oeste tem capacidade para mais de 2,5 mil essoas, no entanto recebeu, no "olhometro", uns 250 presentes – os organizadores falam em 500 presentes, em um evento que não tinha a intenção de lotar, já que se tratava de uma festa de aniversário da empresa.
Além das apresentações de grupos razoáveis da cena roqueira rolou também o lançamento do livro "Rockin All My Dreams", do fundador da Top Link, Paulo Baron no qual conta suas experiências e aventuras à frente da empresa nessas três décadas.
O curioso é que no elenco constava o Massacration, banda de metal comédia, que lotou o mesmo Tropical há cerca de um ano e meio, quando gravaram seu recente DVD.
Na sequência se apresentaram os britânicos do Jesus Jones, a banda Malta e, no encerramento, uma jam com vários músicos, comandados pelos integrantes do Angra.
Acompanhado da fotógrafa Letícia Nunes Lima, cheguei com bastante antecedência pra conferir o clima e dar uma sacada na galera.
A princípio atribuí o pequeno público, até aquele momento, devido o fato de ser cedo e que a casa deveria lotar depois. Porém isso não rolou. A medida que o tempo passava os fãs não chegaram e por volta das 20h52 o Massacration entrou no palco se apresentando para poucas testemunhas.
Tendo à frente Bruno Sutter e seu alter-ego Detonator tentaram aquecer uma plateia que pouco agitou e aplaudiu. Será que o show/comédia dos caras já tá perdendo a graça?
Numa tentativa de tornar o clima mais rocker, o vocalista Bruno Sutter/Detonator desceu do palco e agitou umas rodas bem anêmicas. Pulou a grade da pista vip e veio na minha direção agitando, pulando e cantando. Entrei na roda e acabei levando uma cotovelada no queixo, mas foi engraçado.
No set dos caras as conhecidas, "Evil Papagalli", "The Mummy", "The Bull", "Metal Bucetation", entre outras. Os caras tentaram, porém a casa vazia e um público frio não deram liga. Deixaram o palco sem bis e pouco furor. Mas o pior ainda estava por vir.
Pra provar que nem Jesus Jones salvou a noite, o grupo liderado pelo vocalista Mike Edwards fez uma apresentação raquítica, desprovida de entusiasmo e sem vitamina C.
No repertório canções de toda a carreira dos britânicos que chega também aos 30 anos. A mais conhecida é "Right Here, Right Now", que empolgou um pouco mais os fãs.
A sonoridade do Jesus Jones envereda pelo chamado rock alternativo com interferências eletrônicas, pitadas de house, dance, indie e o que mais vier. No script dos caras frases manjadas do tipo "é bom tocar em São Paulo", "batam palmas" e "amamos o Brasil". Quem nunca, né?
Pra ter uma ideia do quanto foi empolgante a apresentação do Jesus Jones ninguém pediu bis e os caras deixaram o palco também sem se despedir.
Antes da banda Malta ficou aquela muvuca/brodagem com alguns manos da área jornalística com direito a trombar o mestre Marcelo Moreira, deste Combate Rock. No bate-bapo a tentativa de encontrar explicações para o público pequeno. Conclusão? Nenhuma
Pouco a pouco foram chegando os músicos que iam fazer a jam ou simplesmente conferir a festa. Marcello Pompeu (Korzus), Andria Busic (Dr. Sin), Marcelo Barbosa (Angra), Luis Mariutti (Shaaman), Fernando Parras (Doctor Phoebes) e Paulo Anhaia eram alguns dos presentes. Todos ali pra dar um abraço no Paulo Baron e prestar homenagens ao chefão da Top Link.
Já passava das 23h30 quando um vídeo cabuloso começou a rolar no telão dando o climão pra abertura da Malta. Pouco a pouco os caras entraram e fizeram uma apresentação esforçada.
A banda integrada por Thor Moraes (guitarta), Diego Lopes (baixo), Adriano Daga (bateria) e Luana Camarah (vocal) mostrou principalmente músicas do álbum "IV".
Os caras são técnicos, precisos e fizeram o que podiam, até com direito a chamar Paulo Baron pra agitar no palco. Foi esforçado, pelo menos até onde assisti. Não conferi toda a performance dos caras nem fiquei pra jam, pois o clima não tava tão rock and roll. Só posso dizer que poderia ser melhor.
Mas de qualquer forma fica aqui os parabéns pelos 30 anos da Top Link Music. Todas as homenagens merecidas ao Paulo Baron e que ele continue nesta trilha de sucesso. Que a próximas festa comemorativa da Top Link Music seja mais legal.
Sobre os Autores
Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.
Sobre o Blog
O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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