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Massacre de Suzano: é claro que iria sobrar para o rock...

Combate Rock

14/03/2019 12h08

Marcelo Moreira

Não demorou muito para que o festival de bizarrice e de ignorância que assola as redes sociais chegasse ao rock após o massacre na escola Raul Brasil, em Suzano (SP). Foi só a revista Época dissecar o perfil do Facebook de um dos atiradores para que os imbecis outra imersos nos pântanos ressurgissem.

O atirador de 17 anos, chamado Guilherme, era fanático por armas e videogames violentos, além de se interessar por política de extrema-direita (participava de grupos que fazem apologia do nazismo), ser apoiador do presidente Jair Bolsonaro e gostar de rock, em particular da banda canadense Three Days Grace (bem fraquinha, por sinal), que faz algo próximo do metalcore.

Não faltaram acéfalos nas redes sociais para relacionar o fato de o garoto ser um desajustado por ouvir rock, "música degenerada e violenta", como escreveu um em algum fórum por aí.

Um cidadão, com o apelido de deadforever, vomitou uma série de "conceitos" a respeito de como o rock pesado é um indutor de "comportamentos nefastos" e "incitador à violência".

Curiosamente, deadforever é adepto de bolsonaro e prega a liberação total de armas, mas preferiu se concentrar no rock, algo que nem é marginal no caso para se traçar o perfil de um dos assassinos. Também é bastante curioso que ele sequer tenha aludido a questão da liberação de porte e posse de armas.

Também houve ataques estúpidos ao rock dentro de algumas comunidades evangélicas com alguma atividade na internet, segundo informam amigos e leitores. É a mesma ladainha de sempre, associando o gênero musical ao demônio, à degenração, à falta de caráter e outras bobagens, como temos nos acostumado desde os anos 80.

Nestes ambientes de cunho religioso, não foram poucas as menções de apoio ao presidente Bolsonaro – nenhuma crítica á questão da liberação das armas, já que o problema para essa gente é a "influência nefasta do rock"…

Por enquanto são atos isolados. Essas associações do rock pesado com a tragédia de Suzano são tão estapafúrdias que ainda podem ser confinados à ala das bizarrices do nosso dia a dia.

Mas não nos iludamos e nos enganemos: há conexão com a cruzada contra o conhecimento, a cultura e a educação promovida pelo governo obscurantista e medieval de Jair Bolsonaro. Em algum momento a música e o rock serão atacados com mais veemência por conta de suas mensagens e seu caráter libertário e de contestação.

Como foi dito durante a campanha eleitoral de 2018, o estímulo ao ódio e ao preconceito generalizado de origem na extrema-direita abriu os portões do inferno para todo tipo de bestialidade se manifestar em pleno século XXI. E situações como a do massacre de Suzano acaba sendo um terreno fértil para que os lixos humanos emerjam do lodo para nos assombrar.

 

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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