Sesc Pompeia homenageia o disco de estreia do Velvet Underground

Marcelo Moreira

Banda underground se torna a queridinha de críticos e dos "alternativos", mas não consegue atrair mais do que 20 curiosos em seus primeiros shows. Apadrinhada por um dos ícones culturais da cidade, começa a chamar um pouco mais a atenção, mas nunca ultrapassa os limites daquele mesmo underground pastoso. Precisou acabar para se tornar cultuada e incensada como uma das mais influentes do rock. Isso foi possível?

A história do Velvet Underground é repleta de lances esquisitos, a começar pela decisão do grupo de compor músicas que iam na contramão da psicodelia que tomava conta do mundo na época – teimosia de seu líder e principal compositor, o guitarrista e vocalista Lou Reed.

A associação com o artista plástico Andy Warhol ajudou a transformar a imagem da banda, embora o público nos shows ainda fosse escasso. Só que foi o suficiente para que o nome Velvet Underground se espalhasse por toda a região de Nova York.

Seu álbum de estreia, "The Velvet Underground & Nico", de 1967, tinha na capa o título, a assinatura do padrinho musical e produtor executivo da banda Andy Warhol e uma banana – em atitude digna da emergente pop art – que tinha Warhol como um dos seus grandes protagonistas.

É esse álbum, considerado hoje um dos mais emblemáticos trabalhos de estreia de uma bada de rock que será homenageado pelo Sesc Pompeia homenageia as cinco décadas do lançamento do disco na noite do dia 27 de julho.

O grupo Daniel Belleza & os Corações em Fúria sobe ao palco da Comedoria para interpretar as faixas do LP, além de alguns clássicos dos discos seguintes do The Velvet Underground e músicas da carreira solo da cantora Nico.

Para o show, a banda convida a cantora e atriz gaúcha radicada em São Paulo, Cléo de Páris, para interpretar as canções originalmente cantadas por Nico, e Astronauta Pinguim, músico e produtor, para assumir a direção musical do show e o teclado ouvido em várias faixas ao longo do álbum.

Formada em 2000, a banda Daniel Belleza & os Corações em Fúria tem 3 discos lançados, entre eles "Baile Desgraça", de 2013. Com Johnny Monster na guitarra, Jeff Molina na bateria, Joe Klenner no baixo e Daniel Belleza nos vocais, a banda se apresentou em diversos festivais em todo o país, com destaque para o Lollapalooza de 2012.

Daniel Belleza & Os Corações em Fúria (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Música diferente, conceitos diferentes

Com produção musical assinada por Andy Warhol e por Tom Wilson, a banda The Velvet Underground – formada por Lou Reed (guitarra e vocais), John Cale (baixo), Sterling Morrison (guitarra) e Moe Tucker (bateria) – o álbum começou a ser gravado em 1966.

Apesar da associação com o ícone da pop art, as relações da banda com Warhol foram tensas desde o início. O artista sabia nada de música, mas achava que o quarteto cabia bem em suas pretensões artísticas de vanguarda.

Warhol meio que "forçou" a participação da cantora e modelo alemã Nico nos vocais em quase todo o álbum. Irascível e temperamental, por que Lou Reed aceitou tamanha interferência?

"The Velvet Underground & Nico" chegou às lojas em 1967 e teve uma tiragem inicial relativamente pequena. Mas, devido à influência que o disco teve em outras bandas e movimentos musicais, o álbum se tornou o maior sucesso de vendas da banda ao longo dos anos.

Críticos musicais consideram o trabalho um marco artístico, sendo referência em movimentos como o art-rock e o punk-rock, que surgiriam na década seguinte.

Embora tenha sido bem recebido pelo público alternativo de Nova York, o álbum não vendeu muito à época e não foi o suficiente para que o conceito se mantivesse.

Andy Warhol se desinteressou rapidamente pela banda (algo que foi um alívio para Reed e seus companheiros) e partiu para outras formas de intervenções artísticas.

Imediatamente Nico também foi descartada e a banda seguiu os caminhos ditados por Reed e Cale, com canções com estruturas mais complexas e temas pesados ligados a drogas e ao submundo novaiorquino.

O Velvet Undeground nunca estourou, mesmo tenho gravado um bom disco como "White City/White Head". Como pouca coisa acontecia, as tensões internas explodiram, culminando com a saída de Reed em 1971 – logo depois seria a vez de John Cale.

Redescoberta em meados dos anos 70, até por conta do sucesso da carreira solo de Reed, o Velvet Underground tornou-se cult e reverenciado por uma geração que começava a abraçar o punk rock. Mais tarde, foram os alternativos dos anos 80 que elegeram a banda como um dos grupos mais influentes de todos os tempos.

SERVIÇO:

Daniel Belleza e os Corações em Fúria tocam Velvet Underground

Participação de Cléo de Páris e Astronauta Pinguim

Dia 27 de julho de 2018, sábado, às 21h30

Comedoria
*A capacidade do espaço é de 800 pessoas. Assentos limitados: 150. A compra do ingresso não garante a reserva de assentos. Abertura da casa com 90 minutos de antecedência ao início do show.

Ingressos: R$6 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes), R$10 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$20 (inteira).

Venda online a partir de 17 de julho, terça-feira, às 12h.
Venda presencial nas unidades do Sesc SP a partir de 18 de julho, quarta-feira, às 17h30.
Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 18 anos.

Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93.