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'Firepower' honra a tradição de qualidade do Judas Priest

Combate Rock

05/05/2018 06h56

Do site Rock2You

A expectativa pelo novo álbum do Judas Priest cresceu ainda mais com a má notícia da doença de Glenn Tipton, guitarrista fundador da banda, que anunciou seu afastamento devido ao Mal de Parkinson.

Sem Tipton, a banda britânica agora fica sem o seu núcleo criativo, pois o outro axeman, K.K. Downing, já tinha saído para a entrada de Richie Faulkner, que debuta agora em "Firepower", provavelmente, o último trabalho de estúdio dos veteranos do heavy metal.

Se isso realmente se tornar realidade, pelo menos, será uma despedida honrosa. "Firepower" se equipara aos clássicos da vitoriosa carreira do Judas Priest.

A decisão de trazer de volta o produto Tom Allom com certeza influenciou no som desse lançamento, que em grande parte remete aos álbuns dos anos 1980 que ele produziu, a partir de "British Steel".

Mike Exeter, que esteve no último álbum, "Redeemer of Souls" (2014), e Andy Sneap, que está substituindo Tipton na atual turnê, assinam como coprodutores e dão um tempero moderno ao famoso som de máquinas industriais que caracteriza o Judas.

As catorze faixas de "Firepower" formam um conjunto dinâmico que começa com um bloco consistente de composições com características semelhantes contendo riffs agressivos, linhas melodiosas de guitarras, duelos de solos curtos, vocal melodioso e bumbo com pedal duplo no refrão.

A partir de "Never The Heroes", a quarta música, o estilo começa a variar e não se pode antever o que virá na sequência. Essa faixa citada, por exemplo, tem levada cadenciada e Rob Halford canta declamando com vocais dobrados.

"Necromancer" traz um refrão parecido com o clássico "Grinder", ideal para colocar a plateia para levantar os braços em sincronia nos shows.

Bem diferente de "Children of the Sun", que, até no título, mas muito mais pelo riff, soa como uma composição do Black Sabbath, o que não é tanta coincidência, considerando que Andy Sneap foi o produtor de "13", o álbum de despedida da turma de Tony Iommi. Sneap poderá entrar para a história como o produtor dos derradeiros trabalhos de dois dos mais lendários nomes do heavy metal.

O Judas Priest ousa trazer o piano de volta às suas canções, como fizera nos primeiros álbuns, em "Guardians", que funciona como uma introdução a "Rising from Ruins", que é uma balada metal, cujo refrão resgata o clima épico de "Blood Red Skies" e "One Shot at Glory". A faixa que fecha o álbum também é uma balada, daquelas com dedilhado e refrão pesado, intitulada "Sea of Red".

A pegada mais moderna e diferente do Judas Priest dos anos 1980 está em "Flame Thrower", que tem um refrão bem singular e que contrasta com a melodia de outras partes, e também em "Lone Wolf", este ideal para quem gostou do som mais sombrio mostrado em "Nostradamus" (2008).

Outra composição que se afasta do som clássico da banda é "No Surrender", a mais original do álbum, com sua linha vocal dialogada, quase dançante e feita para se cantar gritando. É notável a versatilidade de Rob Halford, ainda com alcance potente aos 66 anos.

Enquanto "Redeemer  of Souls" serviu para provar que o Judas Priest podia retomar o som que o tornou famoso, "Firepower" é, de fato, um ótimo lançamento, diversificado e com muitas boas surpresas.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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