Cólera homenageia Redson com paixão em novo álbum
Marcelo Moreira
O objetivo era celebrar e homenagear o grande líder morto há alguns anos, mas a ideia de se reagrupar deu tão certo que superou as expectativas. E "Acorde! Acorde! Acorde!", do Cólera, deu um sopro de vida ao punk nacional, que anda meio encolhido ultimamente.
Ao lado dos Garotos Podres, que finalmente voltou a ter José Rodrigues "Mao" nos vocais, o Cólera mantém a chama do punk oitentista e com letras de protesto quem casam bem com o momento atual.
A homenagem a Redson, o líder e vocalista morto em 2011, está presente em quase todas as músicas, principalmente naquelas em que a crítica social e o protesto aparecem seguidas de esperança e fé em um futuro melhor.
Apesar do clima saudosista e de soar, em alguns momentos, propositalmente datado, é um agradável de se ouvir. É punk legítimo e sem firulas: combativo, agitado e festeiro.
"Caos" é a faixa que talvez simbolize a fase que a banda vive, com muita energia e guitarras cortantes. É veloz, é pesada mostra um entrosamento elevado da atual formação – Pierre na bateria, Val no baixo, Fabio na guitarra e Wendel nos vocais.
O DNA de Redson pode ser encontrado em quase todo o álbum. Morto em 2011, ele começou a rascunhar as primeiras letras ainda em 2006. Já planejava o conceito do que viria a ser "Acorde! Acorde! Acorde!".
A partir dos rascunhos, letras e algumas gravações ainda com Redson, a atual formação compôs as 13 novas músicas que compõe esse novo trabalho.
"Acorde! Acorde! Acorde!" também conta com a "Ópera Do Caos" — conceito desenvolvido pelo Redson — que agrupa cinco dessas novas faixas na forma de uma miniópera punk.
Por mais que o punk puro exploda nas caixas de som, é possível identificar uma variedade de influências no novo álbum, que também remetem às experiências sonoras que várias bandas experimentaram na época. Tem ska, tem reggae e tem a adição de arranjos de sopros, com uma profusão de trombones, saxofones e trompetes.
Fazia 14 anos que a banda não lançava um álbum com músicas inéditas. Há um ar de urgência nas músicas e nas execuções, há um sopro de "quero bastante e quero mais". O quarteto mostrou gana de fazer música pesada e relevante e transpira sinceridade em cada nota tocada.
Por mais que o climão seja dos anos 80, qualquer comparação com os anos Redson é indevida. Cérebro e alma de um grupo importantíssimo, o ex-vocalista deixou um grande legado para o punk nacional e para o quarteto que decidiu levar o Cólera à frente.
Não se trata de uma banda cover de si mesmo. Pode até ser "outra" banda usando o nome Cólera, mas o faz com tamanha qualidade e paixão que não poderia haver homenagem maior a Redson e ao punk nacional.
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