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Virada Cultura 'incomoda' a população, mas e os blocos de Carnaval?

Combate Rock

06/02/2018 06h32

Marcelo Moreira

Korzus posa com a galera ao final de show em uma das edições da Virada Cultural (FOTO: ALLAN LEE/ DIVULGAÇÃO)

Então quer dizer que a Virada Cultural incomoda e atrapalha o cidadão paulistano, mas a os blocos carnavalescos, que levam 4 milhões de pessoas antes e durante o Carnaval, não atazanam ninguém?

A gestão João Doria (PSDB) é um desastre em todos os aspectos, a ponto de fascistas e direitistas que o apoiaram pularem do barco. No entanto, nada é tão catastrófica na administração de São Paulo do que a política cultural.

A Virada Cultural de São Paulo foi desidratada nesta gestão e confinada em locais fechados e longe do centro da cidade, como o Anhembi e o autódromo de Interlagos – e a prefeitura teve a coragem de dizer que houve menos público por causa da chuva.

Não há comparação da virada com essa farra dos blocos, que destroem a cidade e escancaram um festival de falta de civilidade e de educação, como pudemos ver na superlotação absurda do metrô. Quando isso ocorreu na Virada Cultural, por mais que tivesse problemas de organização, quando da gestão Gilberto Kassab (2006-2012)?

Um dos grandes acertos administrativos das administrações de São Paulo foi esvaziada e pulverizada por conta das alegações absurdas de "perturbação da ordem pública e incômodo à população, já que atrapalhava muita gente".

E o que dizer de mais 100 blocos de Carnaval nas ruas, levando 4 milhões de pessoas ao centro?

Qual a diferença entre esse evento e a Virada, que leva 2 milhões de pessoas às ruas, trazendo a periferia para shows e peças de teatro, ocupando de forma magistral o centro?

Qual a diferença do show da virada do ano, na avenida Paulista, que coloca 2 milhões de pessoas em apenas quatro bairros, da Virada Cultural de São Paulo?

Não é apenas má vontade da atual administração para com o evento que se tornou um dos cartões postais da cidade. É uma questão de conceito e também política.

Cultura não é importante, mas o entretenimento sim, na visão de um prefeito que prefere o marketing à administração pública, que tem mais interesse nas eleições de 2018 do que em ouvir o que a população tem a dizer. Será que a ideia é também terceirizar a festa da cultura popular na cidade?

Infelizmente são poucas as vozes que se levantaram contra a dilapidação e descaracterização da Virada Cultural de São Paulo em 2017.

Se os blocos de Carnaval podem ocupar o centro da cidade forma indiscriminada, mal-educada e escanteando a civilidade, então vários e vários outros eventos culturais no mínimo tão importantes quanto também podem.

Que os roqueiros e rappers e blueseiros e atores de teatro façam como costumam fazer na avenida Paulista: ocupem a avenida, ocupem o centro e façam muito barulho e espalhem a cultura, chamando milhões e milhões de pessoas de toda a Grande São Paulo e de todo o país para celebrar e ouvir boa música.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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