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Mercenárias e Restos de Nada fecham o festival punk no Sesc Pompeia

Combate Rock

24/11/2017 15h59

Marcelo Moreira

Mercenárias (Foto Filipa Andreia/Divulgação)

O Sesc Pompeia dá sequência neste final de semana ao festival "40 Anos de Punk" com os shows das Mercenárias, entre outros artistas que representam o gênero, bem como a mescla com outros ritmos e subgêneros do rock.

Até 26 de novembro várias bandas e mais de 50 artistas se revezam no palco da Comedoria em apresentações comandadas por alguns dos mais representativos grupos de punk e pós-punk do país.

O festival "40 Anos de Punk" será encerrado pela apresentação O Punk Não Morreu, show especial composto por vários representantes do estilo musical no Brasil, que se intercalam no palco.

É bom lembrar também que o evento vai marcar os 35 anos de realização do importante festival "O Começo do Fim do Mundo", realizado no próprio Sesc Pompeia em novembro de 1982, que foi um marco cultural da música brasileira.

Apesar de ser difícil definir, com exatidão, quando o punk surgiu, foi em 1977 que o estilo musical explodiu para o mundo na Inglaterra.

Naquele ano, foram lançados alguns LPs pioneiros, além de coletâneas com o melhor do punk até o momento. É também em 77 que os "garotos de jaqueta preta" da Vila Carolina e de outros bairros do subúrbio paulistano, começaram a se reunir em grupos, organizar seus "sons de fita" e idealizar suas futuras bandas.

Os Ramones, surgidos em 1974, certamente já eram punks na Nova York conflagrada naquele ano, e levaram sua música rápida e frenética a vários lugares da Costa Leste norte-americana no ano seguinte.

No Brasil, os registros dão conta de que o Restos de Nada já fazia punk rock em São Paulo por volta de 1977, como defende produtor cultural e líder da rádio Antena Zero Flávio "Chiclé" Fernandes – a rádio que hoje abriga o programa de web rádio Combate Rock.

Essa informação certamente será um dos pontos principais do documentário sobre a banda que está em fase de elaboração e ainda sem prazo de lançamento.

Programação

No dia 24 de novembro haverá shows da primeira banda punk do Brasil, a Restos de Nada, criada em 1978, mesmo ano em que nasceria o grupo AI5, que também sobe ao palco do Sesc Pompeia nesta noite; no sábado, dia 25 de novembro, os grupos convidados são As Mercenárias, lendária banda pós-punk feminina de São Paulo, e Patife Band, criada por Paulo Barnabé nos anos 1980 a partir de um projeto que mescla punk rock, jazz e música brasileira.

No domingo, dia 26 de novembro, para encerrar o festival, a apresentação especial O Punk Não Morreu reúne, no mesmo palco, dezenas de artistas que fizeram a história do estilo musical no país. Entre os músicos que se revezam no palco durante o show, quase todos eles tocaram no festival O Começo do Fim do Mundo, que aconteceu no Sesc Pompeia, em 1982.

História

Em meados dos anos 1960, as bandas de garagem mais radicais, como a inglesa Troggs e a peruana Los Saicos, faziam um som que hoje em dia é conhecido como Garage Punk. Na mesma época, o Velvet Underground surgia em Nova Iorque. Anos depois, ainda na década de 60, o MC5 e os Stooges gravaram seus primeiros discos, considerados os embriões do punk rock.

Em 1972, a revista Creem já usava o termo punk rock quando, no mesmo ano, David Bowie lançou seu quinto álbum, "The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars", que continha a música "Suffragette City", uma espécie de pré-punk. Em 1976, oDamned, o Saints e os Sex Pistols lançaram compactos de punk rock.

No entanto, é em 1977 que o punk é, de vez, incorporado às setlists pelo mundo. Neste ano, os discos "Nevermind the Bollocks", "Damned Damned Damned", "Pink Flag" e "L.A.M.F." são lançados, e também chega ao mercado a coletânea "A Revista Pop apresenta o Punk Rock", lançada no Brasil pela Editora Abril, com o melhor do gênero até então.

SERVIÇO

Festival 40 Anos de Punk

Com Ratos de Porão, Lixomania, Restos de Nada, AI5, Mercenárias, Patife Band, Questions, Sugar Kane e o show especial "O Punk Não Morreu".

De 18 a 26 de novembro. Quinta, sexta e sábados, a partir das 21h30 (abertura da casa às 20h). Domingo, a partir das 18h30 (abertura da casa às 17h30).

Na Comedoria do Sesc Pompeia (Rua Clélia, 93, São Paulo – SP).

Apresentações não recomendadas para menores de 18 anos.

Confira valores e datas para venda de ingressos de cada show.

 

 

DIA 24 / 11

Restos de Nada + AI5

24 de novembro, sexta, a partir das 21h30

Ingressos (válidos para as duas apresentações da noite): R$ 6,00 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes), R$ 10,00 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$ 20,00 (inteira).

Venda online a partir de 14 de novembro, terça-feira, às 17h30.
Venda presencial, nas unidades do Sesc SP, a partir de 16 de novembro, quinta-feira, às 17h30.

 RESTOS DE NADA: A história da banda se confunde com a história do próprio punk rock. Formada em 1978, a Restos de Nadasurgiu quando ainda era impossível para os punks gravarem em estúdio e os shows eram escassos. A banda foi dissolvida em 1980, após algumas mudanças em sua formação, mas, em 1987, os membros originais se reuniram para gravar as velhas canções num LP homônimo lançado pela Devil Discos. Desde então, os músicos da Restos de Nada se encontraram esporadicamente, até que, com a morte do fundador da banda, Douglas Viscaíno, em 2013, o grupo acabou. Em 2017, a banda sobe novamente ao palco para prestar uma homenagem ao movimento que ajudou a criar, além de celebrar os quase 40 anos de fundação do grupo. A formação atual conta com Ariel, nos vocais, e Clemente, no baixo, dois protagonistas que estiveram no começo de toda essa história, além de Luiz, na guitarra, e Nonô, na bateria.

Contato: www.facebook.com/restosdnada/

AI5: Criado em 1978, o grupo AI5 tocou no primeiro show punk de São Paulo, no porão de uma padaria no Jardim Colorado, junto da Restos de Nada e com produção de Kid Vinil. Sem muitos shows ou disco lançado, a banda acabou em 1980, voltando à ativa só agora, em 2017, para celebrar o relançamento, em CD, pelo selo Baratos Afins, do único material do grupo, uma demo gravada no começo dos anos 80, meses após o seu fim. Além deste relançamento, a AI5 prepara a produção de um novo material, que deve chegar ao mercado em  2018. O nome AI5 remete ao Ato Institucional Nº 5, mecanismo criado pelo regime militar em 1968 que coibia e punia diversas liberdades individuais, inclusive de pensamento. A partir desse episódio, começam a surgir manifestações sociais e culturais de resistência, como é o caso do movimento punk, berço da banda AI5. Atualmente, o grupo é formado por Memmeth Pesteaux, nos vocais, Fausto Celestino, na guitarra e vocais, Fábio Rodarte, no baixo, e Fellipe Fonseca, na bateria.

Contato: https://www.facebook.com/aicincopunk/ /

DIA 25 / 11

Mercenárias + Patife Band

25 de novembro, sábado, a partir das 21h30

Ingressos (válidos para as duas apresentações da noite): R$ 6,00 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes), R$ 10,00 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$ 20,00 (inteira).

Venda online a partir de 14 de novembro, terça-feira, às 17h30.
Venda presencial, nas unidades do Sesc SP, a partir de 16 de novembro, quinta-feira, às 17h30.
 

MERCENÁRIAS: Oito anos antes do Bikini Kill inaugurar a onda de punk-hardcore feminista (em 1990), as Mercenárias já perambulavam pela noite de São PauloDesde o seu surgimento, em 1982, o grupo já se apresentou diversas vezes no Sesc Pompeia; a primeira foi em 1983, ao lado dos Titãs e Ira! Em 1986, elas lançaram o LP "Cadê as Armas", pela Baratos Afins, o primeiro disco de rock independente gravado apenas por mulheres no Brasil. No ano seguinte, lançaram "Trashland", fizeram alguns shows, e em seguida a banda acabou. No início dos anos 2000, as Mercenárias voltaram a tocar, e agora, em formação power trio, celebram os 35 anos de carreira com Sandra Coutinho, no baixo, Pitchu Ferraz, na bateria e backing vocals, Marianne Crestani, na guitarra.

Contato: www.facebook.com/asmercenariasodisseia/ / https://goo.gl/4TjDVe (Spotify)

PATIFE BAND: Paulo Barnabé resolveu partir para a carreira solo em 1984, após uma temporada do lançamento do disco "Tubarões Voadores", de Arrigo Barnabé, seu irmão. Não passou muito tempo e já estava com a primeira formação de sua Patife Band – intitulada na época de "Paulo Patife Band" – em plena década de 1980, época em que começava a despontar a nova safra do rock nacional. Em 1987, o grupo lançou o disco "Corredor Polonês", misturando punk rock, jazz e música brasileira. Depois disso, a banda dura mais um ano e volta à ativa apenas em 2003. A atual safra de composições de Paulo Barnabé continua transgressora e experimental, e a banda segue na ativa fazendo tocando clássicos de "Corredor Polonês" e diversas faixas inéditas, incluindo um novo single, que está sendo preparado para lançamento em breve. A Patife Band é composta por Paulo Barnabé, na voz, percussão e bateria, Fábio Gouvea, na guitarra, Felipe Brisola, no baixo, e Elvis Toledo, na bateria.

Contato: www.facebook.com/paulobfoggia/ /

DIA 26 / 11

O Punk não Morreu

26 de novembro, domingo, a partir das 18h30

Ingressos: R$ 6,00 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes), R$ 10,00 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$ 20,00 (inteira).

Venda online a partir de 14 de novembro, terça-feira, às 17h30.
Venda presencial, nas unidades do Sesc SP, a partir de 16 de novembro, quinta-feira, às 17h30.
 

O PUNK NÃO MORREU: Show especial com vários representantes do punk brasileiro. A banda-base desta apresentação é formada por Clemente (Inocentes), no baixo, Mingau (Ratos de Porão), na guitarra, e Muniz (Fogo Cruzado), na bateria, três músicos que tocaram no festival "O Começo do Fim do Mundo", que aconteceu no Sesc Pompeia, em 1982. Os vocais ficam por conta de diversos músicos de bandas que também tocaram no festival, entre eles Ariel (Inocentes), Mauricinho (Juízo Final), Morto (Psykóze), Alê (Lixomania), Kiss (Fogo Cruzado), Wendel (Cólera), Barata (DZK), Fábio (Olho Seco), entre outros. A superbanda ainda conta com a participação especial de Vladi (Ulster), Pierre (Cólera), Val (Cólera) e Callegari (Inocentes).

O repertório do show O Punk Não Morreu reúne as canções que compuseram o LP gravado ao vivo durante o festival de 82, além de clássicos do punk nacional. Na ocasião, o LP "O Começo do Fim do Mundo" será relançado pela Nada Nada Discos, em vinil duplo, com um disco extra repleto de músicas que não estão na edição original, além de pôster, texto e fotos inéditas.

 

 

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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