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Charles Manson roubou parte da inocência da cultura pop

Combate Rock

21/11/2017 12h21

Marcelo Moreira

Charles Manson (FOTO: REPRODUÇÃO DE TV)

Em seus arroubos palavrosos, Bono costuma fazer referências importantes à história do rock. Na época do lançamento do monumental e irregular álbum "Rattle and Hum", em 1988, que abre com a fantástica "Helter Skelter", dos Beatles, o cantor do U2 declarou: "Estamos devolvendo a música aos Beatles, já que ela foi roubada no final dos anos 60".

Ele se referia ao fato de que o assassino lunático Charles Manson ter declarado que ele e seus seguidores – que diziam pertencer a uma lunática seita – tinham cometido os crimes, entre outras bizarrices, inspirados pela letra da mais pesada canção dos Beatles.

Um dos seres que merecem a lata do lixo da história, Manson, que morre nesta segunda-feira (20 de novembro), aos 83 anos, dizia-se artista e compunha canções, todas péssimas. Chegou a até mesmo a gravar álbuns, antes da prisão, em 1969.

O cara até que tentou, mas era um aspirante a artista medíocre. Músico fraco, compositor com pouco talento e recursos, insistiu sempre que pode para registrar a sua "obra". No entanto, desde cedo muita gente notou que o rapaz Manson não batia muito bem.

A pergunta que ninguém consegue responder é a seguinte: por que, apesar da mediocridade e da loucura, Charles Manson sempre fascinou muita, mas muita gente, em especial artistas?

A coisa chegou a um nível tal que Axl Rose, o líder mimado do Guns N' Roses, tanto fez que forçou a banda a gravar um dos temas compostos pelo assassino "Look at Yur Game, Girl", gravana no álbum de versões "The Spaghetti Incident?", de 1993. Qual o motivo para dar publicidade a um ser inominável?

Os Beach Boys já tinham gravado uma música dele nos anos 60, "Never Learn Not to Love" (originalmente chamada Cease to Exist), mas isso antes dos crimes serem cometidos.

Já Marilyn Manson foi bem além e prestou "homenagem" ao assassino pegando emprestado seu nome artístico Também incluiu versos de "Mechanichal Man" em sua música "My Monkey", de seu álbum de estreia, "Portrait Of An American Family".

Para relembrar: Charles Manson, músico frustrado, se tornou líder de uma seita maluca que assassinou a atriz Sharon Tate e outras seis pessoas em 1969. Um dos mais famosos assassinos dos Estados Unidos, estava preso havia quase 50 anos e tinha sido condenado à pena de morte. No entanto, a condenação foi comutada para prisão perpétua após o estado banir esse tipo de condenação, em 1972.

É natural que esse lixo humano tenha ganhado fama por conta das atrocidades que cometeu e escapou por pouco da pena de morte. Entretanto, é insano e irracional que tenha recebido atenção incomum, irracional e inaceitável por toda a sua vida encarcerada. O fascínio por ele superou os mais baixos níveis de asco que um ser humano pode causar.

Charles Manson virou lenda, e a lenda, ao que tudo indica, ainda vai perdurar por muito tempo no lado bizarro do mundo pop. E não adiantou Bono e o U2 "resgatarem" "Helter Skelter" e devolvê-la para os Beatles e ao mundo civilizado. Manson decididamente sequestrou essa música e parte considerável da cultura pop, infelizmente. Que o diabo o cozinhe e o torre bem torrado na grelha do inferno.

LEIA MAIS SOBRE CHARLES MANSON E SUA RELAÇÃO COM A MÚSICA POP EM TEXTO PUBLICADO NO SITE OMELETE.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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