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Coldplay proporciona uma noite onírica em São Paulo

Combate Rock

11/11/2017 12h43

Mario Rocha – publicado originalmente no site Roque Reverso

Coldplay em São Paulo (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O Coldplay não é a minha praia musical, gosto de algumas músicas e só. E os caras fazem muito o gênero coxinha pro meu gosto. Mas minha mulher adora. E eu a acompanhei ao Allianz Parque na noite de quarta-feira, dia 8 de novembro, porque aprendi nessa vida que disco é uma coisa e show é outra. E se, no estádio, você não consegue ver os músicos de perto (a não ser que você pague uma bala ou acampe na fila de entrada), a vibração coletiva é contagiante e renovadora da alma.

No palco, ao vivo e a cores, ouvi as mesmas músicas que ouço no disco. Chris Martin não é um vocalista de emocionar (a não ser as meninas  que piram no bonitão, que namorou a atriz Gwyneth Paltrow, que cá pra nós é uma loura fresca e aguada)
e não há na banda um virtuose em seu instrumento musical.

Mas teve algo de muito especial nessa apresentação da banda britânica de maior sucesso nos últimos dez anos, com 40 milhões de discos vendidos. Os dois shows em São Paulo serviram de base para a produção de um DVD ao vivo. Por conta disso, os caras trouxeram uma parafernália de artefatos visuais que fizeram do show um grande espetáculo mágico.

Fachos de luzes coloridas partiam do palco e de todas as dependências da arena, fogos de artifício iluminavam o pedaço do céu acima do palco, chuvas de papel picado recortavam o ar, bocas que expeliam fogo, bexigas coloridas  flutuavam sobre as cabeças de quem estava na pista, depois bolas enormes também multicores. Nas catracas de entrada, foram distribuídas pulseiras com LED que ficavam iluminadas em várias cores diferentes conforme a música e o pique do show.

No telão, clipes fantásticos com imagens psicodélicas, oníricas, surreais, lembrando Dali, Bosch e outros malucos geniais da arte visual. Caleidoscópios gigantes se movimentavam nas três telas atrás do palco. A ideia, imagino, era criar um cenário que fizesse jus ao nome do show e do disco "A Head Full of Dreams".

Conseguiram! E fizeram isso para e com uma multidão de 45 mil pessoas que, com suas pulseiras iluminadas, compunham um imenso mosaico multicolorido pendurado no ar em toda a arena.

Chris Martin estava em grande forma, pulando, dançando, fazendo seus tradicionais rodopios, se atirando ao chão, cantando deitado,  até ser sugado por um redemoinho em um efeito visual alucinógeno mostrado no telão já quase no fim do show. Falou várias frases em português, pediu desculpas porque ia falar em inglês, comandou a plateia nos momentos em que ele queria mais energia do público para a gravação do DVD.

Declarou amor ao Brasil, aos brasileiros e se mostrou apaixonado por São Paulo. Pelo menos nas palavras… embora não deve ter sido à toa que o Coldplay escolheu a cidade para a gravação do DVD.

Num dos momentos de histeria de boa parte dos fãs, a banda saiu de cena para depois aparecer num palco pequeno montado no lado oposto do palco principal. Quem estava por ali foi à loucura porque, de repente, os caras da banda estavam a poucos metros dos narizes de quem, até então, estava vendo o show lá do fundão.

Ali, cantaram uma bossa nova em homenagem a São Paulo e aos paulistanos. Uma bossa nova, é bom que se diga, pra inglês ver. Mas valeu pela simpatia e a intenção de homenagear a "feia gostosa" (é assim que eu chamo São Paulo), a nossa música e o Tom Jobim, citado na letra.

O show não me tornou um fã das músicas do Coldplay. Mas, naquela noite, tudo o que eu queria era amar aquela banda porque eu olhava para a cara das pessoas à minha volta e elas estavam em estado de êxtase. Foram duas horas de festa, diversão, uma balada incrível num circo mágico envolto em uma névoa de sonhos e alucinação.

Foi difícil dormir quando cheguei em casa porque eu não precisava pegar no sono pra ficar com a "head full of dreams". No dia seguinte, quando olhei  o video de partes do show que minha mulher gravou com o celular, eu perguntei, quase incrédulo: "Jura mesmo que a gente tava aí? Aconteceu de verdade?"

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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