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Básico e essencial, Aerosmith tem noite de gala em São Paulo

Combate Rock

29/09/2017 17h00

Flavio Leonel – do site Roque Reverso

Aerosmith foi ainda melhor em São Paulo (FOTO: DIVULGAÇÃO/MERCURY CONCERTS)

Como headliner da terceira noite do novíssimo festival São Paulo Trip, o Aerosmith entregou aos fãs seu show básico, mas essencial de sempre no dia 24 de setembro. Menos de um ano após ter passado pela mesma Arena do Palmeiras, a lendária banda norte-americana de hard rock voltou a contagiar o público com uma mistura bem equilibrada de hits que estouraram especialmente em clipes da MTV e músicas que dão maior ênfase ao bom e velho rock n' roll.

Com o sempre elétrico vocalista Steven Tyler no comando da festa e Joe Perry encantando a todos com a categoria de sempre na guitarra, o grupo trouxe um repertório muito parecido com o apresentado dias antes no Rock in Rio. Os fãs paulistanos chegaram a presenciar uma música a menos que o público carioca. Contudo, foram presenteados com o retorno de um velho clássico ao repertório: a faixa "Mama Kin".

A música em questão do Rock in Rio que saiu do repertório em São Paulo foi "Falling in Love (Is Hard on the Knees)". "Mama Kin", por sua vez, entrou no lugar de "Eat the Rich", que vinha sendo executada praticamente em todas as apresentações recentes do Aerosmith na capital paulista.

No mais, a estrutura do set list foi praticamente idêntica ao do festival da capital fluminense. O Aerosmith, por sinal, já vem adotando esta base meio que fixa no repertório a um longo tempo. Para os que vêm assistindo às passagens da banda pelo Brasil nestas duas décadas, tudo soou muito familiar, do começo ao fim.

Uma novidade em relação à apresentação de um ano antes na Arena do Palmeiras foi o começo do show com a faixa "Let the Music Do the Talking". Em 2016, a escolhida para a abertura foi o clássico "Draw the Line", que é bem mais interessante e importante na carreira do Aerosmith.

Na sequência, quatro hits que marcaram os clipes do grupo na MTV: "Love in an Elevator", "Cryin'", "Livin' on the Edge" e "Rag Doll". Das quatro, a primeira é aquela que levanta o público como se fosse uma festa. A segunda é a da comoção generalizada. A terceira complementa as duas primeiras, com a banda dando um show à parte da qualidade musical.

"Rag Doll" merece um capítulo à parte sempre. É nela que Joe Perry toma em mãos sua guitarra havaiana e joga um tempero a mais no show. De quebra, o elétrico Tyler mantém a vibração por todo o palco. Nesta música, por sinal, o vocalista teve tempo de pegar um celular de uma fã da plateia para tirar uma selfie em plena execução da canção.

Hora de covers, com duas do grupo Fleetwood Mac: "Stop Messin' Around" e "Oh Well". A primeira já é figurinha carimbada nos shows recentes no País. A segunda foi algo diferente para a maioria do público presente.

Perry chegou a conversar com a plateia antes de "Stop Messin' Around", elogiou São Paulo. Tyler também aproveitou o momento de covers com o guitarrista nos vocais para esbanjar categoria com o domínio da gaita. Os 2 deram show à parte e Perry chegou a solar com a guitarra nas costas, para encantamento dos fãs.

Todo simpático e interessado no bom relacionamento do público, Tyler arriscava palavras novas do Português. Pouco antes de "Oh Well", ele soltou um "Vocês são foda", arrancando risadas generalizadas, para depois complementar: "Como se diz Joe Perry em Português?"

Nesta segunda faixa do Fleetwood Mac, Tyler chegou a cantar junto com Perry e usou um megafone. Na longa sequência, que mais parecia uma grande jam entre os membros do Aerosmith, todos tiveram uma performance do mais alto nível.

Tyler estava empolgado com as palavras em Português e soltou um: "Cadê as minas?" De quebra, resgatou uma bandeira do Brasil com a plateia e a enrolou no pescoço.

Depois, foi a vez da sempre emocionante "Crazy", que fez o Allianz Parque inteiro cantar junto. Na sequência, "I Don't Want to Miss a Thing", que manteve a cantoria generalizada e ainda teve como destaque o público com as luzes de celulares acesas.

"Mama Kin" veio em seguida e, como já dito, foi a grande surpresa do set list. Original do álbum de estreia do Aerosmith, ela chegou a ganhar um bom número de admiradores mais novos depois que o Guns N' Roses fez uma versão da mesma no EP "Live ?!*@ Like a Suicide", que depois foi relançado como Lado A do álbum "G N' R Lies", de 1988.

Vale destacar que foi nesta faixa do show que uma fã foi para o palco rapidamente e aproveitou para tirar uma selfie com Tyler bem no finalzinho.

De volta ao cover, o Aerosmith emendou nada menos que "Come Together", dos Beatles, que foi executada em São Paulo mais uma vez com maestria.

A sempre ótima "Sweet Emotion", que é o momento de grande exposição do baixista Tom Hamilton foi a canção seguinte. Durante muito tempo e em muitas apresentações no Brasil ela chegou a fechar os shows do Aerosmith. Desta vez, foi inserida no fim da primeira parte no Allianz Parque e ainda contou, na introdução, com Tyler cantando trechos de "Hole In My Soul".

A música final da primeira parte foi "Dude (Looks Like a Lady)".  No embalo do show do Bon Jovi no dia anterior, no qual um dos grandes momentos foi uma garota subir ao palco com direito a beijos e abraços no vocalista, uma menina pediu a Tyler para que pudesse subir. Brincalhão, ele perguntou se ela subiria pelada, mas a proposta não foi pra frente.

Fim da primeira parte e pausa para um breve descanso. Enquanto isso, no telão, a banda mandou uma mensagem escrita com os dizeres: "Sao Paulo. You are Number 1" ("São Paulo. Você é a Número 1").

No retorno para o bis, a tradicionalíssima "Dream On" veio com o vocalista e seu piano. Antes, ele chegou a entoar um "olê, olê, olê". Depois, a tradicional fumaça foi solta em volta do piano de Tyler.

Antes de terminar o bis, o Aerosmith tocou um trecho de "Mother Popcorn", de James Brown, que serviu de ligação para a clássica "Walk This Way". Foi então que o Allianz Parque quase virou uma pista de dança, com direito a coreografias comandadas pelo próprio vocalista e uma chuva de papel picado.

De todo o bom show realizado pelo Aerosmith no São Paulo Trip a empolgação de Tyler. A impressão que deu é que aquela estava sendo a apresentação de sua vida, tamanha a vibração que ele transmitia.

A apresentação de pouco mais de 1h30 na Arena do Palmeiras, diferente das do Bon Jovi, The Who e Guns, não superou a do Rock in Rio. Também não chegou a ser melhor que as passagens recentes do Aerosmith em São Paulo. Mas está muito longe de ser classificada como fraca ou ruim.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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