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Persistente e corajoso, Pop Javali lança CD em show com público pequeno em SP

Combate Rock

06/08/2017 06h48

Marcelo Moreira

A noite não estava fria, e o trânsito tinha dado uma trégua na zona oeste de São Paulo na noite de uma quinta-feira, comecinho de agosto. Parecia que o trio de hard rock Pop Javali, de Americana (SP), tinha acertado na data para lançar oficialmente o seu quarto CD na capital paulista, além de comemorar 25 anos de atividades.

"Resilient" é um trabalho bem feito,de boa qualidade e muito acima da média do que se faz hoje no rock brasileiro, mas isso não foi suficiente para atrair mais que 25 pessoas ao Espaço Som, local bacana para pocket shows e apresentações especiais para grupos selecionados de pessoas.

A sala A do local, com capacidade para 110 pessoas, dava a sensação de ser enorme, o que incomodou os músicos, como disseram após a apresentação de 70 minutos.

Incomodou, mas o trio passou por cima e tratou de se divertir, lembrando a todo instante o sucesso de sua rápida passagem pela Europa em 2016, quando fizeram oito shows em 15 dias.

"Agradeço demais a todos que estiveram aqui nos prestigiando, fazendo a gente relembrar os bons momentos que tivemos nos palcos europeus. Acho que estamos no caminho certo, né?", brincou o baixista e vocalista Marcelo Frizzo.

Com um pequeno problema no som da guitarra de Jaéder Menossi – estava um pouco baixa -, o trio foi muito bem ao vivo, imprimindo mais força e energia às faixas de estúdio.

Mais pesados no palco, e com uma impressionante performance de Menossi, o Pop Javali mandou ver em canções legais como "Resilient", "Healing No More", "Broken Leg Horse", "Road to Nowhere" e "Time Allowed".

Se a banda é veterana, por outro lado ainda busca consolidar o seu espaço na cena musical brasileira, assim como tantas outras boas bandas que ainda insistem em batalhar.

A plateia era minguada, composta na maioria por amigos, mas não desanimou os músicos, que estavam de bom humor e com bastante vontade de tocar. "Adoramos fazer isso, e era uma oportunidade importante para mostrar nosso trabalho em São Paulo. Vamos sempre em frente", disse um sorridente Menossi ao final do show.

O baterista Loks Rasmussen também se divertiu bastante, a julgar pelo sorriso com que falava sem parar mesmo tendo de encarar o cansativo encargo de desmontar sua bateria. "Foi bom, tocamos bem e para uma plateia de amigos. Claro que sempre pode ser melhor, mas é bacana ter essa oportunidade."

Satisfeito, mas mais contido, Frizzo acredita que foi um passo importante para estabelecer o nome da banda. Só que, longe de se iludir, fez uma rápida análise crítica de uma cena esfarelada e esfarrapada.

"Temos um bom caminho percorrido, e outro longo a percorrer. Pretendemos continuar batalhando, mesmo com pouco público indo a shows de bandas autorais, como temos percebido já a algum tempo. Muita gente tenta entender porque o rock autoral no Brasil não atrai mais ninguém, nem renova seu público, e olha que a quantidade de gente na batalha é grande. Muita coisa mudou, é verdade, mas eu percebo que lentamente as coisas podem voltar a um patamar de uma cena mais vigorosa, como existiu tempos atrás. Tomara que nós ainda peguemos essa fase", concluiu o baixista tentando ser otimista.

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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