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Kiko Loureiro: “Feliz por Dave Mustaine e David Ellefson pelo Grammy”

Combate Rock

21/02/2017 06h49

Thiago Rahal Mauro- especial para o Combate Rock

Megadeth na cerimônia do Grammy 2017: da esq. para a dir., Dave Ellefson, Dirk Verbeuren, Dave Mustaine e Kiko Loureiro (FOTO: DIVUYLGAÇÃO GRAMMY/FACEBOOK)

Kiko Loureiro é o primeiro brasileiro a ganhar um Grammy por seu trabalho com uma banda de heavy metal. Após 12 indicações, o Megadeth finalmente recebeu o seu primeiro Grammy na noite do dia 12 de fevereiro.

A banda levou o prêmio na categoria "Melhor Performance de Metal" com a música "Dystopia", do álbum homônimo, lançado em 2016 e o primeiro com Kiko Loureiro na formação oficial do grupo.

Assista o anúncio e confira o discurso de Dave Mustaine no vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=7gpvXR3ifvo

O Combate Rock conversou com o músico sobre o fato:

Depois de 12 indicações, esse é o primeiro Grammy do Megadeth. Qual foi a sensação no momento que a banda foi anunciada vencedora?

Kiko: Foi incrível a sensação ao ser anunciado vencedor do Grammy com o Megadeth. Na hora você meio fica sem saber o que fazer, mas é uma coisa muito importante que você só percebe a real importância depois que ganha pelo resultado, as pessoas que você atinge com esse resultado e tudo mais. Fiquei muito feliz pelo Dave Mustaine e David Ellefson, pois eles tentaram por muitos anos esse Grammy e só depois de 12 nomeações que conseguiram ganhar. Estar presente nesse momento para a banda é muito gratificante. Também fico feliz pela equipe da banda, os empresários e todos que trabalham por nós.

Como é para um músico de metal estar no Grammy? É um prêmio relevante para o gênero?

Kiko: O prêmio é relevante para a música no geral. Chegamos lá desde o começo do dia e vimos algumas premiações de música erudita, gospel, reggae, etc. Você vê muitos músicos de nomes ganhando e sabe da importância que é ganhar um Grammy. Você ter um Grammy da sua categoria, no caso do Megadeth, o metal, chancela sua banda para sempre como ganhadora do Grammy. E isso é uma certa prova que agradamos a indústria da música e também os fãs.

Você viu todas as apresentações depois que recebeu o prêmio?

Kiko: Logo depois que você ganha o prêmio é levado para uma série de atividades e festividades do Grammy. A banda acaba tirando fotos para diversas mídias, para a foto oficial do Grammy, entre outras coisas. Depois conseguimos chegar para a apresentação oficial, que é a que foi televisionada para o mundo todo e é impressionante. Gostei muito da Adele e só vendo lá dentro mesmo para ter uma noção de como é um Grammy, é muito legal.

Quando você começou com o Angra lá começo dos anos 90, você imaginava chegar nesse ponto da vida?

Kiko: Com certeza não. O Grammy era uma coisa tão distante da minha vida que nem ir para a festa eu imaginava. Era uma coisa totalmente distante. De repente, estou nos Estados Unidos, depois no Megadeth e aí estou no Grammy. É meio surreal. É claro que quando criamos o Angra, nós sempre queríamos o melhor para a banda, um álbum melhor que o outro, uma turnê, etc. Mas o mercado norte-americano é meio fechado nesse quesito para bandas de fora, então estar dentro dessa festa com o Megadeth foi realmente um sonho.

Você está empenhado nos cursos que ministra sobre music musiness. Você se sente pressionado em passar o conhecimento que conquistou?

Kiko: Pressionado não, mas eu sempre via amigos músicos meus me perguntando várias coisas sobre isso. Eu tenho certeza que o que conquistei na carreira não foi por causa da minha qualidade como músico, mas sim por causa desta questão do music business. Eu aprendi tanto nestas últimas décadas que eu senti vontade em ensinar quem estava precisando dessas informações. Muitos músicos ou bandas que estavam patinando na carreira, as vezes não tinham informações que podem ser uteis para eles. Muitas vezes as pessoas não vão atrás das coisas e nem se alertaram disso. Alguns músicos imaginam que vai aparecer um empresário ou produtor e bancar tudo e eles só vão tocar no estúdio no final de semana, por exemplo. É imprescindível saber tocar bem, claro, mas o lado dos negócios é cada vez mais importante e sem o conhecimento sobre isso dificilmente a sua carreira vai decolar ou sair do lugar.

Qual a principal diferença entre trabalhar com uma banda de porte como o Megadeth e no Brasil?

Kiko: É complicado falar isso sem acabar criticando o profissionalismo do Brasil de uma forma geral, mas não quer dizer que não existem profissionais fantásticos no Brasil, casas de shows fantásticas, pessoas, etc. Mas na média, os Estados Unidos ganha muito do Brasil. Tudo é organizado, o que o brasileiro chama de "mala", nos EUA ele é reconhecido e tem os melhores cargos, pois faz bem feito. No Brasil temos uma coisa um pouco que ruim que é nivelar um pouco por baixo, tipo, deixa quieto que vai dar certo no final. Mas não posso reclamar, pois no Brasil sempre trabalhei com os melhores profissionais e aqui no Megadeth também, a equipe é excelente, com pessoas trabalhando há muitos anos e sempre procurando melhorar.

Vocês já conversam a respeito do novo material para novo álbum da banda?

Kiko: Por enquanto não, ainda estamos no meio da turnê do "Dystopia". De vez em quando falamos sobre criar algo, mas ainda o foco são os shows e estar com os fãs. Quando estiver no momento certo, falaremos sobre as novas músicas.

Uma curiosidade. Dois dias depois de vencer o Grammy você já estava na Finlândia. Você está morando nos EUA e Finlândia ao mesmo tempo? Por causa do nascimento dos seus filhos como está a sua vida pessoal e profissional?

Kiko: Foi um bate e volta mesmo. Meus filhos estão comigo e minha esposa na Finlândia por razões pessoais, mas foi legal fazer isso. Até tínhamos direito de ir em várias festas do Grammy por causa da nomeação, mas estou num momento pessoal muito bom e curto ficar com a minha esposa e meus filhos. Até dei uma passada na minha casa em Los Angeles, mas foi rápido. Estou conseguindo lidar bem com essa questão de vida pessoal e profissional, está ótimo.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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