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40 anos do fim do Deep Purple: documentário mostra os anos de chumbo

Combate Rock

21/09/2016 07h01

Marcelo Moreira

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Uma banda esfarelando, com músicos entupidos de drogas e fazendo apresentações lamentáveis. Esse é o retrato que normalmente é pintado do Deep Purple em sua fase Mark IV, ou seja, em sua terceira formação, que durou do começo de 1975 ao final de 1976. É a fase que marca a saída do guitarrista Ritchie Blackmore e a entrada do norte-americano Tommy Bolin.

O retrato tem lá as suas verdades, como bem já declararam o vocalista David Coverdale e o baixista e vocalista Glenn Hughes, integrantes da banda à época – completada pelos membros fundadores Jon Lord (teclados) e Ian Paice (bateria).

Só que nem tudo era fim de feira e esbórnia total. É isso o que tenta provar o documentário "Deep Purple – Phoenix Rising", neste encerramento de um miniespecial sobre o Deep Purple e os 40 anos do fim da banda.

Nos 40 anos que marcam o fim da banda – que se reuniu somente oito anos depois, com sua formação clássica -, é bom relembramos a existência do documentário, lançado em  2011 pela Eagle Rock Entertainment e pela Ear nos Estados Unidos e na Inglaterra, que mostra justamente o período de chumbo do quinteto inglês, que interrompia, à época, uma bem-sucedida – e turbulenta – trajetória de oito anos. No Brasil, foi lançado pela ST2 no ano seguinte. "Phoenix Rising" foi lançado em DVD, Blu-ray e em um pacote especial de dois discos em DVD/CD.

São mais de duas horas de um documentário muito bem feito sobre a formação da banda naquele período, contando todos os podres, mas também as muitas coisas boas produzidas pela banda naquele período. A obra traz, por exemplo, 30 minutos de imagens inéditas direto do palco captadas em uma raríssima apresentação no Japão. 

Há boas e longas entrevistas com o tecladista Jon Lord e o baixista Glenn Hughes, que contam histórias de uma banda de uma banda que tentava se equilibrar depois de sofrer seguidas baixas – o vocalista Ian Gillan e o baixista Roger Glover haviam partido no final de 1973 e Blackmore, em meados de 1975.

Mais do que tudo, a saída de Blackmore foi um trauma difícil de superado, já que ele era o mentor intelectual da banda, a identidade sonora e a própria personificação do Deep Purple.

A chegada de Tommy Bolin, que havia tocado na banda progressiva Zephyr e na James Gang, mudou o som da banda e a direcionou para outro patamar, ao mesmo tempo em que mergulhou o quinteto em um turbilhão sonoro e comportamental que terminou com a dissolução do grupo após um terrível show em Liverpool, em 1976.

A quarta formação do Deep Purple (mark IV), que implodiu em 1976, após um show em Liverpool, na Inglaterra (FOTO: DIVULGAÇÃO)

A quarta formação do Deep Purple (mark IV), que implodiu em 1976, após um show em Liverpool, na Inglaterra (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O álbum"Come Taste The Band" (1975) documenta a breve era Bolin, uma era que acabou em escombros quando a banda anunciou em julho de 1976 que estava se separando. Em dezembro, o guitarrista morreria em decorrência de uma overdose – Em sua necropsia, foram encontrados traços de heroína, cocaína, lidocaína, morfina e álcool.

Os inéditos 30 minutos do bootleg então conhecido como "Rises Over Japan" tem a formação conhecida como Mark IV se apresentando em 1976 com oito músicas – "Burn", "Getting Tighter", "Love Child", "Smoke On The Water", "Lazy", "Homeward Strut", "You Keep On Moving" e "Stormbringer" (o pacote de disco duplo contém essas oito músicas em CD). Esse segmento é uma das poucas imagens que mostram Tommy Bolin em performance no Deep Purple.

O documentário tem o mérito de acabar com algumas lendas, mas, ao mesmo tempo, passa ao largo de certas polêmicas, como o fato de que as brigas entre Coverdale, Hughes e Bolin era constantes.

Além disso, também passa batido em relação ao clima ruim que dominou o período final daquela formação, quando o guitarrista Tommy Bolin praticamente tinha deixado a banda de lado, dando prioridade para a sua carreira solo.

Essa era uma das condições para sua entrada na banda – que continuasse gravando seus próprios trabalhos e que tivesse liberdade de tocar e gravar com quem quisesse, fato que irritava profundamente Lord e Paice.

São pequenos pecados que não mancham a obra, que é um documento imperdível para colecionadores e amantes do bom rock pesado.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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