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Marillion traz o neoprogressivo de volta a São Paulo

Combate Rock

29/04/2016 06h55

Thiago Rahal Mauro – especial para o Combate Rock

Colaborou Marcelo Moreira

Marillion (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Marillion (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O Marillion é uma da sbandas mais injustiçadas dos anos 80. Liderando o chamado movimento neoprogressivo daquela década, ao lado de Pallas, IQ, Pendragon e outras, conseguiu injetar uma dose de energia em um subgênero que patinava e que mostrava estagnação.

Os detratores não perdoaram o acento mais pop e a nítida influência do Genesis, principalmente nos vocais de Fish, o vocalista do auge da carreira da banda.

O fato é que a música do grupo tinha muita qualidade, com momentos excelentes entre 1985 e 1988, quando Fish deixou o grupo.

A entrada do substituto, Steve Hogarth, alterou o panorama – a banda deixou a pretensão e certos delírios sinfônicos de lado e investiu em uma sonoridade um pouco mais simples e direta, mas com a pegada progressiva sempre presente.

Mesmo sem reeditar o sucesso dos anos 80, o Marillion manteve uma regularidade poucas vezes vistas em carreiras longas dentro do rock. com uma base fiel de fãs – tanto que foi um dos primeiros artistas a optar pelo financiamento coletivo, no comecinho dos anos 2000.

A imensa legião de fãs do Marillion já pode comemorar, pois um dos maiores nomes do Rock Progressivo chega ao Brasil no final do mês de abril e começo de maio para três apresentações imperdíveis e com todos os hits de carreira.

O Marillion tem shows anunciados em São Paulo (29 de abril, no Tom Brasil), Rio de Janeiro (30 de abril, no Vivo Rio) e Belo Horizonte (1º de maio, no Sesc Palladium). É uma boa oportunidade para rever um grupo que tem passado com regularidade pelo Brasil.

As emissoras de rádio brasileiras de rock, ainda hoje, costumam abusar na execução dos hits "Kayleigh", do disco "Misplaced Childhood" (o maior sucesso da carreira do grupo), "Beautiful e "Hooks in You", mas é bom apreciar também coisas bacanas como "Assassin", "Lavender", "Market Square Heroes", "Sugar Mice", "Fantastic Place", "Neverland" e "Ocean Cloud".

A banda foi formada em 1979, inicialmente com o nome Silmarillion (título de um livro de Tolkien). Logo em seu primeiro disco, Script for a Jester's Tear (1983), começou a destacar-se no cenário progressivo e acabou se tornando um dos maiores expoentes do estilo então chamado neo-progressivo, tendo as faixas "He Knows You Know" e "Garden Party" nos "Top 40 Hits" do Reino Unido.

A primeira fase da banda contou com muitos discos de sucesso, com suas letras profundas e soturnas. Em 1989, com a saída de Fish, o grupo ganhou um novo integrante, Steve Hogarth, vulgo "H" e lançou um novo álbum, "Seasons End". No mesmo ano a banda veio ao Brasil pela primeira vez para apresentações no Hollywood Rock.

O Combate Rock conversou com a banda para falar sobre o que os brasileiros esperam dessa turnê e o futuro da banda.  

Combate Rock: O que os fãs brasileiros esperam para esta turnê? Algo de novo em termos de set-list e do palco? 

Steve Hogarth: Comparado a última vez que estivemos no Brasil, será algo novo e com bastante coisas novas no repertório. Nós criamos um monte de filmes visuais para apresentar junto com as músicas e esperamos que seremos capazes de incluir isso como parte do nosso show. Infelizmente não tocaremos músicas do novo álbum que já está pronto ao vivo, mas certamente iremos tocar algumas músicas diferentes da última vez que estivemos no Brasil.

Combate Rock: O que você gosta de fazer quando a banda está no Brasil?

Steve Hogarth: Eu realmente gosto do Brasil. Além de visitar o país em turnê, nós as vezes temos alguns dias de folga no Brasil e consegui visitar lugares como Ouro Preto, que é muito lindo, por sinal.

Combate Rock: O Marillion fez uma campanha de financiamento coletivo para lançar o novo álbum de estúdio da banda. Por que você decidiu fazê-lo desta maneira novamente?

Steve Hogarth: Porque queremos se concentrar em fazer a melhor música possível e pensamos que o crowdfunding é uma ótima maneira de distribuir os nossos álbuns, então nós lidamos com isso no dia-a-dia da campanha.

Combate Rock: O que você pode adiantar sobre o novo álbum do Marillion?

Steve Hogarth: O que posso adiantar é que 4 ou 5 músicas deste álbum serão grandes, sendo que 3 delas terão mais de 15 minutos cada!

Combate Rock: Como é o processo de gravação e produção do Marillion?

Steve Hogarth: Longo e lento, mas finalmente gratificante quando conseguimos obter material suficiente para um novo álbum. Achamos que vale a pena demorar tanto tempo quanto for necessário para fazer a melhor música possível.

Combate Rock: De onde surgiu a ideia de lançar o documentário "Unconventional"?

Steve Hogarth: Queríamos que as pessoas vissem como funciona o Marillion nos momentos de folga e também durante o periodo de composição das músicas. Esperamos que este documentário consiga atingir um público mais amplo do que apenas os fãs Marillion.

Combate Rock: Como você vê a cena de rock progressivo hoje?

Steve Hogarth: Parece que, a maioria das barreiras entre os gêneros foram rompidas nos últimos anos e por isso o rock progressivo não é, provavelmente, tão relevante como era antigamente, mas continua forte com os fãs.

Combate Rock: Eu estava vendo e este ano temos muitas álbuns de Rock e Metal Progressivo sendo lançados. As pessoas estão compreendendo mais este estilo de música. Recentemente, eu assisti a um show de Steven Wilson e estava lotado. Você acredita que o rock progressivo, em geral, está ganhando mais atenção do público?

Steve Hogarth: Eu acho que as pessoas em geral estão mais aptar a procurar por diferentes estilos de música e estão dispostos a escutar toda a música que conseguir, não importa o que ele é chamado pela imprensa. O Rock Progressivo tem uma reputação de grande musicalidade, mas, às vezes, pode ser pretensioso e auto-indulgente. 

Combate Rock: Como você vê a forma como as pessoas se comportam em shows hoje em dia. Elas ficam tirando fotos e filmando tudo, por exemplo.

Steve Hogarth: Eu gostaria que deixassem seus telefones e câmeras em seus bolsos, em silêncio, e apenas apreciassem o show e o momento.

Combate Rock: E a maneira como todos consomem música hoje em dia?

Steve Hogarth: Como consumidor eu acho que o streaming muito legal, mas como alguém que está tentando ganhar a vida com música, há um longo caminho a percorrer antes que os artistas sejam pagos da maneira mais correta possível.

Combate Rock: Para você, qual é o maior legado de Marillion?

Steve Hogarth: A nossa música e como ela se identifica com as pessoas.

Combate Rock: Por fim, qual é o futuro da Marillion?

Steve Hogarth: Pretendemos continuar vivos como sempre fizemos em todos estes anos. Gravar álbuns, realizar turnês no máximo de lugares possível e o principal de tudo, dar o melhor de nós para nossos fãs que são maravilhosos.

SERVIÇO – SÃO PAULO – SP

Dia: 29 de abril
Horário: 22h00
Abertura da casa: 2h00 antes do início do espetáculo
Local: Tom Brasil
Rua Bragança Paulista, 1281 – Chácara Santo Antonio
BILHETERIA:
Camarote R$350,00
Frisa R$300,00
Cadeira Alta R$250,00
Pista Vip 1º lote R$300,00
Pista Vip 2° Lote R$350,00
Pista Vip 3° Lote R$400,00
Pista 1° Lote R$150,00
Pista 2° Lote R$200,00
Capacidade: 4000 lugares
Censura: 14 anos (desacompanhados). Menores dessa idade somente acompanhados dos pais ou responsáveis.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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