Stoner rock em alta: veja algumas bandas que se destacam hoje
Marcelo Moreira
A banda australiana Wolfmother causou furor em 2008 quando estourou em seu país natal fazendo uma mistura de hard rock setentista e blues acelerado. O então trio apostava no peso e na velocidade, mas tudo com bastante melodia, mas sem solos, na linha dos suecos do Hellacopters, extintos em 2005. Não dá para dizer que foram eles que inauguraram essa tendência, até porque na Escandinávia o stoner rock/stoner metal é um gênero em alta, especialmente com o fabuloso grupo sueco Spiritual Beggars, talvez a mais importante banda do sugênero. Estão com novo álbum na praça, "Victorious".
Na trilha do Wolfmother, sem se aprofundar tanto no stoner, apareceram ao menos oito bandas ainda melhores e aparentemente mais consistentes, sempre mergulhando de cabeça no inconfundível e extraordinário som dos anos 70. The Answer é de Belfast, na Irlanda do Norte, e assume sem nenhum pudor que adoraria muito ser o Led Zeppelin do século XXI.
Apesar de copiar descaradamente os ingleses, mostra qualidades ao investir em um som pesado e melódico, bem diferente de tudo o que se encontra hoje por aí. Seu trabalho de 2009, "Everyday Demons", ganhou muito destaque sua terra e na vizinha Irlanda, e deu alguma atenção à banda na Inglaterra. A situação mudou bastante com o lançamento de "New Horizon", um álbum mais maduro, embora menso pesado que o anterior, "Revival" (2011). É a grande aposta europeia para recolocar o rock novamente nas paradas. Nos Estados Unidos, por enquanto, o grupo obteve uma repercussão mediana. O mais recente trabalho, "Raise a Little Hell", tem uma pegada mais pop, mas ainda assim é um grande álbum.
Já The Brew resgata a sonoridade do Cream, de Eric Clapton, e do Jimi Hendrix Experience, mais calcado no blues. Esse trio inglês é inusitado, pois é formado pelo baixista e vocalista Tim Smith, por seu filho Kurtis, de 24 anos, na bateria, e pela estrela da banda, o guitarrista e vocalista Jason Barwick, de 23 anos de idade. O trabalho mais recente é "Control", recém-lançado, o seu melhor até agora, conseguindo o feito de superar os ótimos "A Million Dead Stars" e "The Joker".
O trio (não confundir com um quarteto pop de mesmo nome nos Estados Unidos, o que às vezes faz a banda ser conhecida coo The Brew UK) já está na estrada desde 2007 e parece gostar bastante de ser underground. Por enquanto tem evitado uma superexposição e prefere tocar em circuitos universitários ingleses, embora já tenha feito elogiados shows na Alemanha, na Suíça e na França.
O Back Door Slam é um trio norte-americano mais voltado para o blues tradicional, resvalando de vez em quando no rock, na linha de Jonny Lang, Kenny Wayne Shpeherd, Walter Trout e até mesmo Stevie Ray Vaughan. Seu líder é o conceituado guitarrista David Knowles, que jpa tocou com Jeff Beck e Gov't Mule. É a menos conhecida no Brasil e até mesmo em sua terra natal, mas sua fama está crescendo bastante na Inglaterra, embora estejam há um bom tempo sem lançar material novo. Sua discografia tem quatro álbuns: "Roll Away (2007)", "Back Door Slam – EP (2008)", "Back Door Slam: Live from Bonnaroo (2009)" e "Coming Up For Air (2009)".
Na mesma linha segue o Black Stone Cherry, outra banda norte-americana, só que um pouco mais pesado. Incensada pela imprensa americana quando lançou seu primeiro álbum, em 2006, manteve a aura de cult mesmo assim e conseguiu manter o nível das composições nos álbuns seguintes. "Between the Devil and the Deep Blue Sea", de 2011, foi tão bem avaliado que chegou a ser lançado no Brasil, com uma música tocando em emissoras de rádio roqueiras. Privilegia a melodia em detrimento da velocidade, além de promover altos duelos de guitarra e jam sessions longas, ao estilo Allman Brothers, com quem a banda tem afinidade. Lançou em 2014 "Magic Mountain" e uma coletânea com raridades e faixas a vivo, "Hits Rarities & Live".
A curiosidade do estilo vem da Islândia, a gelada e isoladíssima ilha que é a terra do Sigur Rós e da cantora Bjork. The Vintage Caravan chamou a atenção por seus integrantes serem muito jovens, mas fazerem um som maduro e setentista ao extremo, algo incomum.
A banda bebe no estilo inglês de hard rock, com pegada blues intensa e virtuosismo moderado, lembrando bons momentos de Humble Pie e Free, assim como ecos de Uriah Heep. "Voyage" traz uma mistura poderosa de blues, rock clássico e rock de garagem, com uma sujeira no som que não deixa dúvidas sobre a intenção de resgatar a música feita nas ilhas britânicas há mais de 40 anos. O álbum mais recente é "Arrival", ne m tão bom, mas que mantém a mesma pegada.
Os mais esquisitos da turma são os alemães do Samsara Blues Experiment. O quarteto aproveitou a onda stoner para imprimir um toque orientalista-hippie ao hard rock que praticavam no início. bebendo na farta fonte de Allman Brothers e do Grateful Dead, também pode ser definida com uma jam band, com suas intermináveis improvisações e duelos entre os instrumentistas. Não raro as músicas ultrapassam os 30 minutos de execução. O último trabalho, "Waiting for the Flood", é o mais bem trabalhado, embora não tão pesado quanto os anteriores, deixando um pouco de lado as influências de grupos ingleses como Uriah Heep, Hawkwind e Magnum.
Na praia do stoner metal, o destaque vai para o trio sueco Grand Magus. veterano da cena, mas pouco conhecido fora da Europa, acaba de lançar um estupendo álbum, "Triumph and Power", ainda melhor do que o anterior, "The Hunt". Fruto direto do grande Spiritual Beggars, já que pelo menos dois de seus integrantes passaram por lá, o Grand Magus tem uma preocupação quase obsessiva com timbres de guitarra vintage e pesadíssimos.
A influência do Black Sabbath é mais do que óbvia, está no DNA, pois é uma banda de riffs de guitarra – e que riffs, densos, intensos e sinistros. Janne JB Christoffersson, líder, guitarrista e vocalista, confere uma atmosfera própria, angustiante e quase claustrofóbica em temas que enveredam pela história da Escandinávia e pela mitologia nórdica/viking. De longe uma das grandes bandas do hard'n'heavy europeu da atualidade.
Por fim, temos outra banda muito pesada, um stoner quase doom metal, mas com vocais femininos que remetem à alemã Doro Pesch. O Avatarium é outra pérola que vem da Suécia e guarda similaridades imensas com um dos maiores nomes do metal sueco de todos os tempos, o Candlemass. E isso não é mera coincidência, já que Leif Edling, o mentor da banda, foi baixista do próprio Candelmass (que aparentemente está em hibernação, embora alguns de seus integrantes digam que a banda acabou).
O Avatarium é mais doom do que stoner, mas é menos pesado do que a sua origem. Entretanto, é tão sombrio quando, sendo mais uma banda que parece ter saído de dentro da casa de Tony Iommi, de tantas que são as referências ao Black Sabbath, seja timbragem dos instrumentos, seja no estilo de composição.
Até mesmo a cantora Jennie-Ann Smith pontua suas interpretações respeitando marcações típicas das que Ozzy Osbourne usou nos primeiros álbuns do Sabbath. Ainda que em muitos momentos o grupo pareça uma cópia descarada do time de Ozzy e Iommi, apresenta um trabalho muito bem feito e de qualidade, pesadíssimo e com uma novidade, uma vocalista que se encaixou em um estilo inóspito para moças.
Merecem uma atenção especial também aveterana banda californiana Bigelf , e em espeical o álbum "Into the Maelstrom", onde o rock pesado com toques de progressivo dá lugar a um som mais cru e orientado para timbres setentistas; e o quarteto alemão The Oath, com seu álbum homônimo recém-lançado, fazendo concorrência direta com o Avatarium, com vocais femininos e apostando em um heavy mais tradicional, com influência do já citado Spiritual Beggars.
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