Robb Flynn, do Machine Head, destrói vocal do Pantera no combate ao racismo
Marcelo Moreira
O racismo bateu forte no metal mundial no último final de semana, e revelou um dado assustador: a tolerância a atos racistas e discriminatórios na atualidade é muito maior do que imaginávamos.
A repercussão foi grande desta vez porque finalmente alguém filmou a barbaridade cometida por Phil Anselmo (ex-Pantera, e atual Down), ao final do festival Dimebash 2016. Ao fim de uma jam, ele gritou "White Power!" (Poder Branco) e fez uma saudação nazista – o músico já fez isso outras vezes, mas nunca o assunto virou notícia, lamentavelmente.
Desta vez, um espectador filmou a cena, colocou no YouTube, retirou temendo represálias e depois recolocou, de forma corajosa – e ganhou a fúria de milhares de pessoas que inundaram a sua conta na rede social com xingamentos.
Mais corajoso ainda foi Robb Flynn, vocalista do Machine Head e que esteve no mesmo festival – tocou junto com Anselmo em uma música.
Horrorizado com o vídeo, decidiu gravar um depoimento, também em vídeo, detonando o ex-Pantera e bradando contra o racismo, contra o fascismo e os supremacistas brancos. Ele não viu in loco a bobagem de Anselmo porque já tinha encerrado a sua participação.
Também alvo de fúria e xingamentos, Flynn afirma estar decepcionado e preocupado com a cena metal, eme special com esse tipo de comportamento abjeto e com o apoio tácito a artistas que defendem posições indefensáveis, quando não criminosas. E declarou estar estarrecido com a tolerância a declarações e atos absurdos como o de Anselmo.
O que ocorreu foi, certamente, uma das cenas mais lamentáveis da história da música. Phil Anselmo é um músico importante, cantou na importantíssima e excelente banda de metal Pantera, que ajudou a mudar o panorama do subgênero.
Quando um astro deste quilate decide externar suas "preferências" políticas e sociais que beiram o crime, tem ser execrado e, em casos extremos, boicotado.
Racismo é um dos pouquíssimos casos onde a intolerância é aceitável. Gente racista é intolerável, é abjeta, é nojenta e é, acima de tudo, criminosa. E pior ainda são os apoiadores deste tipo de lixo.
O fato de haver gente demais defendendo Anselmo na internet e relativizando suas palavras e suas atitudes só prova que vivemos em um mundo perigoso, que tolera cada vez mais a discriminação e o ódio – o que dizer do parlamento da civilizadíssima Dinamarca aprovar lei que permite o confisco de bens de refugiados de qualquer país para "custear a estadia" no país.
O racismo exacerbado e muitas declarado não é exclusividade do heavy metal – ficou apenas mais explícito por conta dos defensores de Anselmo, que não necessariamente são racistas mas, ao sair em defesa do cantor, obviamente demonstram nenhuma preocupação com a gravidade do caso.
Os recentes ataques a atrizes negras da TV Globo – Taís Araújo e Sheron Menezzes – nas redes sociais são apenas uma parte do lado obscuro e tenebroso da sociedade brasileira atual – e a força e altivez com Taís e seu marido, o também ator Lázaro Ramos, enfrentam o problema é algo a ser celebrado, como ficou demonstrado na matéria de capa da revista Rolling Stone Brasil de janeiro de 2016 (recomendo a leitura).
Robb Flynn prestou um grande serviço na luta contra o racismo com a gravação de um vídeo contundente e demolidor – alémd e ser muito didático. Não precisou xingar, nem desqualificar. Bastou apenas ter bastante informação e usar bem a sua inteligência. Desde já é um dos grandes fatos da música neste ano.
Neste link aqui é possível acessar uma versão do vídeo com legendas em português circulando pelo Facebook. Abaixo, uma versão do vídeo que está no YouTube, sem legendas.
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