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Robb Flynn, do Machine Head, destrói vocal do Pantera no combate ao racismo

Combate Rock

01/02/2016 12h18

Marcelo Moreira

Machine Head- Flynn está sentado (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Machine Head- Flynn está sentado (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O racismo bateu forte no metal mundial no último final de semana, e revelou um dado assustador: a tolerância a atos racistas e discriminatórios na atualidade é muito maior do que imaginávamos.

A repercussão foi grande desta vez porque finalmente alguém filmou a barbaridade cometida por Phil Anselmo (ex-Pantera, e atual Down), ao final do festival Dimebash 2016. Ao fim de uma jam, ele gritou "White Power!" (Poder Branco) e fez uma saudação nazista – o músico já fez isso outras vezes, mas nunca o assunto virou notícia, lamentavelmente.

Desta vez, um espectador filmou a cena, colocou no YouTube, retirou temendo represálias e depois recolocou, de forma corajosa – e ganhou a fúria de milhares de pessoas que inundaram a sua conta na rede social com xingamentos.

Mais corajoso ainda foi Robb Flynn, vocalista do Machine Head e que esteve no mesmo festival – tocou junto com Anselmo em uma música.

Horrorizado com o vídeo, decidiu gravar um depoimento, também em vídeo, detonando o ex-Pantera e bradando contra o racismo, contra o fascismo e os supremacistas brancos. Ele não viu in loco a bobagem de Anselmo porque já tinha encerrado a sua participação.

Também alvo de fúria e xingamentos, Flynn afirma estar decepcionado e preocupado com a cena metal, eme special com esse tipo de comportamento abjeto e com o apoio tácito a artistas que defendem posições indefensáveis, quando não criminosas. E declarou estar estarrecido com a tolerância a declarações e atos absurdos como o de Anselmo.

O que ocorreu foi, certamente, uma das cenas mais lamentáveis da história da música. Phil Anselmo é um músico importante, cantou na importantíssima e excelente banda de metal Pantera, que ajudou a mudar o panorama do subgênero.

Quando um astro deste quilate decide externar suas "preferências" políticas e sociais que beiram o crime, tem ser execrado e, em casos extremos, boicotado.

Racismo é um dos pouquíssimos casos onde a intolerância é aceitável. Gente racista é intolerável, é abjeta, é nojenta e é, acima de tudo, criminosa. E pior ainda são os apoiadores deste tipo de lixo.

O fato de haver gente demais defendendo Anselmo na internet e relativizando suas palavras e suas atitudes só prova que  vivemos em um mundo perigoso, que tolera cada vez mais a discriminação e o ódio – o que dizer  do parlamento da civilizadíssima Dinamarca aprovar lei que permite o confisco de bens de refugiados de qualquer país para "custear a estadia" no país.

O racismo exacerbado e muitas declarado não é exclusividade do heavy metal – ficou apenas mais explícito por conta dos defensores de Anselmo, que não necessariamente são racistas mas, ao sair em defesa do cantor, obviamente demonstram nenhuma preocupação com a gravidade do caso.

Os recentes ataques a atrizes negras da TV Globo – Taís Araújo e Sheron Menezzes – nas redes sociais são apenas uma parte do lado obscuro e tenebroso da sociedade brasileira atual – e a força e altivez com Taís e seu marido, o também ator Lázaro Ramos, enfrentam o problema é algo a ser celebrado, como ficou demonstrado na matéria de capa da revista Rolling Stone Brasil de janeiro de 2016 (recomendo a leitura).

Robb Flynn prestou um grande serviço na luta contra o racismo com a gravação de um vídeo contundente e demolidor – alémd e ser muito didático. Não precisou xingar, nem desqualificar. Bastou apenas ter bastante informação e usar bem a sua inteligência. Desde já é um dos grandes fatos da música neste ano.

Neste link aqui é possível acessar uma versão do vídeo com legendas em português circulando pelo Facebook. Abaixo, uma versão do vídeo que está no YouTube, sem legendas.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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