Lynyrd Skynyrd: continuando o legado de Ronnie Van Zant
Thiago Rahal Mauro – especial para o Combate Rock
O Lynyrd Skynyrd é uma banda lendária. A história do grupo norte-americano de southern rock é repleta de reviravoltas, tragédias, conquistas e sobrevivência. E, claro, de boa música. Recentemente, em 2009, o grupo lançou "God & Guns", seu 12º disco de estúdio. Em 2012, lançaram o último álbum de estúdio, até então, "Last of a Dyin' Breed".
Só que antes, o Lynyrd Skynyrd sofreu várias perdas, como o guitarrista Hughie Thomasson (em 2007), o tecladista Billy Powell (2009) e os baixistas Leon Wilkeson (2001) e Ean Evans (2009), o que levou o vocalista Johnny Van Zant e os guitarristas Rickey Medlocke e Gary Rossington considerarem seriamente a possibilidade de encerrar as atividades.
Eles resolveram seguir adiante, motivados, pelo apoio dos fãs. Seguiram o curso natural até chegar em 2015, quando saiu mais um álbum ao vivo, "One More for The Fans" – que ganhou edição nacional em CD lançada pela Shinigami Records.
Nessa conversa exclusiva com o Combate Rock, o guitarrista Rickey Medlocke fala sobre o sentimento que motivou a banda a registrar esse novo trabalho ao vivo e sobre a persistência em continuar viva mesmo após tantos anos de carreira.
Combate Rock: De quem foi a ideia de lançar este novo álbum ao vivo "One More for The Fans"?
Rickey Medlocke: A ideia veio a partir de alguns eventos e shows que estávamos fazendo aqui nos Estados Unidos. Uma rádio chegou a tocar nosso álbum ao vivo "One More from the Road" e pensamos que seria legal criar algo parecido com aquela vibe e energia, mas com nossos fãs e público. Então decidimos filmar e gravar em áudio o show que fizemos no Fox Theatre, em Atlanta. Foi uma noite tão mágica e perfeita que resolvemos lançar para os fãs.
Combate Rock: Tem alguma música em "One More for The Fans" que você gostou mais de sua performance ou da banda?
Rickey: Gravar um álbum ao vivo é sempre uma situação complicada, mas, ao mesmo tempo prazerosa. Só que se torna complicado porque quando vamos gravar algo ao vivo, as pessoas sempre têm em mente a versão de estúdio daquela música em especifico. Então, mexer em algo que já foi criado, acaba se tornando complicado. Para nós como músicos, veja bem, nós ensaiamos muito, mas muito mesmo para este show. Então, o que você vê e escuta nesse álbum é aquilo ali realmente. Fomos direto ao ponto e fizemos nosso melhor. Por isso, fica complicado citar uma única música, eu gostei do trabalho como um todo.
Combate Rock: O que são os fãs para o Lynyrd Skynyrd? Eles são a razão para a banda seguir viva ainda hoje?
Rickey: Você chegou no ponto certo. Eu fiz parte da banda original uma vez, os músicos originais estavam lá, então, para os fãs mais antigos, a banda seguir tocando hoje em dia é como se estivéssemos seguindo o legado do Lynyrd Skynyrd. Em contrapartida, os fãs novos, eles não chegaram a ver a banda original ao vivo, então, para eles, o Lynyrd Skynyrd é o que é hoje em dia. Para eles, a banda atual é o Lynyrd Skynyrd. O que tentamos fazer é seguir tocando a música da banda com o coração, mantendo o legado e seguindo em frente.
Combate Rock: Como uma banda como o Lynyrd Skynyrd, com tantas tragédias, consegue seguir em frente tocando o coração das pessoas?
Rickey: Eu acredito que o segredo de nós seguirmos no coração e nas mentes dos fãs são as músicas. Elas são muito boas. Portanto, o segredo está aí, nas músicas. Nenhuma pessoa que toca no Lynyrd Skynyrd é maior do que o nome da banda, portanto para os fãs o que importa são as composições e o que nós queremos passar para todos, ou seja, sempre mensagens positivas.
Combate Rock: O Lynyrd Skynyrd sempre foi uma banda que veio das ruas, do povo, por essa e outras razões sempre fez muito sucesso. Você sente falta de novas bandas com esse tipo de identidade?
Rickey: Todas essas clássicas bandas como Rolling Stones, AC/DC, ZZ Top, The Allman Brothers Band, são grupos que seguem até hoje influenciando muita gente e fazendo a alegria dos fãs e de uma plateia muito grande com suas músicas. Eles têm em comum o fato de terem criado músicas realmente muito boas e por isso seguem até hoje fazendo shows. O que eu sinto falta hoje em dia é isso. A preocupação na hora de se criar músicas realmente boas, somente isso.
Combate Rock: Muitas pessoas talvez não se lembram, mas você tocou bateria no começo do Lynyrd Skynyrd, por volta de 1970. O que você se lembra dessa época?
Rickey: Quando eu entrei no Lynyrd Skynyrd naquela época, eles estavam na fase de descoberta, de se descobrir como banda realmente. Procuravam uma sonoridade que misturava Rock, Blues, um pouco de Country, mais ou menos nessa linha. Hoje em dia, tentamos reviver isso e mostrar a integridade da banda, como ela sempre foi com suas músicas e o que é hoje em dia.
Combate Rock: Como era seu relacionamento com Ronnie Van Zant? O que mais você sente falta dele?
Rickey: Ronnie era um grande amigo, músico e compositor. Nós nos respeitávamos muito, inclusive minha família adorava ele. Sempre tivemos momentos muito bons tocando ou como amigos mesmo, conversando, etc. Quando ele se foi, senti muito, chorei bastante, até hoje, sinto falta dele como parceiro na música e como amigo de verdade.
Combate Rock: O que você acha das pessoas que dizem que o Lynyrd Skynyrd sem Ronnie é a mesma coisa que o Creedence sem John Fogerty?
Rickey: Nós fazemos um tributo ao Lynyrd Skynyrd original e consequentemente ao próprio Ronnie. Tocamos as músicas que ele criou para ele, para os fãs e todo mundo. Eu não vejo melhor maneira de fazer isso do que como estamos fazendo. A melhor maneira de seguir com o legado dele, de seguir tocando o que ele criou é fazer o que estamos fazendo. Não existe melhor atitude do que isso.
Combate Rock: Por que você acha que a música Lynyrd Skynyrd atrai tanto os motoqueiros?
Rickey: Eu acho que atrai tanto porque nossa música tem um sentido de liberdade, de sentir livre de tudo. A música vem do coração e da alma, por isso os motoqueiros gostam tanto, pois eles sentem liberdade quando estão em suas motos. Mas não só os motoqueiros têm esse sentimento de liberdade com nossas músicas, os fãs também. Elas têm esse sentimento embutido que é muito legal.
Combate Rock: Além do Lynyrd Skynyrd, você tem o Blackfoot. Como você divide seu tempo? Qual banda é sua prioridade?
Rickey: Eu diria que no momento a prioridade seria o Lynyrd Skynyrd. Tenho muita sorte de ter uma banda como o Blackfoot, que fez e faz muito sucesso. Tem artistas que não conseguem sucesso com uma banda, e eu consegui com duas, ou seja, tenho bastante sorte. Mas é claro que o Blackfoot eu trabalho no meu tempo livre, quando sobra um tempo da agenda do Lynyrd Skynyrd.
Combate Rock: Qual a principal diferença entre tocar no Blackfoot e com o Lynyrd Skynyrd?
Rickey: Acredito que a principal diferença seja a música mesmo. O Blackfoot é mais pesado, com uma influência de Southern Rock e Heavy Metal. O Lynyrd tem mais uma pegada Blues e Country. Acho que essas são as principais diferenças.
Combate Rock: Southern Rock é um gênero musical bastante especial. Me parece ser um tipo de música que passa de família para família, como algo especial. Você concorda?
Rickey: Concordo. O Southern Rock é um estilo de vida. Várias bandas vêm do sul dos Estados Unidos e se tornam parte da família. Tenho sorte de participar da história deste gênero tão peculiar e importante na música. Desde quando entrei no Lynyrd e até mesmo no Blackfoot, sinto como se estivesse em uma grande família.
Combate Rock: O Lynyrd Skynyrd veio apenas uma vez para o Brasil e tocou no festival SWU. O que você se lembra desse show? A banda pretende voltar ao Brasil?
Rickey: O que eu me lembro desse festival é como o público foi o máximo e um dos nos melhores de nossa carreira. Os fãs reagiram tão bem ao nosso show que ficamos com vontade de tocar sempre no Brasil. Nós pretendemos voltar sim, não temos nada agendado ou algo do tipo, apenas estamos esperando o momento certo para voltar. Isso eu prometo.
Combate Rock: Para finalizar: Alabama, é realmente um lar doce lar?
Rickey: Sim, com certeza Alabama é o nosso lar doce lar. Essa música virou um hino para o Lynyrd Skynyrd e fico feliz por Alabama ser lembrado pelas pessoas. Eu adoro o estado, as cidades, tudo, além de que essa música ajudou a divulgar a cultura do sul. Realmente, Alabama é o lar doce lar do Lynyrd Skynyrd.
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