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Um dia após terror em Paris, Pearl Jam toca ‘Imagine’ para 65 mil em SP

Combate Rock

17/11/2015 14h10

Flavio Leonel – do site Roque Reverso

Quis o destino que o Pearl Jam tivesse uma apresentação na cidade de São Paulo exatamente um dia após os sangrentos ataques terroristas em Paris.

Quis o destino que o grupo norte-americano de Seattle fizesse no sábado, 14 de novembro, um show memorável para os paulistanos, englobando de uma só vez suas músicas e letras capazes de emocionar 65 mil presentes no Estádio do Morumbi, sem deixar de passar uma mensagem importantíssima de paz e resistência ao terror.

Com direito a uma mais do que oportuna execução da música "Imagine", do lendário John Lennon, a banda fez um apresentação de pouco mais de 3 horas, digna de registro em DVD.

A passagem do Pearl Jam por São Paulo parecia ter sido escolhida por um dedo divino após o massacre em Paris. Na triste Sexta-feira 13 da capital francesa, um dia antes, cerca de 130 pessoas foram mortas em ataques de terroristas que tiveram como local com número maior de assassinados (cerca de 100) a casa de shows Bataclan, justamente quando uma outra banda de rock, o Eagles of Death Metal, iniciava uma apresentação para pessoas que simplesmente queriam se divertir e curtir música.

Após o massacre de Paris, não será novidade se shows de rock, partidas importantes de futebol ou tênis e outros grandes eventos começarem a sofrer restrições em determinados locais na Europa ou passarem a contar com um nível de segurança acima do normal. Shows como o da capital paulista, com 65 mil pessoas, serão palco perfeito para exigências maiores.

Justamente pelo que aconteceu ou pelo que está por vir, um evento lotado em São Paulo funcionou como um foco de resistência vindo também de uma banda de rock, igual ao são e salvo Eagles of Death Metal, que conseguiu escapar do Bataclan antes do massacre.

Fazer os povos se intimidarem com o terrorismo é exatamente o objetivo destes grupos radicais. Seguir com a vida normalmente é uma das formas de enfrentá-los.

Bastante conhecido e respeitado pelo forte engajamento em causas nobres, o Pearl Jam era o grupo que estava no sábado no Morumbi.

O vocalista Eddie Vedder, um dos símbolos maiores do rock atual, sintetizava o sentimento geral da banda e já expôs ao público o que sentia logo na terceira música do show.

A apresentação começou com cerca de 20 minutos de atraso com as músicas "Long Road" e "Of the Girl". O palco do Pearl Jam tinha temas simples, mas interessantes, como um arranjo que ficava sobre o grupo no teto e luminárias penduradas em volta que mudavam de cor no decorrer do show.

Eddie Vedder no show em São Paulo (FOTO: T4F/MROSSI/DIVULGAÇÃO)

Eddie Vedder no show em São Paulo (FOTO: T4F/MROSSI/DIVULGAÇÃO)

Os telões também eram simples e bem menores, por exemplo, do que os trazidos pelo Metallica ao mesmo Morumbi no ano passado.

Pouco antes de "Love Boat Captain", Eddie Vedder decidiu fazer um dos seus vários discursos da noite à plateia. Por meio da leitura de um texto inicial de três páginas em português, o vocalista passou uma mensagem emocionada sobre o momento pós-Paris.

"Sentimos que precisamos estar com pessoas. E estamos felizes por estarmos com vocês em São Paulo. Nosso amor vai para todos em Paris", disse Vedder, com certa dificuldade em razão da emoção, enquanto o telão mostrava a imagem da bateria de Matt Cameron com um desenho da Torre Eiffel. "Temos ainda muito a superar juntos", acrescentou, tendo uma recepção positiva enorme do público.

Após "Love Boat Captain", foi a vez de "Do The Evolution", cuja letra, infelizmente, nunca fica datada e que também se encaixa ao momento atual. "I can kill 'cause in God I trust, yeah" ("Eu posso matar porque em Deus eu confio, yeah"). Algo familiar?

A turnê do Pearl Jam pelo Brasil em 2015 ainda divulga o bom álbum "Lightning Bolt", de 2013. Obviamente, além das várias canções criadas pela banda desde 1990, algumas músicas do disco mais recente também foram apresentadas em São Paulo.

"Getaway" e a rápida "Mind Your Manners" foram bons exemplos do "Lightning Bolt", que teria a faixa-título também executada. Antes dela, porém, o público chegou a pular bastante no hit "Corduroy", do disco "Vitalogy", de 1994.

 

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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