Glenn Hughes, uma das vozes do Deep Purple, faz miniturnê pelo Brasil
Marcelo Moreira
Glenn Hughes costuma ser uma pessoa que segue à risca as promessas que faz. Conterrâneo do ex-vocalista do Led Zeppelin, Robert Plant, com quem divide a paixão pelo time inglês Wolverhampton Wanderers (uma espécie de Bragantino da Inglaterra), o ex-baixista e cantor do Deep Purple e Black Sabbath firmou um compromisso com o amigo nas arquibancadas do estádio do Wolves: "nunca cantarei uma música do Led Zeppelin na minha vida, e você jamais cantará uma do Deep Purple da minha fase".
Era brincadeira, mas Hughes levou a sério. E hoje, aos 63 anos de idade, o baixista mostra que levar a sério esse tipo de compromisso e mais ainda a sua carreira. E mostra que está muito mais em forma do que a antiga voz do Led Zeppelin.
E é isso que os brasileiros vão conferir nesta semana, com a voz do rock, apelido que ganhou e que o enche de orgulho, tocando em seis datas pelo Brasil – em São Paulo, o show é no dia 16 de agosto, no Carioca Club.
Glenn Hughes está cantando melhor do que nunca. Quem ouviu os três álbuns do Black Country Communion, supergrupo liderado por ele e pelo guitarrista Joe Bonamassa, ficou impressionado como ele ainda consegue mostrar potência e qualidade mesmo depois de 48 anos na estrada.
Já Plant foi mais castigado pelo tempo e pelos excessos dos tempos do Led e viu sua voz desaparecer, o que o obrigou a mudar radicalmente a forma de cantar nos anos 90 – não só isso, ele teve de mudar de gênero musical, caindo de cabeça na country music e no folk.
Geniozinho precoce
Prodígio do baixo e com voz extremamente privilegiada, Hughes logo foi considerado um geniozinho da música na adolescência e era uma estrela na região de Birmingham e Wolverhampton. Já aos 15 anos tinha passado por uma série de bandas, sempre mirando o estilo de gente como Beatles, Yardbirds, Kinks e o blues norte-americano.
Em 1970, aos 18 anos, criou o Trapeze, que variou no começo entre um trio e um quarteto, para depois se estabilizar com Hughes no baixo, Mel Galley nas guitarras e Dave Holland na bateria, na formação clássica.
Insuflado por amigos e por fãs, em algum momento Hughes realmente achou que era um astro e gênio no final da adolescência, mas o Trapeze demorou para conseguir algum reconhecimento, e ainda assim não estourou.
Entretanto, foi o suficiente para catapultar o baixista e vocalista para o Deep Purple em 1973, na vaga deixada por Roger Glover. Imaginou que seria também o vocalista, mas teve de aturar a chegada de David Coverdale no lugar de Ian Gillan. As rusgas do tempo de Deep Purple deram lugar a uma amizade duradoura entre os dois a partir do final dos anos 70.
Astro e com a condição de prodígio da música reconhecida no Deep Purple, teve pouco tempo para desfrutar a glória, já que o grupo implodiu em 1976.
Em meio aos excessos de drogas e bebidas, conseguiu gravar ainda em 1977 o seu primeiro álbum solo, "Play Me Out", dando pistas que seguiria firme na trilha da soul music. O álbum é muito bom, mas teve pouca repercussão.
A partir de então sua carreira teve mais baixos do que altos até o começo dos anos 90. Colaborou com muitos artistas, fez participações especiais em álbuns de milhões de cantores e bandas, mas nada de grande repercussão.
Em 1982 gravou o excelente "Hughes/Thrall", ao lado do guitarrista Pat Thrall (que tocaria no Asia anos depois), mas o trabalho foi ignorado pelo mercado. Três anos depois gravou algumas músicas com o guitarrista Gary Moore, e duas delas foram utilizadas no álbum "Run for Cover", de Moore.
Sem perspectivas e cada vez mais afundado nas drogas, o que parecia ser a salvação se mostrou um completo desastre, ao menos em termos pessoais. Tony Iommi tentava em 1984 juntar os cacos de mais uma separação do Black Sabbath e pretendia gravar um álbum solo. Interessou-se pelo bom desempenho do amigo Hughes com Gary Moore e o convidou para o seu projeto no ano seguinte.
Parecia que ia dar certo, até que a gravadora obrigasse Iommi a lançar o trabalho como Black Sabbath, e não só com o seu nome. Se alternativas, criou-se uma nova versão do Sabbath, o que desagradou profundamente o baixista.
"Seventh Star" saiu em 1986 e é um álbum surpreendentemente bom, dadas as circunstâncias e as turbulências pessoais de Hughes. Há pelos menos três clássicos do heavy metal no trabalho: "No Stranger to Love", "Heart Like a Wheel" e "Seventh Star".
Mas os abusos do baixista com as drogas começaram a cobrar o seu preço ao final das gravações e no início da turnê norte-americana de 1986. Brigando com todo mundo e cantando muito mal, Hughes saiu após o quarto show da tour e foi substituído às pressas por Ray Gillen (Badlands). No fundo do poço, ficou no ostracismo por seis anos, entrando e saindo algumas vezes em clínicas de reabilitação.
Renascimento
Desaparecido, finalmente ressurgiu em 1992 com o seu segundo álbum solo, "Blues", um estupendo álbum de hard rock , lançando dentro da série "L.A. Blues Authority". Revigorado e longe das drogas e das bebidas, um novo artista dá as caras: profissional, focado e obsessivo com o trabalho.
Desde então lançou mais 14 álbuns solos, sendo três ao vivo. Cada vez mais funky e mergulhado na soul music, não esqueceu o hard rock em álbuns importantes, como "Building Machine" e "Return to the Crystal Karma". O lado soul aflora em ótima qualidade em "Fron Now On" e "Addiction". O metal não ficou longe: voltou a trabalhar com o amigo Tony Iommi, com quem gravou dois álbuns, "Dep Sessions" e "Fused", excelentes, por sinal.
Admirado pela velha guarda do rock e pelos artistas mais novos, surpreendeu todo mundo quando aceitou trabalhar com o então novo amigo Joe Bonamassa, prodígio da guitarra blueseira dos anos 2000.
Formaram o Black Country Communion em 2010 ao lado de Jason Bonham (bateria, filho de John Bonham, do Led Zeppelin) e Derek Sherinian (teclados, ex-Dream Theater) sob a inspiração de Kevin Shirley, grande produtor de Iron Maiden e Dream Theater, entre outros. O sucesso foi imediato, com o lançamento ainda em 2010 do primeiro álbum da banda, autointitulado.
O sucesso já indicava, por outro lado, uma grande dificuldade, prevista por Hughes desde o começo: a quantidade insana de projetos e trabalho de Bonamassa, que poderia inviabilizar a realização de turnês. O guitarrista, em dois anos, gravou e lançou quatro álbuns solo (um ao vivo), quatro com o Black Country (um ao vivo) e outro com a cantora norte-americana Beth Hart.

Black Country Communion: da esq. para a dir., Hughes, Joe Bonamassa, Derek Sherinian e Jason Bonham (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Hughes tinha razão: o workaholic Bonamassa praticamente implodiu a banda neste final de 2012, durante as gravações e lançamento de "Afterglow", outro maravilhoso álbum do grupo.
O baixista e vocalista não perdeu a oportunidade de criticar o colega por não encontrar tempo para o Black Country e continuar privilegiando a carreira solo no mesmo patamar de importância. E vaticinou há dois meses: "Afterglow" é provavelmente o último trabalho da banda, já que ele "precisa estar em constante atividade com uma banda fixa e coesa".
E, mesmo aos 63 anos de idade, não quer saber de tirar o pé: substituiu Bonamassa pelo jovem Andre Watt e criou o California Breed, trio que também contou com o já não tão amigo Jason Bonham, em 2013.
Durou só um ano, e o baixista já tinha resgatado sua carreira solo e um projeto chamado Kings of Chaos, onde juntou vários amigos para brincar com temas do classic rock. Olhando por esse lado, quem é que é mesmo workaholic?
SERVIÇO SÃO PAULO
Data: 16 de agosto
Local: Carioca Club
End: Rua Cardeal Arcoverde, 2899 (próximo ao Metrô Faria Lima)
Hora: 19h
1° lote – Pista: R$ 100,00 (estudante/promocional) | R$ 200,00 (inteira)
1° lote – Camarote: R$ 160,00 (estudante/promocional) | R$ 320,00 (inteira)
Pontos de venda: Loja 255 (Galeria do Rock) e Carioca Club
Ingresso online: http://www.clubedoingresso.com/glennhughes
Ingresso online: https://ticketbrasil.com.br/show/3131-glennhughes-sp/
Pontos de venda:
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Classificação etária: 16 anos
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