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Bill Ward, ex-Black Sabbath, retorna com álbum solo

Combate Rock

21/06/2015 06h50

Dum de Lucca – do site Jukebox

Após a, no mínimo estranha exclusão do baterista Bill Ward do Black Sabbath, incluindo a retirada de suas imagens de fotos antigas da banda, o músico volta com garra e fome com um CD inédito. Trata-se de "Accountable Beasts", uma reunião de canções produzidas na medida para referendar, ou confirmar, todo peso que reflete a própria história de vida de Bill.

O baterista empresta suas batidas para sete das nove faixas do álbum, ao lado do guitarrista e tecladista Keith Lynch, o baixista Paul Ill, os bateristas Ronnie Ciago e Walter Earl e uma série de vocalistas, incluindo sua filha Emily.

O disco começou a ser produzido em 2011, quando ele ainda esperava se reunir com sua antiga banda, o Black Sabbath. Após a frustrante espera, a disputa de um contrato em 2012, e a saída oficial, ficou doente, o que também atrasou a progressão do disco.

O álbum, se não pode ser chamado de magnifico, é honesto e, além de carregar as batidas furiosas e potentes que caracterizam sua pegada, mais guitarras e arranjos de puro hard rock tradicional, ainda incorpora matizes de sonoridades mais modernas, ao lembrar em algumas faixas bandas como Queens Of The Stone Age.

A faixa título demonstra isso com a quebradeira, alterações no andamento, climas soturnos, o que, óbvio, também são recursos reconhecidos no Black Sabbath, especialmente na primeira e mais relevante fase, com Ozzy Osbourne.

BillWardAccountableBeasts

Na verdade, "Accountable Beasts" tem uma onda meio conceitual, com ideias interessantes, mas talvez pudessem ter sido melhor executadas se houvesse um orçamento maior ou produção mais bem-acabada. Mesmo assim, é importante por se tratar da volta de um mito do rock.

O trabalho as vezes soa como uma opereta, com as vibrações de um Pink Floyd goth, e as guitarras de Keith Lynch usadas frequentemente com riffs separados por muito espaço.

 

Um dos méritos de Bill Ward é não ter medo de expor suas ideias, e o lado tenebroso de "Accountable Beasts" foi parido pelas experiências marcantes pelas quais ele passou: abandono, excesso de álcool e drogas.

Definitivamente, o trabalho é cheio de retalhos, sensações, partes musicais e letras densas, como em, por exemplo, "Katastrophic World" uma canção sombria que passeia pelo progressivo com uma guitarra que corta a melodia todo tempo. Já "Leaf Killers", onde Emily Ward rasga a voz, é um interessante mix de opera e rock.

Nada novo, mas de certa forma, resgata a bagagem musical do artista, inegavelmente um dos mais influentes bateristas de todos os tempos.

Enfim, "Accountable Beasts" pode não ser nada de excepcional, e muito menos traz alguma novidade, mas é super valido para fãs, assim como para os mais jovens que podem ouvir um CD honesto, pois de certa forma resgata a própria autoestima de Bill, e foi feito com perseverança e sem subterfúgios, truques, ou intenções que não sejam música pura. Se me perguntarem se o CD vale, respondo que SIM, muito.

Não apenas por ser de um mito do Rock, mas essencialmente por ser melhor do que o material que grande parte das novas bandas de metal têm criado.

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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