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Lançamentos no classic rock - Rory Gallagher, Jack Bruce, Humble Pie...

Combate Rock

30/03/2015 06h34

Marcelo Moreira

Depois de um período de poucos lançamentos, eis que as gravadoras que sobraram começam a soltar coisas muito interessantes que estavam enfurnadas nos baús de bandas de classic rock. E o começo de 2015 está recheado de CDs suculentos, ainda que, por enquanto, disponíveis apenas digitalmente em lojas do exterior.

O mago irlandês Rory Gallagher tem o melhor pacote dos lançamentos. "Irish Tour '74" foi considerado um dos melhores álbuns ao vivo dos anos 70, mostrando o endiabrado guitarrista em fantásticas performances ao vivo.

A caixa de 8 CDs lançada recentemente, como parte do aniversário dos 40 anos do álbum, é maravilhosa por trazer vários registros daquela turnê, e não apenas as poucas músicas contidas no LP original. Era o auge da carreira meteórica do irlandês que adorava encher a cara e que já começava a ser cobiçado por grandes bandas.

Ao lado de Gerry McAvoy (baixo), Rod De'ath (bateria) e Lou Martin (teclados), Gallagher desconstrói o blues com ferocidade poucas vezes vista e consegue resultados surpreendentes. Rato de palco, poucos tinham a mesma energia, seja em festivais ou em pubs.

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São 7 CDs e um DVD, contendo um documentário muito legal da turnê dirigido por Tony Palmer. Em relação ao áudio, são apresentações na íntegra – duas em Dublin, uma em Cork (interior da Irlanda) e outra em Belfast, na Irlanda do Norte.

Os dois primeiros CDs, gravados em 5 de janeiro de 1974 em Cork, são os mais interessantes e eletrizantes, com Gallagher barbarizando e mergulhando de cabeça em solos intensos, quase que antecipando o estilo elétrico de Angus Young no AC/DC.

O começo do show já vale o pacote, com uma sequência de pancadas atordoantes, como "Messin' With The Kid", "Cradle Rock", "I Wonder Who" e "Tattoo'd Lady". NO show de Dublin, no dia 2 de janeiro, um destaque especial para uma outra sequência destruidora – "Too Much Alcohol", "A Million Miles Away" e "As The Crow Flies".

Os ingleses do Humble Pie, monstros do blues rock que ajudaram a criar o hard rock, reaparecem em um CD sem muitas informações, mas de qualidade excelente. "FM Broadcast Humble Pie Live" resgata a tradição de álbuns ao vivo ótimos da banda, ao trazer um show realizado em Londres em 1973.

O guitarrista Dave "Clem" Clemson já tinha substituído Peter Frampton, e deixou o som da banda mais pesado e bruto, enquanto que o vocalista e guitarrista Steve Marriott puxava o som mais para o soul e o rhythm and blues.

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O repertório é muito parecido com o do CD da série "King Biscuit Flower Hour", programa de rádio dos anos 70 que registrou um show do grupo na mesma época.

"Four Day Creep" é uma pancada sonora, um legítimo hard rock setentão, enquanto "Stone Cold Fever" e "30 Days in the Hole" adiciona guitarras frenéticas e suingadas a rocks vigorosos. "Honky Tonk Women", dos Rolling Stones, ganha mais peso e virtuosismo, assim como a versão extraordinária do blues "Roadrunner".

O baixista escocês Jack Bruce, ex-integrante do Cream e morto no ano passado, anha uma bela homenagem do selo alemão Rockpalast, ligado ao famoso programa de TV alemão que até hoje exie shows ao vivo de rock.

"The 50th Birthday Concert" é o registro de duas megaapresentações do músico na cidade de Colônia, na Alemanha, nos dias 2 e 3 de novembro de 1993, aniversário de 50 anos de Bruce, que recebeu vários convidados, como Gary Moore, Dave Clemson e Ginger Baker.

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São vários formados – CD simples, CD duplo, DVD duplo e CD mais DVD duplo. Em frma, antes dos problemas graves no fígado que viria a ter, Bruce canta divinamente e está mais exuberante do que nunca no baixo, adicionando cores difrentes a clássicos de sua carreira.

"Life on Earth" e "Statues" ressaltam a versatilidade do baixista no jzz, no blues e no pop, assim como "First Time I Met the Blues", "Born Under a Bad Sign" e "Theme From an Imaginary Western".

O principal, no entanto, está na segunda parte, quando surgem os clássicos do Cream e as participações de Gary Moore e Ginger Baker, que já tinham se reunido no BBM (Baker, Bruce and Moore).

"NSU", "Sitting on the Top of the World" e "Politician" se repetem com e sem Moore e Baker, mas é com os dois que as pérolas do Cream ganham mais vida e peso, sem contar o virtuosismo. "Spoonful" e "White Room" encerram magistralmente o concerto.

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Os também ingleses do Ten Years After também eram conhecidos por sua excelência em cima do palco, com seu blues rock acelerado e frenético, com outro mago da guitarra, Alvin Lee, que já foi o mais rápido guitarrista dos anos 70.

De ícone do rock e do blues britânico no começo dos anos 70, a banda se tornou cult com o primeiro fim, no final de 1975. Alvin Lee seguiu com uma consistente carreira solo até sua morte, em 2013, aos 68 anos, enquanto que os ex-colegas ensaiaram várias voltas sem sucesso ao longo dos anos – em 1989, com o próprio Lee.

No anos 90, o baterista Ric Lee e o tecladista Chick Churchill estabilizaram o grupo, que se mantém na ativa (coisa que desagradava Alvin profundamente), mas sem o baixista original Leo Lyons. Hoje com Marcus Bonfanti na guitarra e vocais e a lenda Colin Hodgkinson (ex-Gary Moore, Jon Lord Band, The Rhythm Kings e muitos outros) no baixo, o grupo não faz feio, mas está bem longe de brilhar.

"The Name Remains the Same" é o mais recente álbum ao vivo, gravado no ano passado, regravando sucessos do passado com competência, ms sem grande inspiração. Claro que estão no CD os clássicos "Choo Choo Mama", o hino "I'm Going Home" e "Good Morning Little Schoolgirl".

Por fim, vale mencionar outro bom produto da série Rockpalast. "Molly Hatchet – Live At Rockpalast 1996" é o registro em CD da banda norte-americana de southern hard rock em show na Alemanha – o DVD saiu em 2013.

Já bastante modificado após 20 anos de carreira (na época), o quinteto detonou nas versões de hits como "Whisky Man", "The Journey", "It's All Over Now" e "Rolling Thunder", que revelam um show de guitarras pesadas e precisas e uma performance de muita qualidade.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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