Músicos, aceitem: ninguém mais paga por música
da equipe Combate Rock
Muita reflexão, pouca solução. O mercado musical ainda se debate com as discussões a respeito de como conseguir lucro ou faturamento em um mundo tomado pela pirataria, pelos downloads ilegais e pelo fim das gravadoras. Artistas ainda pensam no formato antigo, com a cabeça nos anos 90, achando que vender música ainda dá dinheiro.
O texto abaixo, de autoria de Ari Herstand, tenta convencer o músico de que ele deve esquecer qualquer ilusão a respeito de seu trabalho autoral, já que hoje "ninguém mais está disposto a pagar por música, ou comprar música", o que é uma constatação trágica da extrema desvalorização da arte como bem cultural. O texto foi reproduzido pelo site Playa del Nacho:
É quase que um ritual de passagem pelo qual todo artista passa na indústria musical moderna. O momento em que ele aceita que ele não poderá depender de vendas de sua música para sustentar sua carreira. Que as pessoas não compram mais música como costumavam. E nunca mais voltarão a comprar.
Poucos anos atrás, parecia que todo artista estava penitenciando os fãs por baixarem músicas ilegalmente. Sobre como isso afeta as bandas. Os produtores. Os músicos de estúdio. As gravadoras [bem, nenhum fã se importa com elas]. Os compositores. E a indústria como um todo. Todos lembramos do argumento 'baixar música ilegalmente é como roubar um micro-ondas de uma loja'. Todos nós acreditamos naquilo. Bem, quero dizer, os músicos e a indústria acreditaram. Os fãs? Nem tanto.
A RIAA processou mais de 35 mil fãs por baixarem músicas ilegalmente na metade da primeira década deste século. Ficávamos sabendo de pessoas de 12 anos sendo processadas em centenas de milhares de dólares. Avós cujos netos baixaram músicas em seus computadores e foram levadas para o fórum e forçadas a declarar falência. Um avô chegou a morrer durante um litígio do tipo e a RIAA comunicou à família dele que eles tinham 60 dias de nojo – e depois, eles que pagassem.
Realmente, um excelente modo de convencer aos maiores fãs de música. Processá-los. Certeza que isso vai ensinar a eles.
Mas não ensinou. As vendas nunca mais subiram. E agora anuncia-se que os downloads pagos feitos pelo iTunes cairão em 39% nos próximos cinco anos. A receita decorrente dos serviços de streaming não compensa as perdas em vendas para os músicos.
E ainda não se sabe se isso ocorrerá a longo prazo. Mas, infelizmente, ao contrário das vendas, a receita do streaming requer números enormes para ver um movimento significante.
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