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'High Voltage' , o LP australiano, disparou o foguete AC/DC 40 anos atrás

Combate Rock

18/02/2015 06h47

Marcelo Moreira

O AC/DC só tem a comemorar em 2015. Depois de ressuscitar mais uma vez após a perda de dois membros da formação mais duradoura, a banda mostrou carisma, qualidade de força ao tocar na cerimônia Grammy 2015, mostrando que está pronta para a turnê mundial deste ano. E a ressurreição, curiosamente, ocorreu pouco antes de uma marca importante: os 40 anos do lançamento do primeiro álbum da banda, "High Voltage", na Austrália, em fevereiro de 1975.

Campeão de vendas em sua terra por adoção, o álbum ficou restrito à Oceania porque não havia acordo entre a banda e uma gravadora internacional, por mais que os empresários e os produtores tivessem contatos em Londres e em Los Angeles.

"High Voltage" australiano é diferente da versão que surgiu na Inglaterra, e depois nos Estados Unidos, em 1976. Já começa abrindo com a clássica "Baby Please Don't Go" e tinha como destaques "Soul Stripper", "She's Got Balls" e "You Ain't Got a Hold on Me" – curiosamente, sem a faixa-título, que apareceria só no álbum seguinte.

O AC/DC já mostrava uma mistura bem calibrada de hard rock, rock'n'roll, blues e um certo boogie que somente  Status Quo conseguia imprimir a seu som. Estourou bem rápido em Sydney, Melbourne e Perth, grandes cidades australianas, mas cada uma com uma cena musical própria.

O grupo teve de fazer uma tour cansativa e nem sempre lucrativa turnê pelo país para divulgar o álbum, o que consolidou a fama de principal artista pop nacional. O problema é que não era suficiente, já que a Oceania, com a Austrália e a Nova Zelândia, [e mercado bastante restrito era bastante restrito e que tinha pouco investimento.

AC/DC em 2014, logo após a saída de Malcolm Young e a prisão de Phil Rudd: da esq. para a dir., Cliff Williams, Brian Johnson, Steve Young e Malcolm Young (FOTO: DIVULGAÇÃO)

AC/DC em 2014, logo após a saída de Malcolm Young e a prisão de Phil Rudd: da esq. para a dir., Cliff Williams, Brian Johnson, Steve Young e Malcolm Young (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Quando a banda já se preparava para enfim tentar a sorte em Londres, em 1976, em uma jornada não tão bem sucedida, saiu o segundo álbum na Austrália, "T.N.T.", no finalzinho de 1975. Apesar de conter pérolas roqueiras que ficariam mundialmente famosas, como "High Voltage", "It's a Long Way to the Top (If You Wanna Rock 'n' Roll)", "T.N.T." e "Live Wire", o álbum teve menos impacto do que a estreia, mesmo com boas vendas.

O caminho estava pavimentado, embora a estadia na Inglaterra em boa parte do ano de 1976 tenha sido de muito sacrifício e também muita decepção. Mas, ao contrário do que se imaginava, não voltaram para a Austrália como derrotados, mas assim como desbravadores  e corajosos, que preparavam nova investida.

Antes heróis locais, foram recebidos com certa frieza, mas logo recuperaram o prestígio em casa, só que perceberam o óbvio: meses depois da partida para a aventura londrina, o mercado por ali continuava na mesma pasmaceira, com boas bandas conseguindo sucesso efêmero e logo caindo no ostracismo. Não tinha jeito, teriam de tentar de novo o sucesso na Europa, no final de 1976 e em 1977. Só que desta vez apareceu uma chance de tocar nos Estados Unidos também, e finalmente as coisas mudaram, e o AC/ Dc começou a decolar.

Só para registrar: a versão que todos conhecemos de "High Voltage", a mesma lançada na Europa, nos Estados Unidos e na América do Sul em 1976, é um crime contra a discografia de qualquer banda. Não passa de uma coletânea com músicas dos dois primeiros álbuns australianos, uma mutilação imperdoável.

O álbum é ótimo mas, quando se sabe que foi um arranjo desnecessário de gravadoras – e pior, sem que houvesse qualquer aviso na capa – , fica um gosto ruim de decepção. De qualquer forma, há 40 anos foi "High Voltage", a versão australiana, dava início à carreira discográfica de um gigante do rock.

"High Voltage" – versão australiana de 1975

ac1

"Baby, Please Don't Go" (Big Joe Williams)
"She's Got Balls"
"Little Lover"
"Stick Around"
"Soul Stripper"
"You Ain't Got a Hold on Me"
"Love Song"
"Show Business"

"T.N.T." – segundo álbum australiano, de 1976

ac2

"It's a Long Way to the Top (If You Wanna Rock 'n' Roll)"
"Rock 'N' Roll Singer"
"The Jack"
"Live Wire"
"T.N.T."
"Rocker"
"Can I Sit Next to You Girl" (Young, Young)
"High Voltage"
"School Days" (Chuck Berry)

ac3

"High Voltage" – versão americana e inglesa, de 1976

"It's a Long Way to the Top (If You Wanna Rock 'n' Roll)"
"Rock 'n' Roll Singer"
"The Jack"
"Live Wire"
"T.N.T."
"Can I Sit Next to You Girl" (Young, Young)
"Little Lover"
"She's Got Balls"
"High Voltage"

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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