AC/DC salvou o Grammy 2015 do completo desastre
Marcelo Moreira
Ver Paul McCartney, Tony Bennet e vários artistas de country e rap curtindo AC/DC no Grammy 2015 foi impagável. Melhor do que isso: metade da plateia usando os famosos chifrinhos luminosos geralmente distribuídos nos shows – e quem usava era a parcela da indústria fonográfica, engravatados e patricinhas que não entendem de música e que não sabiam o que estava acontecendo.
Foi bom ver o AC/DC, atração principal, retornar aos palcos, mesmo para uma rápida passagem de cinco minutos no cada vez mais intragável Grammy. "Rock or Bust" e "Highway to Hell" agitaram o ambiente, colocando um pouco de música decente em meio a lixos country, lixos rap, madonnas e ladys gagas da vida, uma gigantesca lata de lixo reunida em uma cerimônia que perde o sentido a cada ano.
E foi necessária uma banda de sexagenários para levar rock de verdade à cerimônia. O retorno de Chris Slade à bateria, no lugar de Phil Rudd, foi a escolha acertada, apesar dos 68 anos de idade – a mesma do vocalista Brian Johnson. Só para constar, os mais novos são os guitarristas, Angus Young, que faz 60 anos este ano, e seu sobrinho Steve (que substitui o outro tio, Malcolm), que completa 59 em breve. Steve é filho de Stephen, o mais velho de todos oito irmãos Young, 20 anos à frente de Angus, o mais novo.
Como era de se esperar, e ainda bem, o AC/DC, fez o mesmo de sempre, com competência e qualidade. Chris Slade, em sua reestreia, mostrou-se comedido e contido, respeitando as linhas mais simples das duas músicas, embora, ligeiramente, soasse um pouco mais pesado do que Rudd. Já o sobrinho Steve manteve o que foi acordado quando de sua entrada: discrição, precisão e concentração, repetindo de forma impressionante o comportamento de Malcolm.

AC/DC no final de 2014: da esq. para a dir., Brian Johnson (vocais), Steve Young (guitarra), Angus Young (guitarra) e Cliff Williams (baixo). O baterista Chris Slade só foi anunciado como substituto de Phil Rudd na semana passada, três dias antes do show no Grammy 2015. De forma prudente, a banda evita informar se a substituição de Rudd é temporária ou definitiva, em razão dos problemas deste com a Justiça da Nova Zelândia, onde mora (FOTO: DIVULGAÇÃO)
As turbulências foram graves e é claro que abalaram a estrutura do AC/DC, mas o grupo faz, novamente, o que sempre fez: toca em frente. Durante a turnê mundial deste ano será possível avaliar com clareza até que ponto as saídas de Malcolm e Rudd modificaram a estrutura da banda e afetaram o som.
Steve Young, que poderia ser o elo mais frágil, é muito experiente, já que praticamente tem a mesma idade de Angus e Malcolm, tratando-os mais como primos do que como tios. Assim como eles, teve a mesma cultura musical da família, desde as tentativas do tio Alex de se tornar músico na Inglaterra até acompanhar o sucesso local de outro tio, George, com os Easybeats na Austrália.
Também esteve bastante envolvido com os bastidores do AC/DC desde a fundação da banda, em 1974, tendo inclusive substituído Malcolm na turnê de 1988 e 1989, enquanto o tio se tratava do alcoolismo em uma clínica de recuperação. Sua carreira musical na Austrália, entretanto, foi discretíssima com as bandas The Stabbers, Prowler e Tantrum, nos anos 70, e com os Starfighters, banda inglesa de hard rock/metal tradicional de pouco sucesso, nos anos 80.
Existe uma chance enorme de o AC/DC passar pelo Brasil em setembro, provavelmente para dois shows, um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro. Mesmo com a formação desfigurada, será u dos grandes eventos roqueiros do ano no Brasil, caso a passagem por aqui seja confirmada.
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