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Richard Page, uma das estrelas da banda de Ringo Starr

Combate Rock

01/02/2015 14h00

Diogo Salles – do site Geek Musical

Richard Page não é uma figura tão conhecida do público brasileiro, mas certamente muita gente já ouviu sua voz nas rádios, através do hit oitentista "Broken Wings", de sua banda pop Mr. Mister. Mas por trás de todo One Hit Wonder há sempre uma boa história.

E Page certamente tem muito a oferecer aos geeks musicais. Sua carreira na indústria da música começou nos anos 70, como músico de estúdio, trabalhando com artistas dos mais variados gêneros.

Suas contribuições vão desde o pop chiclete de Kenny Loggins ao metal farofa do Motley Crue e do Twisted Sister. Em 1978 ele montou a banda Pages ao lado do tecladista Steve George. Depois de três discos sem sucesso, formou o Mr. Mister com George, o guitarrista Steve Farris e o baterista Pat Mastelotto (que passou a integrar o King Crimson a partir de 1994).

O primeiro álbum I Wear The Face saiu em 1984 e teve recepção tímida. Foi com o platinado Welcome To The Real World (1985) que eles chegaram ao #1 das paradas americanas e #6 no Reino Unido.

O mesmo sucesso não se repetiu em Go On (1987) e a banda se desfez pouco depois. Dos anos 90 em diante, Page se dedicou basicamente a projetos solo, até que em 2010 recebeu o convite de Ringo Starr para integrar sua banda.

Com a All Starr Band, ele esteve no Brasil em 2011 e volta agora em fevereiro ao país para shows em São Paulo (dia 25, no HSBC Brasil) e no Rio (dia 27, no Vivo Rio). O Geek Musical conversou com Richard Page por e-mail.

Mr. Mister: Steve Farris (G), Richard Page (V+B), Steve George (K) e Pat Mastelotto (D) (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Mr. Mister: Steve Farris (G), Richard Page (V+B), Steve George (K) e Pat Mastelotto (D) (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Em breve você estará no Brasil com a All Starr Band do Ringo. O que o público brasileiro pode esperar dessas apresentações?
Um hit atrás do outro, muita musicalidade, um Beatle e muita diversão.

A All Starr Band já teve baixistas lendários como Jack Bruce e John Entwistle e artistas como Peter Frampton e Colin Hay. Como é fazer parte dessa "irmandade" dos Beatles?
É fantástico. Quando eu tinha 10 anos, época em que eu aprendia músicas dos Beatles no violão, se alguém dissesse que eu estaria com um deles no palco, eu diria que essa pessoa estava louca.

A formação atual tem você, Steve Lukather (Toto), Gregg Rolie (Santana e Journey) e Todd Rundgren (Nazz, Utopia e The New Cars). Como vocês montam o setlist, com tantas bandas envolvidas? E como vocês montam suas agendas de shows sem que ela interfira em projetos paralelos?

Nós simplesmente escolhemos as músicas que se tornaram mais populares. As que o público identifica e gosta de ouvir. Quanto à agenda, todos na banda tem a All Starr como prioridade, então até hoje não houve qualquer conflito nesse sentido.

"Broken Wings" e "Kyrie" fazem parte do setlist. Quão difícil é para você atingir as notas mais altas? Qual o seu segredo para manter a voz em condições de cantar as músicas sem alterar a afinação dos instrumentos?

Não estou certo de que há um segredo. Felizmente fui agraciado com uma boa saúde para manter meu alcance vocal. Se eu estivesse cantando durante as duas horas do show, poderia ter problemas, mas só canto minhas três músicas e faço backing nas outras.

Falando do Mr. Mister, a banda lançou Pull em 2010, 20 anos depois de ser composto. Quanto do disco foi retrabalhado? O que houve entre vocês e a gravadora em 1990?

Não houve nenhum retrabalho no disco. Apenas masterizamos e lançamos. O que houve é que a nossa gravadora estava mudando toda a sua diretoria executiva. Eles acharam que o disco não iria vender e se recusaram a lançá-lo. Pouco depois a banda acabou. Durante todo esse tempo tentei sem sucesso recuperar o álbum com a RCA. Até que consegui alguns anos atrás.

Os primeiros discos do Mr. Mister tem uma forte influência de The Police e na metade dos anos 80 havia um burburinho sobre sua semelhança com Sting. Como você vê isso hoje?

Apenas dois caras loiros tocando baixo e cantando com vozes agudas. Nada além disso.

Depois do enorme sucesso de Welcome To The Real World, havia pressão comercial para manter a banda no topo. Quanto isso interferiu no processo criativo nas gravações de Go On?

Para falar a verdade, nós não pensamos nisso na época. Achamos que nossos fãs gostariam das músicas que estávamos criando – e gostaram. Nós apenas não tivemos singles no Go On como tivemos no Real World.

Falando do Go On, foi ali que as tensões começaram, o que levou à saída de Steve Farris da banda. O que deu errado e o quanto as baixas vendagens podem acabar com uma banda?

Pessoas mudam, circunstâncias mudam. Não acredito que algo tenha "dado errado". Em retrospecto, acho até que as coisas deram certo… Para mim, pelo menos.

Você algum dia pensou em reunir a formação original do Mr. Mister para uma turnê? Quais as chances de isso acontecer?

Já pensei nisso, sim, mas até o momento a proposta certa ainda não se materializou.

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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