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Metallica e o metal de condomínio

Maurício Gaia

28/01/2015 07h00

Mauricio Gaia

O Metallica é uma banda incomum: fez a trajetória do thrash metal independente para o metal para as massas. E é aí que reside um de seus problemas.

Metallica, nos tempos do Garage Inc. (Foto: Divulgação)

Metallica, nos tempos do Garage Inc. (Foto: Divulgação)

A escolha que a banda liderada por James Hetfield e Lars Ulrich fez a partir do álbum "…And Justice For All" acabou resultando num subgenêro bastardo do heavy metal, o "metal de condomínio" –  aquele que você pode tocar no batizado de afilhado, que vovó aprova, todos gostam. Da mesma forma que o os neo-sertanejos, o metal de condomínio não oferece riscos, é bem comportado e, por debaixo de alguma camiseta de banda, pode se esconder um suéter, pra evitar pegar friagem, como já dizia mamãe.

Os fãs mais antigos podem até alegar que o "Metallica de raiz" está muito longe do que a banda se tornou hoje e chegam a argumentar "ah, mas quando o Cliff Burton estava vivo não era assim". Pode até ser, mas Burton morreu há 29 anos e a banda tem mais tempo de vida sem seu ex-baixista do que com ele. E sempre podemos lembrar que o pequeno barraco envolvendo a dispensa de Dave Mustaine ainda ocorreu na "Era Burton".

O comportamento de menino mimado, dono da bola em que só ele pode fazer gol, sempre foi recorrente na carreira da banda – além da ruidosa demissão de Mustaine, há a saída de Jason Newsted, que sempre tratado com sarcasmo e desprezo pelos ex-companheiros, isso sem falar na questionável postura de Ulrich no processo contra Napster (e o solidário silêncio de seus colegas de banda e, claro, gravadora). Sobre isto, melhor deixar Eric Cartman e sua turma explicarem melhor (veja vídeo abaixo)

O rock, em geral, e o heavy metal, em particular, precisa de uma boa dose de perigo, de dentes rosnando. Por mais que Hetfield e seus sócios arreganhem os dentes, lembre-se: na festa de fim de ano da sua família tocou "Nothing Else Matters" e ninguém ficou horrorizado. Sinto falta da época em que meus tios pensavam que os fãs e músicos de metal pintavam pentagramas na parede, enquanto invocavam Belzebu…

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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