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Aproveite o bom momento do blues nacional em ótimos CDs - parte 2

Combate Rock

05/11/2014 06h49

Marcelo Moreira

As boas novidades do blues continuam em 2014 com os novos álbuns do gaitista Sergio Duarte e da dupla Ari Borger e Igor Prado (bem, não tão novos assim, mas que têm qualidade ótima . Duarte deixou de lado a banda Entidade Joe desta vez para gravar "Acoustic Blues Harp" com a dupla Celso Salim (guitarra e dobro) e Rodrigo Mantovani (baixo acústico), tendo como companhia ainda o excelente guitarrista Leo Duarte, o jovem filho do gaitista.

"Acoustic Blues Harp", seu terceiro disco,é uma aula de blues tradicional. São 13 temas, três clássicos do blues norte-americano e dez composições próprias, todos gravados em São Paulo. Duarte explora caminhos que só gente competente trilha, com timbres limpos e técnica impecável.

Apostando na recriação de standards do gênero dos anos 40 e 50, escolheu as pessoas certas para gravar clássicos como "Little Red Rooster", "Worried Life Blues" e "Tell Me Baby", Salim e Mantovani fazem um repertório semelhante, de forma acústica.

A produção manteve o clima rústico, com a captação crua da sonoridade blueseira vintage, em performances ao vivo no estúdio bem azeitadas. Um trabalho de excelente bom gosto, lançado pela Chico Blues Records.

Celso Salim (esq.), Sergio Duarte (centro) e Rodrigo Mantovani (foto: DIVULGAÇÃO)

Ari Borger e Igor Prado, colaboradores de longa data, retomam a parceria em mais um projeto que privilegia o boogie woogie, uma das especialidades do pianista Borger. O guitarrista e vocalista Igor Prado é um dos nomes mais conhecidos da cena, seja com sua antiga banda solo ou com a Prado Blues Band, que fez vários trabalhos com Flávio Guimarães.
Prado é um dos mais ativos militantes do blues e é o responsável, entre outras coisas, pela vinda de três gaitistas californianos em 2013 para uma longa turnê pelo interior de São Paulo – Mitch Kashmar, Rod Piazza e Lynwood Slim.

O novo trabalho da dupla, "Lowdown Boogie", mais uma obra da Chico Blues Records, tem a direção artística de Prado, que divide os créditos de produção com Borger e Chico Blues.

Com o astral lá em cima e arranjos surpreendentes para músicas já conhecidas, a dupla mostrou um trabalho sofisticado e coeso, sem que haja a predominância do poderoso som de Borger ou da refinada técnica de Prado.

"Fat Means & Greens", de Edgar Hayes, "Rockin' at the Philarmonic", de Chuck Berry, e "Boogie Woogie Barbecue", de John Hardee, ganham novas releituras, eletrizantes e interessantes, com uma pegada típica dos anos 50, mas com arranjos versáteis e modernos.

A dupla ainda teve o privilégio de ter como convidados o fantástico guitarrista norte-americano Junior Watson e o saxofonista também americano Sax Gordon, ambos amigos de longa data de Igor Prado. Completam o time o quase onipresente Rodrigo Mantivani, o baterista Yuri Prado (irmão de Igor) e o saxofonista Denilson Martins. Escute com prazer duas composições de Ari Borger e que mostram a essência do álbum, "Blues For Rafa" e "88'Swing".

Festival passou por Fortaleza no começo de outubro FOTO: Divulgação

Os catarinenses dos Headcutters (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Também da Chico Blues Records é o blues acústico da surpreendente banda catarinense The Headcutters. O quarteto de Itajaí acaba de lançar "Shake that Thing", recheado de canções fincadas no blues tradicional, com um ambiente jazzístico predominando em algumas delas, pontuados pela gaita de Joe Marhofer e pelo delicado timbre de guitarra de Ricardo Maca, que ocasionalmente também toca piano.

E o grupo não economizou na ousadia e já partiu para um trabalho autoral de responsabilidade, sendo 9 das 13 faixas compostas pelos quatro integrantes.

Os destaque são as agradáveis "She Don't Want Me", "Valley Flood" e "I Don't Know" e versões carregadas e reverentes de "Nine Below Zero", de Rice Miller, e "Hoodoo Man", de John Lee Curtis Williamson.

Entre as participações especiais estão as de Igor Prado em três faixas, a do gaitista e cantor norte-americano Omar Coleman em "Hoodoo Man" e "Man Like Me" (esta de autoria de Coleman) e do também norte-americano Richard "Rip Lee Pryor", guitarrista gantor e gaitista, na faixa "Nine Below Zero".


 

 

 

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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