Michael Kiske recoloca o Unisonic no primeiro time do metal atual
Marcelo Moreira
O alemão Michael Kiske era um garoto arrogante que achava que nenhum cantor de rock estava justificando o rótulo de "cantor de rock". Nem mesmo os idolatrados Bruce Dickinson (Iron Maiden) e Rob Halford (Judas Priest). Então ele resolveu criar o metal melódico junto com os companheiros do Helloween na improvável Alemanha, em 1987, para mostrar como se era que tinha de ser feito.
O garoto de 18 anos derrubou barreiras e se tornou um mito do subestilo desde então, mesmo após brigar com os amigos e abandonar o Helloween o começo dos anos 90. O genioso músico ficou anos afastado da música, com a bobagem de dizer que odiava heavy metal, para depois se redimir em três discos solo de razoável qualidade e cantar em projetos importantes, como Avantasia e Place Vendome.
Depois que gravou um álbum com a musa americana Amanda Somerville (radicada na Holanda, uma excelente cantora de rock pesado), eis que o antigo camarada Kai Hansen, ex-guitarrista do Helloween e líder do Gamma Ray, o chamou para se unir em uma banda depois de 25 anos de terem tocado juntos.
O Unisonic é a alegria dos que amam melodia e velocidade. O primeiro álbum, de 2012, até que cumpriu sua função, mostrando uma mistura bem equilibrada de de heavy melódico e hard rock, mas o segundo, recém-lançado, é o que define o som do grupo: peso e melodia magistralmente executadas em "Liight of Dawn", com o inconfundível vocal de um dos grandes cantores do nosso tempo.
Kiske tem uma técnica absurda, que impressionou os amantes dos dois volumes de "Keeper of the Seven Keys", do Helloween, e que continua impressionando um quarto de século depois. O cantor alemão não se esforça pra atingir a nota que quer, e esbanja um feeling absurdo, modulando a voz de acordo com o acento necessário de cada música.
"Light of Down", do Unisonic, é uma bênção em uma época em que o metal se tornou apenas peso, ou apenas distorção, ou apenas pancadaria.
A música é valorizada em todas as suas nuances, com um trabalho primoroso de guitarras, e além da produção esmerada de Dennis Ward, músico norte-americano radicado na Alemanha e que se tornou coração do estacionado Pink Cream 69 e que compôs quase todas as faixas de "Light of Dawn".
Por se tratar de um álbum de metal alemão, composto por um americano, temos uma agradável mistura de de Power metal, hard rock e metal melódico, temperada pelos vocais sobrenaturais de Michael Kiske, um gênio em seu ofício.
"Exceptional", "For the Kingdom", "Manhunter" e a dramática "NIght of the Long Knives" são os destaques – com letra livremente baseada nos fatos lamentáveis de 30 de junho de 1934, quando o ditador alemão Adolf Hitler, líder nazista, ordenou o assassinato dos líderes das então SA (tropas de assalto do Partido Nazista) por membros da SS (tropa de elite do partido, que então fazia a segurança do líder). Pra Hitler, o comandante das AS, Ernst Rohm, era um rival em potencial na disputa pelo poder, assim como os milhões de integrantes das SA poderiam se tornar um fator desestabilizador do poder do partido.
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