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Festival Se Rasgum avisa: a próxima revolução virá da Amazônia

Maurício Gaia

10/09/2014 14h30

Por Marcelo Aliche – especial para o Combate Rock

Entre os dias 19 e 23 de agosto aconteceu o 9º Festival Se Rasgum em Belém de Pará. O festival – criado com o objetivo de revelar artistas locais e oferecer ao público a oportunidade de ver nomes conhecidos da cena independente – é hoje uma referência no Norte do país.

Neste 9º ano, o evento conseguiu mais uma vez trazer à superfície o excelente momento musical que vive o Pará, e juntar artistas das mais variadas vertentes para fazer uma programação extensa e curiosa.

Nesses 4 dias, a animação foi crescendo pouco a pouco.

O pontapé inicial foi dado por Camila Honda (PA) que subiu ao palco de um teatro lotado para mostrar seu pop descaradamente nipo-paraense. Dona do palco, das composições, da banda, da arte do disco, do merchandising e do seu nariz, ela abriu a primeira noite do festival com grandeza. Era uma pequena mostra do estaria por vir numa noite que ainda teve as brincadeiras vanguardistas de Antônio Novais (PA) e a poesia nostálgica de Nei Lisboa (RS).

No dia seguinte, em espaço gratuito e ao ar livre, a banda Ultranova (PA) colocou seu Rock Progressivo aos 4 ventos e os garotos do Biltre (RJ) fizeram sua apresentação bem humorada para esquentar a noite. Mas foi o Rock dançante do Camarones Orquestra Guitarrística (RN) e o swing da Orquestra Contemporânea de Olinda (PE) que encantaram mesmo a galera.

E então o Festival começou pra valer. Na sexta e no sábado, o Se Rasgum se instalou num recinto feiral afastado do centro e montou 2 palcos para 10 shows diários. Nessa maratona de apresentações, os grandes destaques ficaram para:

Gangrena Gasosa arrepiando no palco (Foto: Divulgação/Facebook)

Gangrena Gasosa arrepiando no palco (Foto: Divulgação/Facebook)

– o show arrasador da Gangrena Gasosa (RJ) que levou seu Saravá Metal pela primeira vez ao Norte do país e provou que hoje fazem uma das apresentações mais interessantes do rock nacional.

– o grande Félix Robatto (PA), guitarrista e produtor de Gabi Amarantos, que apresentou seus Hits numa noite muito inspirada. A recém lançada "Eu Quero Cerveja" promete bombar nas rádios nos próximos meses.

– o magistral Gerson King Combo (RJ), que veio com uma banda afinadíssima e mostrou porque é o Rei dos Blacks.

– a banda Molho Negro (PA). Um Power Trio que toca com contundência e distorção suas canções Pop muito bem feitas. O Hit "Aparalhagem de Apartamento" – também gravada por Camila Honda – é um caso claro.

– o saudoso Violeta de Outono que convidou o excelente guitarrista paraense Pio Lobato para engrossar ainda mais seu caldo psicodélico. Show previsível mas que ainda funciona muito bem.

– Jaloo: ele tem tudo para desagradar, mas agrada. Teclados com timbres 1.0, ritmos manjados, letras inocentes, mas inexplicavelmente tudo ali encaixa. Talvez porque ele faça tudo absolutamente sozinho.

– o astro Felipe Cordeiro e sua guitarrada do século 21. Acompanhado de seu pai Manuel Cordeiro, um nome de referência na Guitarrada paraense, ele apresentou Hits, canções novas e deslumbrou a plateia.
Quando Arnaldo Antunes subiu ao palco para finalizar a noite, todo mundo queria mais Felipe Cordeiro, que acabou subindo no palco para interpretar "Ela é tarja preta" canção que fizeram juntos.

De resto, Vanguart (MT) foram recebidos como ídolos e Silva também. Os gringos Bass Drum of Death (EUA) agradaram muito e os hermanos do Él Mató A Un Polícia Motorizado (ARG) acabou quase matando boa parte do público de tédio. Houve quem gostou muito.

Em resumo, o que fica é a sensação de um festival muito bem organizado, que conhece seu público e suas limitações orçamentárias mas sabe para onde ir. Festivais como o Se Rasgum deveria servir de inspiração por esse Brasil a fora.

Marcelo Aliche é diretor-artístico do In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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