CBGB, o berço do punk
Noite destas, amigo meu no twitter me avisou que havia um filme sobre o CBGB em um destes serviços de VOD (video on demand) disponíveis no Brasil. Como estava de bobeira, resolvi dar uma conferida e, sim, vale a pena assistir.
Para quem não sabe, CBGB é o nome de um estabelecimento criado no East Village em Nova York em 1973. Como retratado no filme, o lugar era uma verdadeira espelunca, "cheirando a mijo", conforme os depoimentos de frequentadores e funcionários e cujo proprietário, Hilly Kristal, não tinha a menor aptidão para negócios.
Apesar disto, Kristal teve a sacada de abrir o espaço para bandas iniciantes, desde que levassem seus próprios equipamentos e somente trabalhassem com repertório autoral. Ao invés de atrair bandas de country ou bluegrass (o nome do bar era uma sigla para "Country, Bluegrass and Blues), acabou dando espaço para as emergentes bandas punks que surgiam na cidade – que passava por grave crise econômica, com vários outros clubes fechando – na prática, o CBGB passou a ser um dos poucos lugares para estas bandas se apresentarem.

Imagine que a moça à esquerda seja Debbie Harry e que o rapaz sem camisa seja Iggy Pop (Foto: Divulgação)
A relação das bandas que se apresentaram lá ou pela primeira vez ou em início de carreira é formidável: Television, Blondie, Ramones, Talking Heads, Patti Smith, The Dictators, The Cramps, Police, B-52. O negócio que parecia estar fadado ao fracasso não só foi responsável por sustentar a nascente cena punk em Nova York como sobreviveu por trinta e três anos, apresentando 50 mil bandas diferentes ao longo do tempo. O show de encerramento do bar teve mais uma vez Patti Smith, com a presença de Flea (Red Hot Chilli Peppers) e Richard Lloyd (Television) em algumas músicas.
O filme, chamado CBGB, não chega a ser uma obra-prima, mas retrata os fatos da forma o mais próxima possível da realidade e com uma edição rápida, fazendo com que se torne um programa divertido e ligeiro. O trailer do filme você pode ver no video abaixo.
No Brasil
Com o devido atraso, o Brasil também teve duas plataformas significativas para o lançamento de novas bandas, que proporcionou o surgimento da cena dos anos 80. No Rio de Janeiro, havia o Circo Voador, comandado de uma maneira anárquica pelo agitador Perfeito Fortuna.
O circo, montado inicialmente no Arpoador em 1982, tinha uma série de atividades ligadas à diversas expressões de arte. Alguns meses depois, a estrutura foi transferida para a região dos Arcos da Lapa, onde abrigou shows de várias bandas iniciantes, como Blitz, Barão Vermelho, Ira!, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, entre outros.
Em 86, após uma confusa "expedição" ao México, durante a Copa do Mundo, onde seus integrantes perderam verbas de patrocínio, tendo suas atividades canceladas, assim como hospedagem, o circo encerrou suas atividades. Em 2004, o Circo Voador reabriu no mesmo lugar, mas sem o espírito anárquico do inicio.
Em 1983, em São Paulo, uma experiência mais curta, mas igualmente importante ocorreu: criado por Ricardo Lobo, o Napalm durou apenas seis meses, abrindo espaço para punks, pós-punks e new wavers se apresentarem. Fiel ao princípio do "faça você mesmo" e assumindo todos os riscos, a casa deixou sementes que criaram a cena para o rock nos anos 80.
Tanto o Circo Voador como o Napalm foram objetos de documentários. Abaixo, o trailer de A Farra do Circo, dirigido por Roberto Berliner e Pedro Bronz:
Aqui, o documentário, Napalm – O Som da Cidade Industrial, dirigido por Ricardo Alexandre:
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