Scott Henderson, um discreto mestre da guitarra do jazz
Rafael Fernandes – do site Geek Musical
O site Geek Musical iniciou em agosto a série sem periodicidade definida intitulada Guitar Heroes do Underground. A ideia é escrever sobre grandes guitarristas, criativos e inovadores, mas que não fazem parte do mainstream. Não importam idade, nem estilo: apenas sua competência. E, claro, a relativa falta de matérias a respeito – ao menos em comparação aos nomes mais conhecidos. Importante: a intenção aqui não é ditar gostos, muito menos regras. Apenas divulgar mais o trabalho de músicos interessantes.
O primeiro escolhido é o americano Scott Henderson, nascido na Flórida em 1954. Desde os anos 80 ele vem sendo aclamado por músicos e estudantes de guitarra em todo o mundo. Um dos principais motivos de não ser mais conhecido se deve ao seu estilo musical: ele toca um fusion virtuoso. Algo não apenas de nicho, mas que é visto com desdém por boa parte da mídia.
É um guitarrista de fraseado fluente, expressivo e único: consegue fundir como poucos a linguagem do jazz com a do rock e do blues. Portanto, ouvimos não só licks imprevisíveis interagindo com harmonias complexas, mas também velocidade e agressividade. Tudo isso recheado com bends, double stops e todas as artimanhas do blues rock.
Henderson começou a se destacar com a seminal banda de fusion Tribal Tech, que formou em 1984, junto com o baixista Gary Willis. O som, como de praxe no estilo, mistura andamentos e harmonia do jazz com a pegada, linguagem e peso do rock. Embora indigesto para muitos, é prato saboroso para admiradores do estilo. A banda gravou dez discos de estúdio, sendo que o mais recente, X, foi lançado em 2012 e mantém a sonoridade que a consagrou.
Em julho de 2014, através do fórum de discussões de seu site oficial, o guitarrista anunciou o fim do grupo. Entre os motivos, sua dificuldade de trabalhar e realizar turnê com músicos que moram em outros locais: Gary Willis está morando na Espanha, enquanto os outros músicos vivem em diferentes lugares dos EUA. Além disso, diz que está preferindo – artística e financeiramente – trabalhar com um trio (o Tribal Tech foi um quarteto).
A partir de 1994, Scott Henderson resolveu investir também em sua carreira solo. Foram quatro discos de estúdio lançados, num som que, se também é fusion, passeia mais pela linguagem do blues rock. O formato básico é de trio – guitarra, baixo e bateria – com eventuais overdubs e músicos adicionais.
Embora predominantemente instrumentais, os discos têm bons momentos vocais, realizados por músicos convidados. O guitarrista informou em maio de 2014 que estava trabalhando em um álbum inédito de trio, com novos músicos – Alan Hertz (bateria) e Travis Carlton (baixo) – em relação aos anteriores. A expectativa é que seja lançado até o fim de 2014.
Entre outros projetos importantes do guitarrista está o Vital Tech Tones, um power trio nervoso que criou com o baixista Victor Wooten e o baterista Steve Smith. O nome da banda fazia referência aos grupos em que os músicos tocavam: Vital Information (Smith), Tribal Tech e Béla Fleck and The Flecktones (Wooten). Infelizmente, lançaram apenas dois discos, mas que valem muito à pena para os fãs de fusion. A sonoridade fica num meio termo entre o Tribal Tech e os discos solos do guitarrista.
Eu tive duas oportunidades de ver Scott Henderson tocar. Uma, no bar Ao Vivo, em pleno carnaval – o relato pode ser lido neste link, num texto para o Digestivo Cultural. A outra foi no Tom Jazz, em que presenciei uma performance embasbacante de uma cadeira a menos de dois metros do músico. Ainda consegui um autográfo enquanto ele acessava seu email do computador da recepção da casa de shows (!). Ele volta ao Brasil para apresentações na segunda semana de agosto: dia 13 em São Paulo e 16 e 17 em Rio das Ostras.
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