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Intrigas, ressentimentos e oportunismos ridicularizam o pop rock nacional

Combate Rock

11/06/2014 07h00

Marcelo Moreira

O pop rock nacional vai de mal a pior, cada vez menos ouvido e cada vez menso relevante. E eis que duas novas "tretas" surgem na imprensa musical envolvendo artistas importantes e que tinham o que dizer. A mais estapafúrdia traz os ataques gratuitos do cada vez mais "politizado" e direitista Roger Rocha Moreira, líder do decadente Ultraje a Rigor, e o vocalista José Rodrigues "Mao" Júnior, ex-Garotos Podres e atual Satânico Dr. Mao e os Espiões Secretos.

Aparentemente, de forma gratuita, Roger atacou Mao por conta da militância de esquerda deste e decidiu desenterrar alguns fatos do passado, quando supostamente não teria sido pago pela então banda Garotos Podres, nos anos 80, por um trabalho de produção de algumas faixas para serem incluídas em CDs tributos. "Trabalhei de graça e explorado por um músico que se diz proletário e que apoia causas sociais."

Mao por enquanto não respondeu, mas a treta pelo menos serviu para que os integrantes da atual banda Garotos Podres virem a público, finalmente, para dizer que nunca concordaram com as posições e posturas politicas de esquerda do ex-vocalista, apesar de terem tocado juntos por mais de 30 anos. Em entrevista exclusiva ao Programa Combate Rock, Mao deu detalhes da separação do Garotos Podres e revelou as divergências ideológicas profundas dentro do grupo.

A outra treta é bem mais asquerosa. Em entrevista à revista Trip, Rodolfo Abrantes, ex-vocalista dos Raimundos e que virou evangélico quando deixou o grupo, fez vários ataques a sua ex-banda, afirmando que estava "100% equivocado" enquanto participava da "vida antiga" e que está "100% arrependido" em relação às letras que escreveu e cantou. O problema é que ele não se arrepende nenhum pouco de continuar recebendo royalties e direitos autorais pelas mesmas letras que agora renega.

Essa hipocrisia, entretanto, foi rebatida de forma sincera e direta por Digão, guitarrista e vocalista dos Raimundos, em texto publicado em seu perfil no Facebook, que vem a seguir:

Que pena que a base de sua vida seja a hipocrisia… 
"100% arrependido" mas usufruindo 100% da sua parte dos direitos autorais e que não é uma "merreca" que ele gosta de falar para os desinformados… Se ele pode se dar ao luxo de sair de casa pra "trabalhar" e não receber nada, quem banca isso!? O Raimundos é claro, a sua eterna previdência privada, assim como o chamariz de seus testemunhos "Eterno EX-RAIMUNDOS".

Sem contar o fato dele não ter respeitado os nossos direitos quando saiu da banda, o que me cansa é essa insistência em associar o Raimundos as coisas ruins e o seu uso de pó e outras drogas pesadas em sua vida! Amparado pela verdade e Deus é minha testemunha, isso foi FORA do Raimundos com as "nega" dele! Muito me admirei quando vi suas declarações, pois nunca tinha visto isso dentro da banda!

Dizer que estava com "Câncer" e se curou na fé é no mínimo CHARLATANISMO, pois ele nunca fez um exame para provar tal enfermidade, mas alegou que "se conhecia"… Se pelo menos fosse formado em medicina mas nem o 2º Grau terminou… 

Eu, nesses 13 anos, reconstrui minha vida honestamente, com muito suor e amigos de verdade! Não o fiz desmerecendo o trabalho dele como ele tem feito até hoje com o nosso… Infelizmente tive que interromper um pouquinho a nossa bela e gloriosa escalada pra deixar essa história em pratos limpos… Espero que o verdadeiro Deus possa tocar o coração dele e abrir seus olhos, não pra voltar pro Raimundos, mas pra ser uma pessoa do bem de verdade.

A lamentável entrevista de Rodolfo e os arroubos conservadores de Roger, para não falar das diatribes e erupções ressentidas de Lobão em sua coluna na revista Veja, evidenciam o que o Combate Rock defende desde o ano passado: o pop rock nacional morreu, está enterrado e sem cérebros para que possa ao menos reconquistar um farelinho de relevância política e intelectual que já teve, seja para tentar ressurgir, ou para se tornar uma alternativa aceitável para uma juventude perdida e alienada que deixou de acreditar na música como elemento cultural importante.

Resumindo, o pop rock brasileiro, ainda dominado por seres dos anos 80 que pouco ou nada acrescentam em 2014, está sendo movido a ressentimentos, oportunismos, hipocrisias e total falta de criatividade, para não falar dos nojentos discursos políticos conservadores e religiosos medievais da pior espécie. Não há futuro para o rock brasileiro.

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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