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Morto há 30 anos, Marvin Gaye deixou o maior legado da soul music

Combate Rock

04/04/2014 06h59

Marcelo Moreira

Não seria exagero dizer que os integrantes da santa trindade da soul music eram transtornados, fato que que influenciou na produção de algumas das mais importantes músicas pop de todos os tempos, enraizadas de forma total e magistral na cultura negra. Por uma coincidência, todos tiveram morte violenta, ainda jovens e no auge de seu talento.

Sam Cooke foi assassinado em 1964 pela dona de um motel de beira de estrada, após constatar que a amante tinha sumido. Perfeccionista e por vezes um pouco irascível, Otis Redding morreu em um acidente aéreo em dezembro de 1967, um mês antes de se tornar um astro internacional. Marvin Gaye, talvez o melhor cantor dos três, foi assassinado em casa pelo próprio pai em 1984, com a arma a qual o havia presenteado.

Em eterna luta contra as drogas, Gaye protagonizou um dos maiores momentos da música pop ao lançar "What's Goimg On", em 1971, após meses de disputa com a gravadora Motown. O álbum figura em qualquer lista de melhores de todos os tempos. Dez anos depois, após várias recaídas bravas na cocaína e no álcool, reergueu-se de forma espetacular ao lançar o megahit "Sexual Healing", resgatando-o da sarjeta e transformando-o novamente em astro.

Marvin Gaye desapareceu há 30 anos sem conseguir domar os seus transtornos e completamente dominado pelos fantasmas interiores, tendo como pano de fundo a conflituosa relação com o pai, um pastor evangélico que deplorava a opção do filho pela música pop, que ele considerava pecaminosa e indigna.

Quase toda a sua obra é marcada pelas dificuldades de relacionamento familiares e com esposas e namoradas. Um pano de fundo tremendo para algumas das mais belas canções já escritas no soul e no rock, que podem ser ouvidas em uma excelente coletânea recém-lançada nos Estados Unidos, "A Soul Legend", que chega em breve ao mercado brasileiro.

Com rara felicidade, a obra reúne o que de mais produtivo e relevante o rei da soul music" gravou, inclusive em gravações excelentes ao vivo, e em várias fases da carreira. "Let's Get It On", uma das pérolas do repertório, traz a energia contagiante do grande performer que o cantor era, assim como um extraordinário líder de banda. "I Heard It Through The Grapevine", por sua vez, é a redenção de um artista ainda assolado pelos pelos problemas familiares, mas totalmente conectado com a realidade em que vivia. A versão do Creedence Clearwater Revival ganhou o mundo, mas é a de Gaye a gravação e interpretação definitivas.

mar

01 – That Stubborn Kinda' Fellow
02 – Sandman
03 – The Masquerade Is Over
04 – My Funny Valentine
05 – Witchcraft
06 – Easy Living
07 – How Deep Is The Ocean
08 – Love For Sale
09 – Always
10 – How High The Moon
11 – Let Your Conscience Be Your Guide
12 – Never Let You Go
13 – You Don't Know What Love Is
14 – Got To Get My Hands On Some Lovin'
15 – Hello There Angel
16 – Hitch Hike
17 – I'm Yours You're Mine
18 – It Hurts Me Too
19 – Pride And Joy
20 – Soldier's Please
21 – Taking My Time
22 – Whatever I Lay My Hat
23 – Got To Give It Up (Live In Miami – 1981)
24 – After The Dance (Live In Miami – 1981)
25 – Come Get To This (Live In Miami – 1981)
26 – Let's Get It On (Live In Miami – 1981)
27 – After The Dance (Interlude) (Live In Miami – 1981)
28 – If This World Were Mine (Live In Miami – 1981)
29 – Ain't No Mountain High Enough (Live In Miami – 1981)
30 – How Sweet It Is (To Be Loved By You) (Live In Miami – 1981)
31 – I Want You (Live In Miami – 1981)
32 – Inner City Blues (Live In Miami – 1981)
33 – Sexual Healing (American Tour Live)
34 – What's Going On (American Tour Live)
35 – I Heard It Through The Grapevine (American Tour Live)
36 – Distant Lover (American Tour Live)
37 – God Is Love (American Tour Live)
38 – Rockin' After Midnight (American Tour Live)
39 – Joy (American Tour Live)

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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