Paco de Lucia, o mestre do impossível no violão
Marcelo Moreira
O operador de câmera até que tenta. Uma. duas. Três vezes. Até que desiste. Prefere deixar a câmera estática para enquadrar o violonista por inteiro. Era impossível acompanhar os dedos do músico pelos braços do violão, tamanha a velocidade da execução de Paco de Lucia, um dos maiores gigantes da música do século XX. O concerto, filmado em Madri nos anos 80, capital da Espanha, foi um dos pontos altos da carreira do gênio.
Sua capacidade extrema para extrair sons impossíveis lhe valeu a admiração de guitarristas de todos os gêneros, em especial os do rock. é impossível não perceber nas execuções de gente como Yngwie Malmsteen e Ritchie Blackmore alguma influência do mestre espanhol do violão, que era referência na música flamenca, no jazz e na música erudita.
Francisco Gustavo Sánchez Gomes era seu nome verdadeiro. Morreu na quinta-feira, no México, vítima de ataque cardíaco, aos 66 anos. Segundo testemunhas, ele caminhava na praia com os filhos quando começou a se sentir mal.
Entre os brasileiros, dois músicos sempre revelaram a admiração e a influência de Paco de Lucia: são os violonistas "monstros" Raphael Rabello (que morreu em 1995) e Yamandú Costa, estrela gaúcha que atualmente excursiona pelo Brasil e pela Europa. No exterior, muita gente boa também como mestre, como John Petrucci (Dream Theater), Steve Morse (Deep Purple) e até o falecido Frank Zappa.
Uma das mais bonitas homenagens foi feita pelo brasileiro Kiko Loureiro (Angra), que escreveu o seguinte em sua página no Facebook: "Quando eu tinha 10 anos de idade antes até de começar a tocar guitarra, meu pai me trouxe um vinil duplo chamado 'A Arte de Paco de Lucia'. Deste dia em diante Paco faz parte da minha vida. Inspiração, influencia e conforto em ouvir sua música que carrega uma intensidade e paixão raríssima de encontrar. Paco sempre vivo. RIP".
Um dos pontos altos da carreira do violonista foi a série de shows que realizou nos Estados Unidos em 1980 ao lado de outros mestres – 0 norte-americano Al DiMeola e o inglês John McLaughlin. Um dos shows acabou virando o álbum "Friday Night in San Francisco", lançado no ano seguinte, contendo uma versão maravilhosa da obra-prima "Frevo Rasgado", do brasileiro Egberto Gismonti.
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